os sentimentos também se aprendem

Não passa pela cabeça de ninguém não condenar os atentados de Londres. Que são acções condenáveis e bárbaras, onde morreram muitas pessoas inocentes também ninguém põe em questão. Mas não é o facto de haver morte que me impressiona, é o ódio. São as manifestações de ódio e raiva quer de quem ataca como de quem condena.
Porque vendo a coisa friamente, e pegando nas imagens recentemente divulgadas pela TV, a morte diária de centenas, milhares de crianças à fome não é menos violenta nem menos chocante.
Se fossemos coerentes nos nossos ódios teriamos que odiar muito mais quem permite que isso aconteça, e é muita gente.
Sempre tentei em toda a minha vida não me deixar dominar pelo ódio e pelo medo,dois sentimentos que abomino porque sempre os considerei consumptivos e limitantes. Se este é um trabalho moroso, difícil e de disciplina, o resultado é um bom suporte para a nossa sanidade mental e para a nossa capacidade de construir um mundo melhor.
Os ingleses reagiram com calma e serenidade , nada de histerias, nem gritos de guerra e não é porque lhes está nos genes, é uma questão cultural. Aprenderam a ser assim, porque apesar das diferenças de personalidade que felizmente todos temos, é possível condicionar o nosso comportamento. É possível enfrentar as horas difíceis de modo construtivo, colocar os respectivos pensos nas feridas e pensar no caminho a seguir. E se conseguirmos continuar a sentir o cheiro das flores, esse caminho será infinitamente mais fácil.

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