nascido a 27/Dez/1822


Hoje, quando tossimos em público, temos o hábito de colocar a mão na boca. Não é apenas por boa educação, esse pequeno gesto generalizou-se no início do séc. XX, depois do cientista Luís Pasteur ter descoberto anos antes que os micróbios se podem transmitir entre as pessoas apenas pela tosse.
A segunda metade do séc. XIX foi o primeira grande época das descobertas científicas na química, medicina e principalmente biologia – e contou com um número considerável de grandes investigadores que transformaram o mundo, até aí pasto de mortíferas e inexplicáveis doenças. No séc. XX, as vacinas, os antibióticos e as anestesias permitiam que o sofrimento físico da humanidade fosse significativamente reduzido- hoje, esquecemos como eram comuns epidemias que devastavam números astronómicos de pessoas em vastas regiões dos continentes europeus, africano e asiático, às portas do séc. XX.

Na base da cura de doenças epidémicas estiveram investigações e estudos levados a cabo, na maior parte dos casos, não por médicos mas por químicos. Luís Pasteur nasceu no Leste de França, fez o doutoramento em Ciências em 23 de Agosto de 1847, apenas com 25 anos, depois de se ter distinguido como bom aluno nas Cadeiras de Física, Matemática e Química.
Nesse tempo a ignorância sobre as bactérias era grande e não se sabia que estavam espalhadas no ar, por todo o lado. O médico húngaro Ignaz Semmelweisse, nesse mesmo ano aconselhava todos os médicos a lavarem bem as mãos com água e sabão. Esse simples gesto fez decrescer significativamente o número de parturientes que sucumbia, devido a febres contraídas logo após o parto, provocadas por germes. Mais tarde Pasteur estudaria também os efeitos dos micróbios (termo que data de 1878) causadores das febres puerperais.
Porém, Pasteur ficou sobretudo famoso pela descoberta da vacina contra a raiva, em particular pela circunstância de estar em risco a vida e uma criança.
É mundialmente conhecido o caso do rapazinho alsaciano de nove anos, José Meister, que, em Julho de 1885 foi mordido catorze vezes por um cão com a doença da raiva. A mãe suplicou a Pasteur que lhe salvasse o filho. Até à data ninguém sobrevivera a estas mordeduras. O cientista esteve hesitante, porque ainda só testara a sua vacina em animais e era um risco enorme experimentá-lo num ser humano- se o rapaz morre depois de vacinado? Como as hipóteses de sobrevivência sem vacina eram nulas, arriscou. Luís Pasteur era químico e hoje diríamos biólogo, mas não era médico, por isso não podia ser ele a ministrar a vacina sob pena de ser processado. Pediu então ao dr. Grancher, seu assistente que o fizesse. Sessenta horas depois de ter sido mordido, José Meister recebeu a primeira de 12 injecções anti-raiva, que lhe foram sendo injectadas uma após outra sob apertada vigilância. Família e cientistas aguardaram várias semanas. Por fim o jovem sobreviveu. Este jovem ficou para sempre agradecido a Pasteur e deu mesmo a vida por ele... A repercussão do sucesso da vacina anti-rábica foi tal que a Academia das Ciências desenvolveu um projecto para criar uma instituição de investigação (futuro Instituto Pasteur) que foi bem acolhido no estrangeiro, tendo o próprio czar Alexandre III contribuído com cem mil francos. Pasteur foi admitido como membro da Academia de Medicina, em 1873 e em 1882 na Academia Francesa, prestigiadas instituições.
Em 1940, na 2ª Guerra Mundial, quando as tropas de Hitler invadiram a França, um grupo de militares quís forçar a entrada do Instituto Pasteur, onde repousam, numa cripta os restos mortais de Pasteur. José Meister era o responsável pela segurança e, ao verificar que não conseguia impedir os nazis entrassem, suicidou-se (os cientistas nazis tinham a paranóia de estudar os cérebros de pessoas consideras génios). Mas o cérebro de Pasteur não foi roubado.
Luís Pasteur já entrara na História pela sua descoberta, mas o seu contributo para a Humanidade foi muito maior. O estudo da fermentação levá-lo-ia a descobrir o porquê dos vitivinicultores, de diversas zonas do seu país verificarem, com tanta frequência que os seus vinhos se transformavam em vinagre, sendo uma enorme perca para a economia francesa. E isto passou a ser particularmente grave a partir de 1860, depois de assinado o tratado comercial entre a França e a Grã-Bretanha, por se verificar que grande percentagem dos vinhos não resistiam à viagem, estragando-se irremediavelmente. Nessa época a França produzia 50 milhões de hectolitros de vinho por ano. A perda do precioso líquido era uma calamidade. O imperador Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) pediu a Pasteur que investigasse o porquê da fermentação do vinho e proporcionou-lhe as melhores condições de trabalho, equipando laboratórios para que o grande químico pudesse dedicar-se inteiramente a essa investigação. Foi criado, em 1867 o laboratório de físico-química expressamente para Pasteur, na Escola Normal Superior. Depois de aturados estudos o cientista descobriu que submetendo o vinho a um aquecimento elevado durante alguns segundos, e logo de seguida, a um repentino abaixamento da temperatura a menos de dez graus, matava os germes que alteravam os líquidos. Este sistema foi depois utilizado na cerveja e vinho, daí o termo «pasteurizado» que todos conhecemos.
Pasteur aos 46 anos é vítima de uma trombose que lhe paralisou o lado esquerdo do corpo, mas continuou a trabalhar, mas sabe-se que o cientista era difícil no trato com os colaboradores. Um deles queixava-se. «É uma excelente pessoa, excepto quando trabalhamos com ele. Aí, é inflexível e autoritário».
Por essa época o médico e cientista Robert Koch (1843-1910), prémio Nobel da Medicina em 1905, descobriu, com base nas investigações de Pasteur, que o germe do antraz (doença grave detectada primeiro nos animais e de fácil propagação aos humanos) poderia ser estudado em laboratórios.

Koch descobre a cura da tuberculose, cujo agente foi conhecido como «bacilo de Koch.» Mas Pasteur também tinha as suas intolerâncias e não quís trabalhar com Koch, porque este, além de alemão, tinha sido militar e lutado contra a França na sangrenta guerra franco-prussiana entre 1870-1871.
Pasteur passou a usufruir de uma pensão dada pelo governo de Napoleão III, a partir de 1887. Sempre a trabalhar em 1882 descobre a cura do carbúnculo. Aos 70 anos recebeu da III República Francesa uma grandiosa homenagem, na Sorbonne, estando presentes representantes dos Governos de Itália, Rússia, Suécia, Alemanha e Turquia. Deve-se à rainha D. Amélia de Orleães e Bragança, de origem francesa teve a iniciativa de abrir em Portugal o primeiro Instituto Pasteur.

consulta AQUI

Comentários

Anónimo disse…
Obrigada pelos ensinamentos.
Gi disse…
Nunca tinha pensado na origem da palavra "pasteurizado" agora estou devidamente esclarecida. Também não conhecia a história do assistente. Impressionou-me sabes? Fico sempre assim num estado entre o espanto e a admiração profunda quando tenho conhecimento destas actos de generosidade do ser humano. Fico cada vez mais convencida estar no trilho certo, escolher como Fé, o Homem! É neles que deposito todas as minhas esperanças. Olha no que deu o teu texto !!!
Cristina disse…
maria

sempre às ordens:p

beijinho
Cristina disse…
gi

engraçado, né? pouca gente sabe a origem da palavra e o que quer dizer:)))
e é dos processos mais frequentes de conservação :))

a historia da vida do Homem é fascinante...


beijocas.
Anónimo disse…
O tolo tema da noite como a noite vai temer o fogo..............
A minha amiga é amiga da LUZ tal qual foi Louis Pasteur.
Su disse…
acho que nunca o disse, mas digo.o agora, gosto deste blog e de estar deste lado sempre q posso

jocas maradas de tempo
Anónimo disse…
Eh pá, vais de férias?
É que isto é post para 8 dias, no mínimo.
Mas é bom que alguém se lembre de quem foi Pasteur. Há por aí tanta ignorancia hoje em dia...
Caracolinha disse…
Miúda gira ... olha ... dou-te um doce se adivinhares onde é que estou a esta hora ... :)

Pois esta coisa da pasteurização é boa para certas pessoas que vêm jantar com outras e entornam descuidadamente chávenas de descafeinado nas mesas ... gente que não sabe estar em lado nenhum é o que é ... !!!!

Vê lá mas é se te pasteurizas também e desinfectas estas bactérias incómodas que te vêm sarnar o juízo quando precisavas era de tar "sugadita" ... ;) ... mas olha cada um tem o que merece !!!!

Beijoca encaracolada incomodativa ... :)

PS. eh pá o gajo é do meu signo heim ... ???? grandes génios os capricórnios ... nada como um bom par de cornos para desenvolver o intelecto !!!!

:))))
Cristina disse…
Manel

é demais não é?? amo este disco e as letras malucas que ele adaptou para as musicas do David Bowie :))

gosto da LUZ, gosto;)

beijinhos
Cristina disse…
su

não, nao disseste...fico feliz:))

um beijo querida, obrigada :))
Cristina disse…
Lb

é um personagem demasiado impostante para se perder a oportunidade de recordar:)

beijocas
Cristina disse…
caracola do coração....

:)))tás autorizada a entornar as chávenas de café que quiseres mulher!

quem me dera que todas as bactérias fossem assim pá! as infecções eram muito mais divertidas :)))

bjocas
antonio boronha disse…
caríssima,
(a minha costela italiana (do norte!!!))

comentário, por horas, futurista.
título:
"cem mil (nem)é obra..."
subtítulo:
"quando é bem feito.
o teu blogue."

beijos e continua.
Anónimo disse…
Há realmente pessoas que vale a pena e mereceram terem nascido.
Pena é que atraves das suas descobertas tambem tenham poupado quem não merecia existir.

JMC
Anónimo disse…
Excelente post. Este blog continua a ser um dos meus preferidos.
Parabéns.
Aplaúdo de pé.

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