Contra Capa- Serviço Púbico.

Quem educa quem?

É frequente em "conversas de pais" surgirem queixas angustiadas sobre a confrangedora falta de qualidade dos programas televisivos e da influência negativa que estes podem ter na educação das crianças. É verdade que, entre as dezenas de canais a que temos acesso, se assiste cada vez mais ao preenchimento de grelhas com programas que são, além puro lixo, pouco recomendáveis ao público infantil, quer pelo horário a que são exibidos quer pelo conteúdo, mesmo em horário próprio. Pior ainda, muitos deles destinados exactamente a este público. Falo por exemplo de conteúdos violentos, violência física e psicológica (mesmo alguns desenhos animados), do apelo ao consumismo de toda a espécie de produtos (inclusive alimentares) inúteis porém bastante apelativos ao olhos de uma criança. Entre outros.
Temos noção de que o quotidiano urbano e a natural curiosidade infantil, favorece a permanência dos miúdos longas horas em frente ao televisor; aceitado este facto como inevitável e não querendo aqui alongar a questão pelas alternativas, parece-me que por vezes nos esquecemos, por distracção ou comodidade que a televisão não tem que ser só um entretenimento fácil e empobrecedor, mas pode ter também um papel facilitador na educação e no conhecimento. A qualidade do que é transmitido não é controlável (é outra discussão), mas o que chega aos nossos filhos está à distância de um controle remoto e do juízo de cada um.
Enquanto educadores, tal como escolhemos a escola que frequentam, os livros que lêm, os filmes que vêm, cabe a nós fazer a triagem do que entendemos que pode aliar divertimento e/ou educação, não porque haja assuntos tabú, mas porque determinados temas, ou imagens, ou formas de abordagem, são assimilados sem espírito crítico.
A televisão é, na minha opinião, um prestimoso veículo de transmissão de informação e lazer, quando usado com critério. Pela qualidade da maioria dos programas, de facto, pouco podemos fazer, mas a escolha está ao nosso alcance.