sem mais
Hoje, que o cansaço é muito e a vontade é pouca, sentei-me a ler algumas cartas de Henry Miller a Annaïs Nin, que é uma das coisas que gosto de ler quando não me apetece pensar- cartas. Diz ele a propósito de Chaplin:
Acabo de saír do cinema depois de ver Luzes da Cidade, com a convicção profunda de que o Chaplin é grande. Durante anos disse mal dele, mas hoje, depois dos dois minutos finais do filme, dei-me por vencido. Ele vai oferecer-nos nos próximos anos coisas importantes. Este filme marca uma viagem. É de uma qualidade quase shakespeariana. (...)Confesso-te que chorei mesmo a sério. Naquele momento em que ele se voltou e a viu na janela, nesse momento comecei a chorar. Não o pude evitar. Ele preparou tudo com habilidade. Havia algo de misterioso nos movimentos dele, quando vagueava desesperado pelas ruas. Alguns dos gestos dele frente às montras da loja, gestos fúteis, de quem procura esconder alguma coisa, começaram a cravar-se em mim com uma força terrífica. Eu sei perfeitamente o que é sentir-se alguém acossado, subir e descer uma rua sem qualquer objectivo, olhando inutilmente para as coisas, ser-se empurrado, torturado e atordoado por uma dor íntima que é bem- vinda, como se cada contacto com um cotovelo ou um ombro nos ajudasse a recuperar a consciência física. Sei exatamente o que é estar de mãos nos bolsos, com a gola do casaco levantada... sei o que é esse sentimento de vergonha.
Comentários
somos...
beijinhos:)
com licença, vou buscar algo para aquecer a garganta e a alma!
Ânimo...descansa, ouve uma música...amanhã vai ser um dia melhor.
Beijos
The Bird
ó-ó!!
estamos na mesma:))pois eu já bebi:)
beijinhos:)
já estou muito melhor, com música:))
beijinhos
também achei. tocante.
beijinhos:))