os 125 anos de ‘caneta do amor’, como lhe chamava Sarah Bernhardt

O Baton surgiu em 1883, apresentado na Exposição Universal de Amesterdão e feito a partir de gordura de veado embrulhado num delicado papiro de seda.
Para comemorar a data, as Galerias Lafayette de Berlim organizaram uma exposição com mais de 100 exemplares, propriedade do maquilhador René Koch.
O Baton, o incontornável “lipstick”, é uma invenção recente na secular arte da maquilhagem mas, sabe-se, pigmentos vermelhos já eram aplicados nos lábios desde 5000 a.C.. Inclusivamente, potes de óxido de ferro vermelho eram encontrados no interior dos túmulos antigos sumerianos e egípcios.
Assim, acentuar o vermelho dos lábios é um dos hábitos mais antigos na história da vaidade feminina. O Baton, e na verdade a vaidade feminina, são quase tão antigos como a existência da humanidade. A diferença, é que não era conhecido com este rótulo, e recorria-se ao uso do mesmo através de formas arcaicas e de plantas totalmente naturais, confeccionadas pela via de métodos caseiros.
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Do Botique da boca
Para enfeitar a boca em busca da sensualidade, as mulheres do Mundo Antigo recorriam às alternativas naturais. No Egito as moças usavam "púrpura de Tyr", enquanto as gregas aplicavam uma raiz vermelha chamada "polderos" com cerato de mel para dar um aspecto mais saudável e húmido aos lábios.
Na antiga Babilónia já nascia a lucrativa indústria da beleza com as mulheres vanguardistas e modernas pintavam o rosto de vermelho e branco.
Fascinadas pelo poder de sedução da maquilhagem ou já atentas ao potencial do mercado dos produtos embelezadores, sempre existiram pessoas dedicadas aos estudos dos cosméticos. No século XIII, um monge de Piza descobriu o carmim de Cochinella, pigmento vermelho insolúvel em água.
Rhocopis, um perfumista francês, foi o responsável pela revolução que definitivamente trouxe o baton para a vida das mulheres deste século. Seu invento, o "bàton serviteur", era uma massa composta de talco, óleo de amêndoas, essências de bergamota e limão, de cor vermelha, cuja textura se devia ao acréscimo de gordura de cervo.
Envolvido em papel de seda, o pequeno instrumento conquistou rapidamente as mulheres mais eminentes do mundo do espectáculo. Mas devido ao preconceito contra as actrizes, as donas de casa somente sucumbiram ao encanto do baton durante a Primeira Guerra Mundial.

O baton viveu várias épocas, passou por diferentes conceitos e incontáveis modismos. Os batons das décadas de 30 e 40, eram pálidos e translúcidos. Somente sob a luz, podia-se perceber um brilho rosado, quase incolor.
Houve nos anos 40 e 50 um baton sombrio de um forte vermelho quase negro.
Para a satisfação das morenas, o tom realçava suas peles queimadas do sol.
Actualmente o baton é um indispensável suplemento e está na boca de praticamente todas as mulheres. Mas o real significado da palavra "baton" é ignorado pela grande maioria. O "bàton serviteur" em francês é nada menos que bastão servidor. "Um cilindro que serve para embelezar os lábios", explica.
O formato dos batons também passou por processos de modernização e practicidade. No segundo ano da Primeira Guerra Mundial, apareceu nos Estados Unidos um derivado do "serviteur": um colorante labial em tubinho metálico. Sua difusão na América do norte foi rapidíssima.
Em 1921, o tubinho era, nas páginas da revista Vogue, tema de uma elegante publicidade dirigida a "todas as mulheres de classe, que deviam saber usar apropriadamente o baton".
A fórmula sólida do baton teve início na década de 30. Mesmo assim a receita básica não sofreu radicais mudanças. Ela é até hoje uma dispersão de cores numa base gordurosa, permitindo a fácil aplicação de uma camada uniforme.
Com as novas técnicas, o baton não apenas dá cor como também protege a pele delicada dos lábios contra o frio, vento e sol.

Mas o que é que tem esse cosmético que fascinou as mulheres no decorrer de milhares de anos? Além de ser facilmente aplicado e causar impacto, o baton é muito associado ao estímulo da feminilidade, como se fosse colocada num tubo, acondicionada e codificada em cores.
O lábio rosado sinaliza juventude e sensualidade. À medida que as mulheres envelhecem, a tendência dos lábios é ficarem mais finos e perderem um pouco a cor. O baton pode ser compreendido como uma tentativa de se parecer jovem e sensual. Ao deslizar suavemente sobre os lábios de uma mulher, ele pode deixá-la mais alegre, sensual, romântica ou apenas dar uma cor saudável ao rosto. E mais: hoje em dia, um bom baton dá à boca muito mais do que cor e brilho. É considerado o item de maquilhagem que nunca sai de moda e que valoriza a mulher mas, além disso, hidrata, protege e forma uma camada protectora nos lábios contra temperaturas extremas e alergias provocadas por partículas presentes no ar ou nas mãos.
Dicas de uso:
Os batons ultrafixantes são os mais indicados para o dia, pois proporcionam uma textura mais natural. À noite prefira o gloss, para dar um aspecto mais sofisticado, muito indicado para quem tem lábios finos.

Comentários

Unknown disse…
Epá... porque é que os objectos colocados à frente da senhora têm um aspecto fálico?

Supostamente estamos na Páscoa, e supostamente não se come carne...
Pêndulo disse…
Desi, são batons com pilhas...

(posso dizer coisas destas na Páscoa?)
Anónimo disse…
Excelente interpretação de Creep.
Lola disse…
Cristina,

Concordo com o desinformador.

Mas tudo (ou quase) são objectos fálicos. Eu acho é que eles não pensam noutra coisa.

Mas e agora falar dos Batons fica esquisito.



Beijos
Unknown disse…
Caríssima Lola,

nós pensamos em muito mais coisas... tipo a que horas está o jantar pronto, ou será que o Glorioso ganha hoje, ou a minha cunhada está cada vez melhor... o que no meu caso é complicado, porque não tenho irmãos! ;)
Lola disse…
Desinformador,

Eu acho que tu estás a disfarçar, porque o jantar já deve estar garantido, o Glorioso ganha sempre e afinal tu não tens cunhada, portanto...:)))
Unknown disse…
lola,

lol, guilty as charged! :P
Anónimo disse…
A história do baton é muito interessante e muitas das coisas aqui ditas eu desconhecia.

Algum tempo fui confrontada com uma nova técnica de analise de personalidade feita por brasileiras e essa análise era feita através do baton.
Imagine a Cristina mostrava os seus batons e a maneira como os utiliza deixa marcas no formato e é através desse formato que elas interpretam a personalidade e carácter da dona do baton.
Garanto-lhe muitas gargalhadas com este tipo de "avaliação de personalidade"
jpt disse…
ora aqui está um post de relevo (directo para o arquivo)

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