Miguel Sousa Tavares no Expresso de hoje:


Fez dois anos que José Sócrates foi eleito para governar Portugal. Ele, sobretudo, mais do que o Partido Socialista. Quando chegou ao poder, herdou um país à deriva, em termos governativos, mas um excelente ponto de partida, em termos políticos: era difícil não ser bem recebido ou fazer pior, depois de Durão Barroso e de Santana Lopes.

(...) Desde o início que Sócrates soube transmitir a ideia de que tinha vindo para, de facto, governar. Que estava preparado, conhecia os assuntos, tinha as pessoas escolhidas e tinha a coragem e a determinação para não dispersar uma maioria absoluta que recebera, justamente, para secar o ‘pântano’. Quando Cavaco Silva, na sua mensagem de Ano Novo de 2007, pediu “resultados”, ele sabia que estava a exigir o mesmo que todos os que confiaram em José Sócrates e que esperavam, finalmente, começar a ver as coisas a mudar. Talvez a exigência de Cavaco peque por ser prematura e destinada à pessoa errada: Cavaco tem de saber que não há milagres e que é difícil exigir em dois anos resultados que contrariem mais de uma década de governos à toa, sobretudo quando se parte de uma posição de 6,5% de défice e 0% de crescimento económico. E sabe também que o país não tem saída se, pela tremenda força paralisante das corporações e da mentalidade instaladas, não for possível quebrar os impasses e a inércia. Ora, essas coisas são difíceis de vencer (as tais ‘forças de bloqueio’) e, depois de vencidas, demora tempo até se verem os resultados. Tivesse Cavaco, no seu tempo e tal como apregoou, reformado a Educação, a Saúde, a Segurança Social, a Administração Pública e a Justiça, e hoje não estaríamos aqui todos desesperados por resultados e, acima de tudo, por mudanças de paradigmas de comportamento.

Concordo. A grande força de Sócrates é saber bem, ele e nós, que por muito que algumas decisões nos custem e a avaliar pelos exemplo que a oposição nos dá, ao que estaríamos sujeitos caso o governo mudasse de líder. É que lideres há poucos, pessoas com coragem para implementar medidas antipopulares também e gente que transmita na perfeição que sabe para onde vai ainda mais. E que quem vota, apesar de tudo, prefere ser governado por alguém que saiba o que quer.

Como diz MST mais à frente, "no essencial, dois anos passados, a minha conclusão é um misto de aprovação e de resignação: não vejo como seria possível fazer melhor, e quem conseguiria fazê-lo".

pois é, pensa o MST, e a maioria dos portugueses...

Comentários

Anónimo disse…
Idem aspas, aspas.
Anónimo disse…
hummmmm, "cheira-me" que não, Cara Cristina !!!

Tenha as minhas dúvidas, se haverá muitos portugueses a pensarem em concordância com MST ...
(embora as sondagens ... pois, já sei... !)

Vejo muito "show-off", muita "cosmética", mas resultados práticos .... os de sempre, isto é, a vida difícil (cada vez mais) sempre para os mesmos.

O desemprego teima em manter-se a níveis elevados, as Finanças a "sugar" cada vez mais, onde pode e onde não deve ..., na saúde, é uma calamidade, a política assassina para os mais desfavorecidos, deste Ministro Correia de Campos, ... a criação de novas unidades produtivas, népia (!!).
Até já me soou que a Auto-Europa pode vir a fechar, após a produção deste novo modelo cabriolé.

Por outro lado, começam-se a saber casos como o do administrador da Refer, que saíu da empresa (REFER) com duzentos e tal mil euros de indemnização, e a seguir foi trabalhar para uma empresa do grupo, como consultor a ganhar 6000 euros, por mês.

Náhhhhh, Cristina .... mais do mesmo, na minha humilde opinião.

Bom Sábado.
Anónimo disse…
é por estas e por outras...

um dia destes vem a casa abaixo e então já toda a gente, afinal, tinha percebido o que valia a "coragem" das medidas anti-populares.

Voltarão a jurar que nunca mais se deixarão manipular, etc, etc... o costume.

Bjos
Cristina disse…
sofia

ele vai ganhar as próximas eleições, acho eu. apesar das medidas não populares. por isso, porque as pessoas lhe reconhecem determinação e não o relacionam com "esquemas" e jogos de interesses. tem e faz passar bem a imagem de pessoa séria. no fundo, como Cavaco.

estas políticas de saúde eram inevitáveis...fruto de decadas de politica eleitoralista e irresponsável de prolifaração de urgencias em qualquer esquina, que não têm por onde se lhe pegue quando se começam a fazer vistorias. ha um plano de passagem de varias urgencias a urgencias básicas e de abertura de outras que tem sido muitissimo mal explicado.

veja o pros e contras na segunda, espero que lá esteja alguem que informe melhor as pessoas do que se está a passar.

beijinhos
Cristina disse…
batuta

mais tarde ou mais cedo havia de acontecer, não é? já sabemos disso..:)

beijinhos (já estás bom?)
Anónimo disse…
Cris,

Estou quase bom. Mais uma semanita e já nem me lembro.

Muitos beijos
Anónimo disse…
Cristina, leia esta história, por favor:

"Uma mulher conduzia o automóvel na A5 quando recebe um telefonema do marido:

- Querida, tem cuidado! Ouvi agora nas notícias que anda uma maluca em sentido contrário na auto-estrada.

- Uma!!??????? São às centenas! "
---------------------------------

Esta história vem a propósito, das decisões de Correia de Campo de fecho de unidades de saúde por esse país fora.

Não acha que já são protestos a mais ?
Somos nós que andamos às centenas em sentido contrário, e o Sr. Ministro CC (não confundir com CONTRACAPA, .. salve seja !) é que anda na direcção certa ???

Será estúpido, o povo português ?
Não saberá o povo quais são as suas reais necessidades ?

Esta coisa de gerir serviços públicos (saúde e/ou outros) com estatísticas, relatórios e quejandos, numa lógica puramente economicista, de cortes orçamentais e de "aperto de cinto" (para alguns, obviamente), sem ouvir (no terreno) as populações é complicado.

Vamos lá com calma !!! .... Senão eu sugiro que se matem os doentes, e que apenas fiquem os saudáveis. Ainda fica "barato" !!! Estou a ironizar ...

Mal comparada esta política de saúde, faz-me lembrar o encerramento das linhas ferroviárias da CP, no Portugal Profundo, porque não dão lucro !!!

E as pessoas ?
A dimensão social do Serviço Público que o Estado é constitucionalmente obrigado a prestar ?

Quanto à inevitabilidade desta política de saúde, fruto de política eleitoralista e irresponsável, concordo Cristina, mais na segunda parte.

É que Portugal tem sido gerido pelo compadrio, pelo oportunismo, pela desonestidade, pelo partidarite, pela incompetência, desde a infância da nossa amada Democracia.

Aqueles Ideais de Abril de Justiça, Igualdade de Oportunidades, Progresso, Democracia deixaram de fazer parte do Menu dos nossos Políticos.

A política tornou-se UMA COISA PORCA !!!

Na saúde, na educação, na justiça, etc. em tudo, na Adminsitração Pública, .... temos assistido a inúmeras situações, de pessoas idóneas e competentes serem retiradas das funções que desempenham para serem colocados (por sinal, muitas vezes inexperientes e incompetentes), os afilhados, os do partido, as trocas de favores, numa palavra:

- O TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS.

É esse tráfico de influências que tem destruído Portugal.

Veja-se a dança de gestores e administradores públicos, há décadas, saltam da saúde para a energia, da energia para os transportes, sempre os mesmos, enram na AR, saiem da AR, para um qq Conselho de Administração de Empresa ou Instituto Público.

Estes senhores gestores "percebem" de tudo e "mais que fôsse" ... !!!

E onde é que estão assacadas as devidas responsabilidade, e concomitantamente, as devidas sanções, aos erros de gestão pública, que duram, persistindo há décadas ???

A estes senhores que ganharam e ganham ... PRINCIPESCAMENTE ... como GESTORES PÚBLICOS ???

Então andamos há anos e anos, com erros no sistema das urgências hospitalares, e ainda ninguém tinha dado por isso ???

O quê que os gestores públicos têm andado a fazer, além de ganharem pipas de dinheiro, e passearem-se em topos de gama, pagos pelo contribuinte ???

Ainda se Portugal fosse geograficamente um grande país, agora uma "quintarola" destas, ... dá tanta "trabalhêra", ainda por cima só para fazerem disparates ???

Desculpe se coloquei a boca no trombone, em demasia ....

um beijão (BOM DOMINGO)
Cristina disse…
Sofia

é claro que andavamos há anos a compactuar com esta indecência...nunca alguém teve coragem para iniciar o caminho inverso....como bem diz, portugal é uma quintarola, do que nós precisamos é que os acessos e o transporte de doentes seja eficaz para hospitais a sério. não para tascas. aliás nós bem vemos o que acontece quando o doente anda de transferencia em transferencia até um hospital que de facto possa fazer alguma coisa por ele....portanto, o que estavam lá a fazer as "paragens intermédias"???? com gente a gastar balurdios? são dois problemas: de saúde e de dinheiro. isto forçosamente tinha que acabar.

a informação está a ser muito mal passada nesta área.

beijinho

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