A propósito da notícia divulgada hoje sobre o pagamento dos médicos nos serviços de urgência de acordo com o número de doentes vistos, parece-me oportuno esclarecer os seguinte:
A ideia de que o médico é pago pelo número de doentes vistos, é errada. A disponibilidade é paga por uma importância base fixa, que é acrescida de um valor X por cada doente observado e/ou encaminhado. As equipes são formadas por um número mínimo de médicos a calcular pela média de afluência ao serviço e a partir daí, o próprio sistema faz um autocontrolo dos meios humanos, ou seja, se a afluência aumenta o médico sentir-se-á mais motivado para acelerar o seu ritmo de trabalho, se a afluência diminui, são os próprios que muitas vezes sugerem a redução da equipe.
Acresce ainda que, o tipo de pagamento não interfere com a qualidade do serviço prestado ou não deve, em caso algum, interferir. Qualquer médico, quer trabalhe com honorários chorudos ou em regime de voluntariado, tem a obrigação de oferecer a mesma qualidade de serviço, desde que para isso lhe sejam dados condições. Tanto assim que, a responsabilidade médica se mantém em qualquer das circunstâncias. E disso ninguém tem dúvidas.

Comentários

Pêndulo disse…
Portanto a qualidade do serviço prestado é independente da aceleração com que o médico está. Logo as equipas devem estar sempre reduzidas ao mínimo e os médicos a atender ininterruptamente , principalmente quando fazem turnos de 24 horas...
Pêndulo disse…
O que me preocupa é se esse aumento da cadência produtiva não terá implícita uma diminuição da atenção prestada a cada caso de forma a passar ao doente seguinte para aumentar a parte variável.
Quando há poucos doentes serão disputados entre os médicos e quando são muitos atendidos a correr.
Fazendo ainda uma analogia: é sabido da recusa dos taxistas em efectuar percursos pequenos, não haverá um fugir aos casos que vòs médicos, pela vossa experiência, prevejam ser demorados impedindo-vos de facturar durante bastante tempo ?
E ainda, havendo hierarquia entre vós, não serão os mais poderosos, chefes de serviço e análogos, a ficar com a parte de leão das "doenças de diagnóstico rápido" não sendo a sua sapiência aproveitada nos casos complicados ?
Anónimo disse…
Só espero que, se um dia te apanhar nos serviços de urgência, nada me falte. :) Ao menos ai ;)))
Pêndulo disse…
Digo isto porque , por vezes, atendo público e a qualidade do serviço por mim prestado é inversamente proporcional à afluência. Não se agudizará este fenómeno tendo um objectivo monetário ?
Cristina disse…
Pendulo

vamos lá por partes:

como em todas as profissões, quando tens um pagamento fixo, és tu que fazes o ritmo (não colocamos outros factores como objectivos e tal...). se o pagamento tiver um valor variável, é a gestão que sugere o ritmo...

no caso do atendimento médico, por exemplo:
supõe que um doente leva em média, 15 min a ver. com esta forma de pagamento, o que se consegue é que o médico veja 4 doentes por hora, ninguem lhe pede que veja 10, entendes? evita que veja 1/hora, só isso.

é natural que se pense que a atenção dispensada é menor, mas posso garantir-te que, todos eles têm consciencia que a sua responsabilidade não dimunui, logo, em todos tentarão fazer o melhor. a pressão da afluencia nunca é desculpa. por isso vemos tanta gente a queixar-se da velocidade de atendimento, é que quando a situação exige, demora-se o que for necessario.
atenção, não estou a dizer que não haja maus profissionais, sei que há, infelizmente. mas acredito que a maioria é responsável.

em relação aos casos de maior demora...como sabes a triagem da gravidade dos doentes é feita segundo o protocolo de Manchester. é atribuida uma cor ao doente segundo a gravidade da apresentação. o factorX de que falei, varia segundo as cores :)

os chefes..looooool. não. os chefes de equipe não estão no atendimento geral, geralmente dedicam-se aos doentes que ficam internados "em observação", os doentes mais graves. em relação ao atendimento, tiram as duvidas aos medicos menos diferenciados e decidem internamentos, transferencias, etc. geralmente não são abrangidos por essa forma de pagamento :)

ultima questão, pendulo, o que está em causa é seguramente diferente, os medicos sabem disso, a não ser que seja humanamente impossivel "chegar lá", mas aí, não é o médico que tem um problema, é o hospital:)

espero ter esclarecido razoavelmente as tuas questões :)

beijinho
Cristina disse…
me

nada te faltará, está prometido, prometo efectuar as manobras mais cruentas com o meu melhor sorriso:)))

beijocas
Caracolinha disse…
Agora é que vai ser vê-los à cotovelada uns aos outros ...

- "O colega desculpe mas esse paciente é meu..."

- "não é nada, já lhe disse, eu vi-o primeiro..." !!!!!

;)
Cristina disse…
caracolinha

mas isso era o melhor que podia acontecer aos doentes:)))

beijoca
Anónimo disse…
Nãoooooo! Não me venhas com a "avançada" medicina italiana! ;)
wind disse…
Não vejo onde esta medida vai mudar no exemplo que vou dar: já fui várias vezes à urgência do hospital de Santa Maria e está sempre cheio. Ora paguem horas extraordinárias, ou só pelos doentes vistos, a diferença não deve ser muita. Além disso e desculpa, os médicos de Santa Maria são sempre a despachar. E falo das urgências, alguns até tratam mal os doentes. bjs
Cristina disse…
me

italiana?? muito me contas;)


e com anestesia?
Cristina disse…
wind

se nao houver medicos suficientes, nao faz grande diferença:)
e a trabalhar em ambientes desses, é dificil...enfim, mas educação fica sempre bem;)

beijinho
Anónimo disse…
Não. Com Anastácia! ;)

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