entretanto, uma no cravo outra na ferradura. é extraordinário


mas parece que o ministério da saúde voltou à carga com a ideia lastimável de passar a disponibilizar os medicamentos para a SIDA fora das farmácias hospitalares. Sinceramente não entendo, nunca entendi, os fundamentos desta obstinação. Significa algo simples e preocupante: o desconhecimento completo dos motivos pelos quais o tratamento é, e deve ser, fornecido pelos hospitais. Mais uma vez, a SIDA não é uma doença qualquer, é uma doença que requer seguimento apertado, não só dos doentes cumpridores mas também, quantas vezes mais importante, dos não cumpridores. E a realidade neste momento é esta: os médicos que fazem consulta de infecto nos hospitais têm uma monitorização do tratamento, doente a doente. Quer isto dizer que, sempre que alguém deixa de levantar os medicamentos, o médico é avisado de que "aquela pessoa" interrompeu a terapêutica. Sempre que há efeitos secundários importantes, clínicos ou laboratoriais, o farmacêutico facilmente contacta o médico prescritor e o informa da complicação de modo a que ambos possam substituir a medicação em causa. Sempre que há alguma intercorrência com algum doente, é muitas vezes o farmacêutico o primeiro profissional a ser consultado e este em conjunto com o médico podem tomar as medidas que entenderam oportunas. Quer isto dizer que em ambiente hospitalar em que os profissionais se conhecem e conhecem bem os seus doentes, é muito mais fácil fazer este trabalho absolutamente essencial para que as terapêuticas sejam cumpridas. Quer isto dizer também que, se a disponibilização da medicação sair da alçada do hospital, os doentes ficarão não só muito mais desprotegidos, como os não cumpridores serão muito mais dificilmente identificáveis e serão, logicamente, muito menos controlados. Ao contrario do que se possa pensar, esta medida aparentemente facilitadora, não augura nada de positivo no já desastroso panorama da SIDA em Portugal.

Comentários

Lola disse…
Triste ideia esta.
Já é tão difícil manter a vigilancia destes doentes, sempre difíceis, sempre complicados...

Não dá para entender
Anónimo disse…
Cá temos o governo a "sacudir a água do capote" e a não assumir o que deve assumir.
Cuidado com estas leviandades.
Podem sair muito caras a quem precise deste tipo de cuidados.

Mas ... o que vejo lá longe?
Parece-me o logotipo do INFARMED...
Anónimo disse…
o que tu queres sei eu

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