solidão


Há coisas que me incomodam.
Incomoda-me a solidão, a tristeza, a desilusão, a desistência, o desprezo, a ingratidão.
Há-de haver poucas sensações mais tristes que o abandono.
Há-de haver poucas sensações mais humilhantes que a de ouvir um filho dizer -vá para onde quiser! Eu não vou deixar o meu emprego para tomar conta de si! Não há clínicas de rectaguarda?? Mandem-no para lá! Eu pago impostos, o Estado que tome conta dele!!
Há coisa mais triste que ver um rosto envelhecido pelo tempo e pela dureza da vida baixar o olhar, envergonhado e dizer -o que eu passei para o criar, eu não merecia isto.

Comentários

deixaste-me triste!!!... já não quero envelhecer!!.. e nunca mais volto para ver a tua foto!!
ah!!.... deixei a resposta ao teu comentário na minha espécie de blog
Poor disse…
e a realidade dos lares também é de uma tristeza...
Anónimo disse…
:(

ja tava achuver para estes lados...

agora fiquei ainda mais triste!...
e pior, é que fui fazer visita a um lar aqui perto, há uns anos, e ouvi cada historia...

doi tanto, quando ainda por cima os hospitais enchem no natal, ano novo, carnaval e afins!
Cristina disse…
resqui
não tenhas medo de envelhecer, desde que consigas ensinar alguém de que forma de dá amor.
Cristina disse…
amie
a maioria das vezes sim, embora já se tenha entrado numa nova filosofia de lar/condomínio, em que as pessoas podem viver com dignidade e com a vantagem de estar acompanhadas (o problema é que as reformas minimas não dão para isso)
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guevarra
estamos no Verão.
algumas familias largam os doentes e 'fogem' para que não se lhes peça contactos.é deprimente.
Anónimo disse…
É muito duro. Acredito que se sinta mal ao ouvir isso.Quem não sente. Eu,que já me vou aproximando da idade do"abandono" pergunto-me como vai ser? Mas reconheço que a vida, a sociedade na sua estrutura actual não dá muitas saídas. Pensemos na hipótese do filho ter apenas (e são muitos) o seu emprego como forma de ganhar a vida. Se deixa o emprego também não pode estar (nem sustentar) os pais. É preocupante, mas é uma realidade.
João Norte
intro.vertido. weblog.com.pt
Anónimo disse…
triste ouvir isso, e o abondono é uma das sensações mais esmagadoras que existem... porque ela significa ausencia total de amor e de compreensão. enquanto os avlores materiais imperarem tudo iso levará a esse sindroma de deixar o velho para alí num desses lares.

há tanta gente, que em tempos de férias abandonam os animais, somente porque estes não podem ir... o mundo está virado ao contrário, o verdadeiro sentido das coisas já não existe, e se existe alguém que seja o contrário disso tudo, é considerada inferior, não merecedora respeito... enfim, não sei onde ficamos??? :-(((((((

um beijinho
VdeAlmeida disse…
Pois não. Já escrevi mais que uma vez sobre isso. Geralmente, fala-se do que passam as crianças (e muito bem), mas os velhos são permanentemente esquecidos como se fossem trapos velhos.
Parecem que cumprem uma função, e depois dela cumprida, parecem fantasmas invisíveis pelos quais passamos sem notar que existem sequer
Cristina disse…
João
claro que pais em situação de 'alguma' dependência podem ser um transtorno para a vida profissional e familiar, não ponho isso em causa.(já nem falo da dependencia total)
o que aqui me deixou triste foi a violência o desprezo com que foi dito e provavelmente sentido. há familias que tentam arranjar e conseguem soluções muito confortáveis para os velhotes, mas neste a rejeição foi total.
nem posso dizer que foi uma surpresa porque já ouvi centenas (sim) de discursos destes. mas não deixa de ser chocante.
Cristina disse…
pérola
há tanta gente que em tempo de férias abandona os velhos... tendo o cuidado de dar moradas e nºs de telefone que simplesmente não existem :(
wind disse…
É de facto terrível e injusto. Sabemos lá o que os pais passaram para criar os filhos. beijos
Cristina disse…
yardbird
exatamente. raramente se vêm reportagens ou discussões sobre isso. e não é só o abandono, também há maus tratos, não nos esqueçamos.
um beijo
Anónimo disse…
É realmente uma situação muito triste e injusta.
Anónimo disse…
Já basta a situação ser difícil e complicada, e ser triste a falta de soluções... agora dizer ao pai "vá para onde quiser..." é pura pulhice, e estou a usar um eufemismo.
Há cada um!
Cristina disse…
mario
é revoltante, mas infelzmente não é caso único.
beijos
Anónimo disse…
é muito triste isso que contas. mesmo muito. e não é a ida para o lar em si. ás vezes pode ser a única ou a melhor opção para garantir melhor apoio clínico, tratamentos, etc. O que é triste é o abandono, a brutalidade, a não paciência, em resumo a falta de amor por aqueles que afinal são a origem de nós próprios...
Miguel disse…
È um problema dos tempos modernos!
Mas é muito triste e avassalador!
Talvez sirva de Lição para muitos de nós!

Bjs da Matilde
Cristina disse…
casta
não,não é isso que está em causa, há soluções bem agradáveis muito melhores que estarem em casa sozinhos.
é o desinteresse, o abandono.
só mais um episódio:
uma vez o hospital tratou do transporte de um velhote para casa do filho onde ele já vivia antes e este enviou-o de volta com um bilhete assinado, dizendo que já não recebia o pai.
Cristina disse…
miguel
não me parece, tem tendência a piorar. belo futuro...
Anónimo disse…
Um tema que dava (deu) uma boa discussão.
Agradeço à RIQUITA ter-me respondido. Deixei o meu nome e o meu blogue de propósito. Também não foi inocentemente que provoquei mais discussão. É um assunto,na sociedade de hoje, que tem de ser encarado de frente. Concordo que NADA justifica a resposta ouvida, ela não representa só falta de meios, representa falta de sensibilidade.
Parabéns RIQUITA.
João Norte
Deixo o nome porque como bloger o comentário não entra.
Cristina disse…
João
obrigada eu por voltares, queria visitar o teu blog mas não consigo entrar :(
No meu espécie de blog podes entrar, que já te respondi..

achas-me o Shrek???
jacky disse…
Sabes, riquita, vivi quase toda a minha adolescência num bairro camarário e vi muitas dessas coisas acontecerem, filhos que abandonam os pais, filhos que se aproveitam e exploram os pais; mas também vi velhinhos que viviam sozinhos e que quem tomava conta deles eram os vizinhos. E isso faz-me acreditar que onde há egoismo e crueldade também há altruismo e bondade.

Um beijinho
Cristina disse…
jacky
realmente quem é amigo, é-o de livre vontade e isso faz toda a diferença. a familia, enfim...
Hipatia disse…
Que mais esperar de uma sociedade cada vez mais hedonista? A memória vive do curto prazo, do consumir e deitar fora. Há muito que se perdeu qualquer respeito pela memória viva que habita os nossos velhos. Depois, só faltava mesmo o que se vê: a falta de respeito pelos corpos caducos, como se já não fossem válidos, como se fossem apenas um engulho a atrapalhar a vida jovem que passa.
Anónimo disse…
a história sobre o filho que não recebeu o pai de volta é de arrepiar riquita... como é que é possível????
Cristina disse…
hipatia

é constrangedor ver que aqueles velhotes não dizem rigorosamente nada a estes filhos.
Cristina disse…
casta
ainda hoje (é todos os dias) saí de lá irritada porque um filho foi à minha procura exclusivamente para me dizer que não levava a mãe para casa, sem mais conversa.
e não estou a falar de uma doente dependente, falo de uma senhora que vai ao wc sozinha, come sozinha, etc,só que permanece o resto do tempo sentada. provavelmente já não lhes pode fazer a 'lida' da casa...(tb é frequente)

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