Vamos então ter referendo,




apesar de termos um governo que bem podia ter tido a coragem de alterar a lei com a legitimidade e a segurança que a maioria absoluta lhe conferiu. Mas seja, lá vamos pela segunda vez a votos.
Para que conste, e se dúvidas houvesse, eu votarei sim. Sim, pela liberdade de poder ter os filhos que entender, na altura em que entender que o posso fazer, e na altura em que entender que lhes posso oferecer o bem estar e o amor que merecem. Ou de os não ter, se for essa a opção. Sim, porque entendo que um filho é um assunto demasiado sério para que se deixe vir ao mundo sem a certeza de que há condições fisicas e psicológicas para que seja uma criança feliz, quando os meios de o evitar falharam. E mesmo assim, Deus sabe e nós pais também, que nem sempre está nas nossas mãos. No entanto, a dúvida nunca servirá de desculpa para irresponsavelmente deixarmos à sorte, ou à boa vontade dos outros a garantia de uma vida digna. Que fique claro, a responsabilidade é em primeiro lugar nossa. Sim, porque sendo uma opção a evitar, entendo que se uma mulher a tomar, é com a consciência de que é o último recurso e nem eu nem ninguém tem o direito de a julgar e muito menos condenar. E eu acredito na idoneidade de cada mulher e de quem a rodeia para decidir responsavelmente. Sim, porque mesmo sendo penalizado, a partir do momento em que a decisão estiver tomada, sei que há-de cumprir-se, seja como for e em que condições for. E é aí que quem tem decidido e que tanta moral apregoa, deixou cavar um dos maiores e mais cruéis fossos de desigualdade que a nossa sociedade enfrenta, a existencia de mulheres que têm todas as condições de decisão em relação à sua maternidade e as que se vêm à mercê de quem delas se aproveita para negócios clandestinos, para autoproclamar superioridade moral, para praticar caridade ou satisfazer o desejo mórbido de decidir sobre a intimidade dos outros. Porque isso me enoja e me revolta, e porque só em liberdade se pode decidir conscientemente.
E sim, também tenho o sonho de que as mulheres nunca precisassem de recorrer ao aborto. Mas não é proibindo que se acaba com esta realidade é dando-lhe condições efectivas de optar por não o fazer mesmo tendo essa possibilidade. É nessa altura que verdadeiramente se cumpre a democracia e dignidade da vida.

Comentários

Anónimo disse…
Vou votar. E vou votar SIM. Apesar de todas as dúvidas que, na matéria, possa ter, em termos pessoais, mas entendo que as minhas dúvidas não devem servir de barreira à liberdade de outros decidirem de forma, eventualmente, diferente da minha.
O meu SIM não é uma concordância com... é um acto de respeito pela liberdade de...
Estou de acordo. Também entendo que não se devia referendar. A liberdade (de decisão) não se referenda. Cada um deveria ter a liberdade de decidir de acordo com a sua consciência, dentro dos limites impostos apenas pela ciência (medicina).
Cristina disse…
josé

nem mais, nem mais.

não ha concordancia nem defesa. ha respeito.


beijinhos
Alien8 disse…
Cristina,
Muito bem dito.
Assino por baixo.
Um beijo.
Zb disse…
eu é SIM também
e espero nunca precisar deste sim
mas sei que muita gente, infelizmente, irá ser obrigada a usar, mas aí fico feliz por poderem escolher e decidir livremente ...

beijinhos
Kaos disse…
No dia 11 lá estarei a colocar um SIM na urna. Espero que desta vez seja de vez.
bjs
maria inês disse…
hora da verdade!

josé, aqui fica tudo dito,

"O meu SIM não é uma concordância com... é um acto de respeito pela liberdade de..."

b&a
Manel disse…
Pelas razões que a presentas, e também por essas, votarei SIM.
Patrícia disse…
Faço minhas as tuas palavras (todas). No dia 11 votarei sim. Tal como tu acho que um filho é primeiramente responsabilidade dos pais, e só eles sabem o quão difícil por vezes é fazer esta escolha, mas devem ter o direito de a fazer. Agora só espero, que o puto que trago na barriga não se atrase, porque se ele se atrasa 1 semaninha... lá vou eu ter de ir de maca votar!
Cristina disse…
Alien

ja recolhi a assinatura, obrigada.

beijinho
Cristina disse…
ZB

nem mais. e ja agora, o importante é que lhe dêm opção para optar por não...que é isso que nao existe.

beijinho
Cristina disse…
kaos

espero que sim :)
beijinhos
Cristina disse…
harry

claro, mas como o governo e a maioria da assembleia saem do mesmo partido é natural que um esteja em sintonia e seja apoiado pelo outro. é nesse sentido que o governo podia ter feito aprovar a lei. demos-lhe legitimadade para isso...

um mito da sociedade portuguesa??? nas outras não acontece o mesmo? ora essa...

beijinho
Cristina disse…
Patricia

nem que seja de maca mulher! e se o cidadão ja cá estiver, pede um voto pra ele! :P

beijinho

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