Dos comentários, sobre o Ranking dos Hospitais.


O conhecimento e eventual divulgação do desempenho dos hospitais é importante, não só para se poderem comparar estas organizações de saúde, como, para os utentes é importante a disponibilização científica de dados, credível, que lhes permita fundamentar a escolha.
A Principal finalidade da classificação dos hospitais segundo o seu desempenho ou competência, entenda-se técnico, não estritamente empresarial, embora uma possa conduzir a outra uma vez que pode condicionar a distribuição de recursos, é a de
clarificar os riscos e os benefícios que os doentes apresentam ao contactar uma determinada
organização de saúde e que podem afectar a sua probabilidade de obter um bom ou um mau resultado. Embora exista um intenso debate (em vários países) sobre a validade dos indicadores da qualidade dos cuidados prestados, a grande maioria dos autores aceitam que os mesmos são indiscutivelmente úteis para se inferir sobre a qualidade dos cuidados prestados
Utilizam-se principalmente três parâmetros: mortalidade, complicações e readmissões.

*A mortalidade, obviamente ajustada pelo risco, é facilmente mensurável e disponibiliza informação sobre as mortes evitáveis em cada hospital.
*As complicações ou acontecimentos adversos, embora admitindo que Alguns são inevitáveis, correspondem a um resultado não intencional ou indesejável do processo de prestação de cuidados.
*As readmissões, porque se assume que os doentes que receberam cuidados de saúde com boa qualidade estão devidamente estabilizados antes da alta e que os doentes que receberam cuidados de menor qualidade ou com alta sem a devida estabilização, têm uma probabilidade maior de desenvolverem complicações após a alta e de consequentemente apresentarem uma maior Probabilidade de serem readmitidos.

Estes são aspectos Clínicos, mas há outros.
Só depois de definido e implementado um modelo de avaliação do desempenho das unidades de saúde se poderão criar mecanismos que, simultaneamente, proporcionem uma maior responsabilização dos agentes internos (gestores e profissionais prestadores) e ao mesmo tempo possibilitem a sua reprodutibilidade na gestão de cada organização de saúde. Mais, o surgimento de um sector privado, ou público-privado, torna necessária a criação destes mecanismos de avaliação. Só ela poderá permitir uma avaliação científica e criteriosa da qualidade das novas
experiências de gestão.
O tema é vastíssimo, pretende-se apenas chamar a atenção para o facto de que, como em todos os sectores, o desempenho só ganha em ser avaliado. Tanto para os prestadores de cuidados, como para quem os recebe.

consulta:
Avaliação do desempenho dos Hospitais Públicos Em Portugal continental 2004-2005, pela Escola Nacional de Saúde Pública. Universidade Nova Lisboa.

Comentários

Pêndulo disse…
E achas que a progressão na carreira de um médico deve depender desses mesmos critérios ?

Eh eh eh
:p
Pêndulo disse…
E achas que a progressão na carreira de um médico deve depender desses mesmos critérios ?

Eh eh eh
:p
Cristina disse…
P

a progressão na carreira JÁ depende desses critérios. esse é o motivo porque o curriculum médico é um livro!
casuística de doentes, taxas de mortalidade, taxas de reinternamento, complicações, tratamentos, procedimentos efectuados, opções terapeuticas, formação pos graduação, atc, etc. foi exactamente isso que discuti no exame para especialista,doente a doente se o juri quiser! 3 dias de exame com juri nacional nomeado pela Ordem. Foi também isso que discuti, mais um acrescimo de 10 anos agora com questões de organização, chefia,etc, no exame para consultora em 2004. como ves...

hehehe, porquê?

não vejo motivo para que não se faça o mesmo com a própria instituição.
Pêndulo disse…
Era para tu me chamares sindicalista :p


O que digo é se, nessa tua avaliação, foi ponderado o local de trabalho, suas condições e caracterização dos utentes. Coisas do género "tem aparelho de TAC ? Os doentes tomam a medicação até ao fim ou abandonam-na ?"
Cristina disse…
bom, isso ja nem é preciso...:PP

as condições de trabalho são sempre consideradas na medida em que influenciam o currriculum e em ultimo caso o exame. aí está a razão porque ha hospitais que as pessoas escolhem para formação e outros para onde ninguem quer ir. é por isso que os especialistas preferem formar-se nos grandes centros. ha medicos, nomeadamente nas especialidades cirurgicas, que adiam o exame sucessivamente por falta de curriculum. não ha cirurgias, não ha tecnicas, nao ha curriculum minimo. nas especialidades medicas,não cirurgicas, escolhem-se os hospitais onde ha orientadores mais competentes.
TUDO é avaliado.
Há só dois tipos de médicos: os que nos impedem de viver (a maioria) e os que nos impedem de morrer (a maioria).

Contradição? Sufffer paradox. O nosso sistema industrial de saúde não se endireita porque o hospital em si - a começar e sobretudo pela arquitectura (caserna teconológica no melhor dos casos) está doente. Como doentes, neuróticos e fartos estão os médicos do turno da noite e chatos ou escuteiros de 1. grau são os médicos de dia.

Hipócrates morreu há muito. O seu cadáver empesta. A Indústria farma. uma das mauores do mundo puxa pelos cordelinhos.

Ouvi bem - Médicos-títeres por todo o lado! -

Let us get sick, please! And die in front of you in every street, exploding worms and sick blood from our mouth. Sem a Madre Calcutá a aparecer com o seu velvet smile de Contessina Dracula das maiorias estateladas no asfalto.
Cristina disse…
Pendulo

já agora, uma curiosidade: lembro-me de um colega que fez exame para especialista quando eu, hoje uma referencia num determinado tipo de patologia, que estava aflito com o exame. sabes porque? tinha taxa de mortalidade zero....
vê lá se adivinhas qual é o ponto fraco deste curriculum...em que é que isto desvaloriza o medico? é giro, como as coisas nem sempre são como parecem.
astrid disse…
Cris

Eu só como avaliadora de médicos.Não que me tenham passado pelas mãos (nunca passou nenhum!)mas eu tenho passado muito, pelas deles.
Tenho uma opinião muito sólida s/ + coisas do que desejaria ( mas isso tb noutros campos).
Agora a avaliação da Instituição ,em si, parece-me primordial em todas as actividades.
Já agora beijinhos ao Nuno cirugião queridíssimo que me "apanhou" no GOrta.
Lê a Sábado que coloca o S.JPorto em 1º
Prati beijinhos
Cristina disse…
Miguel

muito obrigada pela opinião, suponho que não seja contestável..

:)
Cristina disse…
Halisse

obrigada, já me contaram do S.João :)

Nuno? Kalideles?

;) beijos
wind disse…
Já passei por vários hospitais.
Dos que passei ainda assim apesar de tudo, só posso dizer bem de Santa Maria, porque os outros 2 onde estive foram horríveis tanto em termos de enfermeiros, instalações e médicos.
Aí não há bom resultado que os valha!
beijos
Viva Cristina
Como nas escolas, e noutros sectores dos serviços públicos, deveria existir rankings ou outro tipo de "listagens" que determinem uma classificação dos serviços. isto para permitir aos utentes - aos cidadãos - optarem, se puderem, por uma escolha pessoal e racional.
A questão é a forma e os conteúdos de avaliação, que muitas vezes não são coerentes nem equitativos (dadas as realidades distintas existentes - investimentos, público ou privado, cotexto social e geográfico, etc).
Mãs estes são factores técnicos mais ou menos fáceis de descodificar.
A questão mais importante passa pela percepção dos cidadãos da forma como os rankings são elaborados e a forma como são explicados, com todas as suas vertentes.
Cumprimentos pela nossa saúde
Cristina disse…
wind

por isso é importante que as instituições sejas classificadas, mas atenção! as deficiencias de que muitas vezes as pessaos se queixam, não têm repercussão nos resultados mais importantes. outras vezes sim, são essas que interessam.

:) bjinho
Cristina disse…
lms

que são melhores, não tenho duvidas. de tal modo que ate optei pela gestão privada.:)

abraço.
Cristina disse…
Viva Miguel!!

pois o primeiro e decisivo passo para que a avaliação seja eficaz e credivel.

a partir daí, os resultados surgem e de maneira esclarecedora, é só tirar as ilações e actuar

beijinhos
Teresa Durães disse…
hospitais... argh... médicos.. (desculpa Cristina, não sei qual a especialidade mas sei quais as que tenho aversão).

O que mais me irrita e não vejo contemplado (mas a minha especialidade a conhecer médicos deve ser diferente) é médicos e enfermeiros (incluo ambos) não respeitarem uma regra básica: dar a conhecer ao paciente quais os medicamentos que estão a dar; não os respeitarem como seres humanos em condições dignas. Bom. Mais não digno que não quero desavenças e muito menos aqui :))

boa noite
Alien8 disse…
Uma vez mais, os difíceis critérios...
E quanto à possibilidade de escolha pelo doente, tu dirás qual o seu âmbito, porque a mim não me parece, porventura erradamente, que o comum das pessoas possa de facto escolher o hospital em que é tratado / internado.

No entanto, mais importante que a escolha parece-me o nivelamento por cima da qualidade dos hospitais e dos serviços neles prestados, com tudo o que isso implica. Assim, a escolha seria pouco importante, porque a pessoa saberia que seria bem tratada fosse onde fosse.

Se alguns hospitais trabalham bem, porque não hão-de fazê-lo todos?
Existirá algum obstáculo insuperável?

Parabéns pelo excelente post, Cristina.
Um beijo.
Kaos disse…
Concordo que a avaliação dos serviços, seja na saude, na educação ou outro qualquer é importante. O que me preocupa são os critérios utilizados. Muitas vezes vemos estudos diferentes sobre o mesmo assunto darem resultados completamente dispares. Isto da estatistica tem muito que se lhe diga.
bjs
PA disse…
Diz o nosso grande Mestre e Amigo "kaos" que ...."isto da estatística tem muito que se lhe diga".

E diz ______ MUITO BEM !!!

Esta "história" dos "ranking's", sobretudo, quando divulgados pela Comunicação Social, além de polémicos, tornam-se "perigosos". Porque induz os cidadãos a conclusões, que podem estar muito longe da realidade.

A Escola, o Hospital são "coisas" com que não se "brincam", em matéria de informação.

A análise quantitativa, pela sua "frieza" de informação, embora útil e indicadora, não pode ser dissociada da uma análise qualitativa.

É nisso que perdem muito tempo, os analistas sociais - o caso da Sociologia da Saúde.
O cruzamento de várias metodologias de investigação empírica, com a subsquente análise dos resultados, é que nos pode dar uma noção concreta do que se passa numa Escola, num Hospital, etc.

Portanto _________ cuidado com o Cão !!! ........... Quando se trata de analisar, inferir e julgar organizações escolares, hospitalares ou outras.

Por mim, penso ... deve-se publicar o estudo na íntegra, para que não se tome a nuvem pelo Juno.

Doutra forma é no mínimo uma enorme desonestidade científica e _______ mero senso comum.

Aqui defendo a "minha dama":
- A Sociologia como Ciência !
Cristina disse…
Teresa

compreendo, não sei com que medicos falou, mas tanto quanto me apercebo, sempre que o doente pede explicações, é-lhe dada. então se o médico vê que o doente tem diferenciação suficiente para entender o que se está a explicar (que não é a maioria..)não vejo motivo para não se dizer.

beijinho
Cristina disse…
Alien

por enquanto não pode, mas ja se começa a falar em deixar de haver áreas de residencia e deixar funcionar a concorrencia. mas para isso, é preciso informação, à semalhança do que já existe noutros países. então em relação à privada, é fundamental, ja vi montes de gente muito enganada em relação á qualidae de algumas unidades..

em relação aos publicos, inevitavelmente, começa a haver beneficios e penalizações em relação aos resultados, o que aumenta a qualidade da generalidade.

beijinho
Cristina disse…
Kaos

os criterios aqui, são objectivos e internacionais, não são inventados cá. isso pressupõe alguma homogeneidade na apreciação..

beijinho
Cristina disse…
Diana

mas espere lá!, isto são dados objectivos, que constituem a consequencia de varios factores. são esses factores que têm que ser analizados sse os resultados forem maus, não se pode inventar muito...

refere-se a que outros parametros de qualidade? repare que aqui, só ha um objectivo final inquestionavel: se o doente sai bem tratado ou não, independentemente do resto.

bj

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