Tão lúcidos que nós éramos....
Uma pérola, Os excertos e os artigos recuperados pelo Ex-Barnabé "nem precisam de comentários, de tão claros que são. Foram escritos por um homem que se diz coerente e de fortes convicções. Chama-se Paulo Portas. Estávamos em 1982".
“Quanto ao poder laico, e livre, da política, é clara uma transferência do poder político para o poder religioso. É sintomático que as grandes discussões a que, desde há tempos, o País assiste tenham subjacente uma jaez militar ou religiosa. Progressivamente é essa a duplicidade institucional que ordena, solidifica. Do último ponto de vista dois exemplos recentes adensam a preocupação já expressa: por um lado a competição política, provinciana, que já se vislumbra e decerto crescerá, à volta da visita do Papa a Portugal. Pelo rumo que o facto leva vamos assistir naquele que devia ser um acontecimento pastoral e moral de extrema importância, a um jogo turvo de influências, para que saiba quem convidou, quem esteve mais minutos com Sua Santidade, quem mais o acompanhou, quem ganhou os seus louros. O segundo tem que ver com o tom ‘Cro-Magnon’ com que a questão do aborto tem sido tratada entre nós. (…) a AD não tem a menor autonomia de discurso, já se não pede de voto, nem de vontade, em relação à Igreja, e limita-se a repetir o que esta diz,a presenciar o que esta proclama. Os socialistas dividem-se entre a sua história e a história que a Igreja quer que eles façam.Só por referência lembre-se, por exemplo, que em França foi uma liberal, assumida como tal, da maioria giscardiana, a senhora Simone Weil quem, contra os mais conservadores e os mais ortodoxos, impôs a lei do aborto. Lá, os socialistas não tiveram dúvidas. Giscard, líder da maioria, não interferiu. Quer isto dizer, uma vez mais, que somos subdesenvolvidos; e que, no caso, andamos atrasados, à direita e à esquerda. A menos que se rejeite a Europa moral e apenas se queira a Europa económica…”. Paulo Portas, "Civis, Laicos e Europeus", in Tempo, 4 de Março de 1982, [PDF].
“Não tem nada a ver com a Europa um país em que o discurso da social-democracia sobre as questões morais se limita a dizer que o aborto é a restauração da pena de morte. É próprio dos mais conservadores dentro dos conservadores, e sul-americano concerteza. Não tem nada a ver com a Europa que a livre iniciativa seja um palmarés deixado vazio, preterido pelas fáceis e dóceis concessões às corporações fácticas. É próprio dos Estados sobretudo confessionais e não de sociedades civis dinâmicas. Não tem nada a ver com a Europa que se regrida a ponto de substituir o acto livre e consciente, por isso pleno e sublime de escolher uma religião, pela imposição de um princípio de obrigatoriedade, por isso sem elevação, nas escolas, de uma confissão. É próprio do passado.”Paulo Portas, “A Europa Mora ao Lado”, in Tempo, 12 de Maio de 1982 [PDF].
“Nesta coluna não deixei de fazer notar divergências a uma série de atitudes e propostas que não se coadunavam com princípios modernos de relacionamento entre a sociedade, o Estado e as instituições. Assim se fez quando o Governo anunciou a concessão de um canal de Televisão à Igreja; assim se fez quando surgiu na maioria um discurso primitivo e desinteressante a propósito das questões éticas ou morais, como o aborto, mais afeito a ‘slogans’ que à percepção de um problema que não é fechado; assim se fez, recentemente, a propósito da reintrodução da obrigatoriedade das aulas da religião e moral nas escolas, por considerar-se a escolha religiosa um acto só sublime quando livre.”Paulo Portas, "O Fascínio de João Paulo", in O Tempo, 20 de Maio de 1982 [PDF].
“Quanto ao poder laico, e livre, da política, é clara uma transferência do poder político para o poder religioso. É sintomático que as grandes discussões a que, desde há tempos, o País assiste tenham subjacente uma jaez militar ou religiosa. Progressivamente é essa a duplicidade institucional que ordena, solidifica. Do último ponto de vista dois exemplos recentes adensam a preocupação já expressa: por um lado a competição política, provinciana, que já se vislumbra e decerto crescerá, à volta da visita do Papa a Portugal. Pelo rumo que o facto leva vamos assistir naquele que devia ser um acontecimento pastoral e moral de extrema importância, a um jogo turvo de influências, para que saiba quem convidou, quem esteve mais minutos com Sua Santidade, quem mais o acompanhou, quem ganhou os seus louros. O segundo tem que ver com o tom ‘Cro-Magnon’ com que a questão do aborto tem sido tratada entre nós. (…) a AD não tem a menor autonomia de discurso, já se não pede de voto, nem de vontade, em relação à Igreja, e limita-se a repetir o que esta diz,a presenciar o que esta proclama. Os socialistas dividem-se entre a sua história e a história que a Igreja quer que eles façam.Só por referência lembre-se, por exemplo, que em França foi uma liberal, assumida como tal, da maioria giscardiana, a senhora Simone Weil quem, contra os mais conservadores e os mais ortodoxos, impôs a lei do aborto. Lá, os socialistas não tiveram dúvidas. Giscard, líder da maioria, não interferiu. Quer isto dizer, uma vez mais, que somos subdesenvolvidos; e que, no caso, andamos atrasados, à direita e à esquerda. A menos que se rejeite a Europa moral e apenas se queira a Europa económica…”. Paulo Portas, "Civis, Laicos e Europeus", in Tempo, 4 de Março de 1982, [PDF].
“Não tem nada a ver com a Europa um país em que o discurso da social-democracia sobre as questões morais se limita a dizer que o aborto é a restauração da pena de morte. É próprio dos mais conservadores dentro dos conservadores, e sul-americano concerteza. Não tem nada a ver com a Europa que a livre iniciativa seja um palmarés deixado vazio, preterido pelas fáceis e dóceis concessões às corporações fácticas. É próprio dos Estados sobretudo confessionais e não de sociedades civis dinâmicas. Não tem nada a ver com a Europa que se regrida a ponto de substituir o acto livre e consciente, por isso pleno e sublime de escolher uma religião, pela imposição de um princípio de obrigatoriedade, por isso sem elevação, nas escolas, de uma confissão. É próprio do passado.”Paulo Portas, “A Europa Mora ao Lado”, in Tempo, 12 de Maio de 1982 [PDF].
“Nesta coluna não deixei de fazer notar divergências a uma série de atitudes e propostas que não se coadunavam com princípios modernos de relacionamento entre a sociedade, o Estado e as instituições. Assim se fez quando o Governo anunciou a concessão de um canal de Televisão à Igreja; assim se fez quando surgiu na maioria um discurso primitivo e desinteressante a propósito das questões éticas ou morais, como o aborto, mais afeito a ‘slogans’ que à percepção de um problema que não é fechado; assim se fez, recentemente, a propósito da reintrodução da obrigatoriedade das aulas da religião e moral nas escolas, por considerar-se a escolha religiosa um acto só sublime quando livre.”Paulo Portas, "O Fascínio de João Paulo", in O Tempo, 20 de Maio de 1982 [PDF].
Comentários
Beijoca.
Foi um desfile bonito, de gente empenhada. Apreciei particularmente o jovem, pleno de amor à vida, que durante um surto de gripe e com a "agradável" temperatura que esteve, não hesitou em levar o seu filho de meses pendurado ao peito.
é um defensor da vida, Deus está com ele e não deixa que nada contagie o bebé.
ora é natural que agora com mais vinte e cinco anos em cima do lombo o gajo veja as coisas de modo diferente embora com o mesmo carácter definitivo e absoluto...
mudei o blog para o google, agora é preciso uma conta gmail para fazer o log in :)
beijinhos
looool, podia ter levado um puto aí de uma instituição qualquer, fazia mais sentido na defesa da vida ;)
beijinhos
Paulo, como outros da minha geração, não presta.
E veja-se um outro que foi presidente de câmara, aqui ao meu lado, na Figueira da Foz, de nome Pedro, que quando afirmou que queria ser presidente da República, eu lhe disse em pleno picadeiro da Figueira que passaria a ser gallego se tal viesse a acontecer. Salvou-se a parte do velho plátano que ele mandou abater, donde saiu e sairá instrumentos musicais.
Te considero bastante Cristina
yep...é lixado é, um ganho quanto mais avança menos certezas.
este tinha ganho em ficar foreveryoung...:)
beijos
Qualquer dia já há mais notícias do Paulo Portas e do seu regresso ao PP (mais um tabu politicamente correcto).
Mas mesmo a correr aqui vai um bj de boa semana que voltei à quarentena escolar (frequências).
bjs
Prazeres acomodados,
E logo a maior idade
Já sente por pouquidade
Aqueles gostos passados.
Um gosto que hoje se alcança,
Amanhã já não o vejo;
Assim nos traz a mudança
De esperança em esperança
E de desejo em desejo."
(...)
Luís de Camões
Frei Bento Domingues, PÚBLICO, 28-01-2007
foi assim tão mau??? :)))
(duas cabecinhas de vento metidos a sérios...)
beijinhos, obrigada, és um doce;)
claro que vai voltar!! e tu pelo contrário...:((
beijinhos miudo, bons estudos.
looool,loool. a cabeleira loura?? cabeleira não será exagero?? e loura?
ai ai maloud, tenho que olhar melhor pra ele..:)))
como ele nos compreendia bem, não é?
beijinhos
(??)
alguem com bom senso...:))
lol, é....
beijinhos