Urgências I
Muito se tem falado e discutido sobre urgências em Portugal, sem que até agora se tenha feito passar de forma eficaz à população qual é o estado da rede de urgências existente e qual o caminho a seguir. tentarei dar algum contributo neste sentido, começando com um exemplo:
Imagine-se o serviço de urgência de Peniche, a funcionar 24 horas, com os consequentes encargos. um doente grave, dá entrada nesta urgência, que por não ter capacidade de diagnóstico ou tratamento, o transfere para o Hospital das Caldas (percurso que os habitantes da zona bem conhecem). Nas Caldas, com capacidade de diagnóstico, é avaliada a situação e devido à sua gravidade, o doente é transferido para Lisboa (situação muito frequente). Entretanto, passaram-se muitas horas. O mesmo acontece por todo o país, como tantas vezes vemos noticiado: as transferências de Hospital para Hospital até chegar a um que tenha condições de resolver o problema, onde muitas vezes já se chega tarde de mais.
Pensemos. Não seria mais lógico, no exemplo dado, transferir os custos de Peniche para as Caldas e apostar em meios terapêuticos ali? E equipar a zona com um meio de transporte rápido e eficaz? Portugal é um país pequeno, não tem cabimento a proliferação de urgências a funcionar mal e a gastar recursos preciosos que podem ser investido em centros maiores. Tem cabimento sim, exigir Urgências bem equipadas e uma forma rápida de lá chegar, e para as situações menos graves, unidades mais "básicas" no atendimento. Exigir uma rede mais eficaz de cobertura do INEM, de modo a que se chegue a qualquer ponto do país em tempo útil. é isso que faz a diferença, não o ter uma tasca qualquer aberta ao lado de casa.
Segue-se, a quem interessar o assunto, uma série de posts com excertos da PROPOSTA DA REDE DE SERVIÇOS DE URGÊNCIAS pela COMISSÃO TÉCNICA DE APOIO AO PROCESSO DE REQUALIFICAÇÃO DASURGÊNCIAS
Imagine-se o serviço de urgência de Peniche, a funcionar 24 horas, com os consequentes encargos. um doente grave, dá entrada nesta urgência, que por não ter capacidade de diagnóstico ou tratamento, o transfere para o Hospital das Caldas (percurso que os habitantes da zona bem conhecem). Nas Caldas, com capacidade de diagnóstico, é avaliada a situação e devido à sua gravidade, o doente é transferido para Lisboa (situação muito frequente). Entretanto, passaram-se muitas horas. O mesmo acontece por todo o país, como tantas vezes vemos noticiado: as transferências de Hospital para Hospital até chegar a um que tenha condições de resolver o problema, onde muitas vezes já se chega tarde de mais.
Pensemos. Não seria mais lógico, no exemplo dado, transferir os custos de Peniche para as Caldas e apostar em meios terapêuticos ali? E equipar a zona com um meio de transporte rápido e eficaz? Portugal é um país pequeno, não tem cabimento a proliferação de urgências a funcionar mal e a gastar recursos preciosos que podem ser investido em centros maiores. Tem cabimento sim, exigir Urgências bem equipadas e uma forma rápida de lá chegar, e para as situações menos graves, unidades mais "básicas" no atendimento. Exigir uma rede mais eficaz de cobertura do INEM, de modo a que se chegue a qualquer ponto do país em tempo útil. é isso que faz a diferença, não o ter uma tasca qualquer aberta ao lado de casa.
Segue-se, a quem interessar o assunto, uma série de posts com excertos da PROPOSTA DA REDE DE SERVIÇOS DE URGÊNCIAS pela COMISSÃO TÉCNICA DE APOIO AO PROCESSO DE REQUALIFICAÇÃO DASURGÊNCIAS
link para o portal da saude -este link leva-os para a pagina do Ministerio da Saude em que está situada a discussao sobre as urgências.
Comentários
Temos que começar por exigir Centros de Saúde eficazes no atendimento aos utentes o resto vem por acréscimo.
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e digo que essa eficácia não deverá ser prejudicada por pretensas dificuldades económicas. aliás como tu dizes, uma maior racionalidade permitirá não só mais eficácia como melhor gestão dos recursos. e isso é igual a economia de meios, humanos e financeiros.
o que me irrita, principalmente neste tema, é a recente chicana política e o folclore que tem envolvido o assunto. pela oposição e pelo governo.
já que não revelam, muitas vezes, respeito pela inteligência dos portugueses, ao menos que, pela 'saúdinha' deles, o façam...pela nossa.
um beijo.
Foram constituidos e estão a funcionar.
O outro lado da moeda foi o despovoamento de centros de saúde e extensões periféricos com transferências de médicos que quiseram ficar pertinho de casa e a ganhar mais, fazendo o que não queriam fazer, vamos ver se fazem onde estão.
Muitos dos problemas criados agudizaram-se com esta sangria.
É lógico que vão aparecer estudos a dizer que são uma maravilha, tal como os RRE.
O problema é que as cabeças pensadoras continuam a apregoar o Estado e mais Estado. A Madeira tem um sistema de saúde a funcionar que não parece ser mau, mas é a madeira de Jardim que horror...
Os médicos dos sindicatos, os dirigentes das associações entre as quais a de clínicos gerais, são pessoas, nsua esmagadora maioria que não sabem o que é ver um doente há muitos anos, no entanto são os mentores do sistema, ou o nosso ou mais nenhum.
O SNS está morto, no seu modelo alimentado pelo partidos do poder e arredores,daí o silêncio do PCP, do BE e do PSD, o CDS nem tem opinião.
Morreu que se enterre.
As urgências é assunto debatido vezes de mais e o cerne está de facto nos cuidados primários.
Como qualquer discussão pública de um tema com carácter técnico, o que conta não é a discussão em si, mas o modo como os cidadãos têem acesso à informação e a qualidade da mesma. Dos 4 comentários anteriores, MCARMO refere um facto não demonstrado mas provavelmente verdadeiro- o uso dos serviços de urgência como escape- mas conclui da pior maneira: o resto não vem por acréscimo!- a rede de urgências não tem nada a ver com o funcionamento dos cuidados primários e apresenta características próprias que devem ser atendidas.
MAR apresenta as suas dúvidas como opinião mas dá uma pista importante ao relembrar o encerramento recente das maternidades.
A.BORONHA refere o folclore que rodeia o assunto e o seu aproveitamento político, e que acaba por toldar qualquer hipótese de racionalismo
O ANONIMO faz uma colagem de vários lugares comuns não relacionados com o tema e acaba encerrando a discussão mesmo antes de a abrir.
E eu? Espero pelo próximo post e pela publicação do documento
lool, obrigada colega( que honra....:p) pela resposta e o resto do documento, ou parte dele, talvez a mais acessível, está aí...
Beijinho
Estou curiosa para ver os prós e contras de segunda-feira.
Curiosa para ver qual a forma utilizada para fazer passar a informação.
Será um debate cheio de atropelos, mas espero que seja minimamente esclarecedor e objectivo.
Os portugueses precisam de ser informados de uma forma directa, objectiva e coerente.
Mais uma vez obrigada Cristina.
Os seus posts de hoje são de uma abrangência necessária e serve-nos para pensar sobre o assunto de uma forma menos enviesada e consequentemente mais rica.
Bem haja!
Não querendo eu entrar em matéria que não abarco totalmente, a minha modesta opinião é que a questão não passa apenas pelo encerramento de muitas urgências. Já por sisó uma facto preocupante, nomeadamente na zona mais interior do país.
A questão passa pela descaracterização e pelo esvaziamento de muitos serviços nessas urgências, como é o caso de Aveiro.
A agravar, acresce ainda os serviços de atendimento permanente e os centros de saúde.
Bjs e boa semana.
é verdade, esse é o grande cancro do nosso sistema de saúde, a enificácia dos sentros de saúde onde grande parte das situações se resolveriam.
obrigada pela visita :)
eu, em relação ao fecho não tenho dúvidas. tenho-as em relação à eficácia do transporte, para já..
beijinho
o problema é que essa eficácia será sempre prejudicada por problemas económicos. a curto e a médio/longo(não muito) prazo.
há urgencias, serviços, etc que não estão melhor equipados em termos técnicos e humanos precisamente porque não há verbas. então, é preciso tornar as que há, mais eficazes.
quanto às visitas surpresa, enfim, dizer o quê? :p
beijinhos miúdo!
os médicos dos sindicatos e as "associações de clinicos gerais" são os mentores do sistema? onde?? de que sistema?
o SNS é alimentado pelos partidos do poder? isso quer dizer o quê?
cumps
tuda esta reolução começou agora. tenho a felicidade de conhecer a extrema competência desta comissão. o que conheço melhor, é uma autoridade(não só nacional) em organização de redes de urgência.as conclusões desta comissão, foram muito bem trabalhadas e pensadas. do mesmo modo, espero que sejam implementadas, mas leva tempo. não se organiza um país em meses, há que ter noção disso. mas chegaremos lá...assim haja vontade e coragem.
jinhos
a intenção era que as pessoas que aqui passam percebam melhor em que bases se fundamentaram estas decisões, espero ter conseguido(que esta trabalheira, tenha dado algum fruto lol)...
tenho imensa pena que não tenha sido passada a informação necessária a que as populações entandam. no exemplo que dei, acho que ninguém poderá em consciência admitir que é uma má decisão, mas os habitantes de Peniche iráo reclamar, claro. se ninguém lhes explicar que para quem morre a caminho das Caldas e de Lisboa, o melhor era que essa urgência não existisse e o transporte se fizesse de forma rápida para outra lado...
bom, também estou curiosa em relação ao prós e contras. rezo para que lá esteja alguém lúcido e eloquente..:))
beijinhos
olá, bem vindo!
repare bem nos mapas publicados em cima...
as urgências estão melhor distribuidas. e pense no tamanho do país que temos. não será melhor apostar em transporte rápido e uma rede do INEM eficaz directa aos centros melhor apetrechados?
cumps
serão melhoradas as polivalentes. à custa das outras, cujo movimento e equipamento técnico e humano é deficiente.
beijinho
em relação a Aveiro, vi esta notícia
"Oserviço de Urgência do Hospital Infante D. Pedro de Aveiro tem estado a atender por dia mais de 400 utentes, um número bastante superior ao que se verificava antes da transformação de três Serviços de Atendimento Permanente (SAP) das redondezas em serviço de consulta prolongada.
isto, faz sentido. uma urgencia central, deve estar preparada e equipada pra isto. enquanto os SAPS atendem em horário alargado as coisas mais vulgares. o que não faz sentido é um serviço de urgencia estar subaproveitado. entendes o que quero dizer?
falas de que esvaziamento??
aveiro está previsto continuar a ser um SU medico-cirurgico..
beijos
Admiro a tua coragem de vires aqui defender a posição certa e contra a corrente.
Mas também é a posição inteligente de quem sabe que a situação actual é insustentável.
Ter centenas de "urgencias" abertas que não têm meios tecnicos e humanos para funcionar, é absurdo.
Aquilo que se pretende é melhorar o serviço pré hospitalar, levar directamente os doentes para o hospital adequado e com meios para o receber e tratar,
e redistribuir os s. de urgencia de modo a que existam menos pessoas sem acesso rápido aos cuidados basicos e a diferenciados de saude.
Gostaria muito de ver responsáveis como o L.Cuña e o P. Freitas a explicarem na Televisão este assunto.
Mas mexer com os poderes (locais?) instalados é sempre complicado.
Beijos grandes
(vou-me embora, senão chego atrazada á nossa urgência)
Obrigada miuda:))
pois também eu gostaria muito de ver o P.Freitas a explicar aquilo que ele conhece e explica como ninguém, afinal uma daquelas assinaturas é dele. Ou o L.Cuña, afinal umas das maiores Urgencias do país "é dele"... mas receio que como sempre convidem mais uns engravatados (:p)com a cartilha mal estudada, que percebem de eleições mas percebem pouco de saúde...:))
jinhos, até logo e bom trabalho.
E nesse sentido, a informação que disponibilizou aqui no blog, é um verdadeiro acto de Serviço Público, digno de homenagem. O meu muito obrigada.
Escrevo na qualidade de cidadã e utente. Não tenho conhecimentos (ténicos) para mais. No entanto, sou sensível (e a Cristina tb o será, não duvido !) ao facto de que em determinadas regiões do País, a perda de uma unidade de urgência, pode diminuir a capacidade de resposta às necessidades da população, considerando a distância geográfica, a qual aumentará em certos casos. Nem todas as pessoas dispõem de transporte próprio. O caso das mortes em Odemira, é bem exemplar. Diga lá o Ministro o que disser.
Neste aspecto, o da saúde, como em muitos outros, ainda se pode dizer que ... Lisboa é Lisboa, e o resto é paisagem.
Se de facto forem garantidas condições de transporte, então eu calar-me-ei. Mas não se esqueça que a gestão do 112, tem sido polémica. Atente-se desde logo,a precariedade dos contratos de trabalho dos funcionários do 112, a falta do nº de viaturas necessárias, etc. Assim como tudo o que se passa no Serviço Nacional de Bombeiros, outro braço importante das Urgências.
Daniel Oliveira do Eixo do Mal, referia este sábado, um aspecto importante: nas regiões mais interiores, para as pessoas que lá vivem, a perda de um serviço de saúde, é mais uma perda (até simbólica !!) a somar a outras tantas perdas, que têm vindo a acontecer, e que os veta para um lugar cada vez mais "distante", sem continuidade de condições de vivência e sobrevivência.
Justamente, ao contrário do que deveria acontecer.
Deixo esta pergunta:
- Na base das decisões tomadas, terão sido realizados inquéritos às populações locais, no sentido de saber, as suas reais necessidades ???
um abraço
entendo perfeitamente o que diz, mas repare: se estas populações tivessem um centro de saúde a funcionar bem e com atendimento em horário alargado, seguramente não se sentiriam "abandonadas". a solução não passa necessariamente por um serviço de urgencia, até porque as EMERGENCIAS são seguramente poucas. e se além disso poderem ser transportados a uma urgencia em 30 a 40 minutos, o problema está resolvido.
é aqui que tem que se apostar de modo a que tenham acesso a uma urgencia que não tenha que os enviar para outro lado...
quanto ao inquérito, em decisões eminentemente técnicas, que obedecem a protocolos aceites internacionalmente, duvido que a opinião "emotiva" ajude a decidir. este estudo está acompanhado a cada passo do que é a realidade de vários países da europa e de hospitais estrangeiros...a nossa diferença é basicamente naquilo a que chamamos "urgencia" e que lá fora nem seria considerado, entendo?chamemos-lhe então outra coisa, será outro tipo de atendimento, não uma urgencia hospitalar. de resto os racios portugueses não seão inferiores se comparados com os outros países. ou seja, o nº de urgencias medico-cirurgicas e polivalentes em relação ao numero de habitantes atendidos. muito pelo contrario,temos mais. mas será que valem a pena? a questão é essa.
dou-lhe um exemplo: o nosso país tem numero de habitantes para duas unidades de transplante hepatico?? não!! isto em relação a outros países será um ultra luxo, que custa fortunas e não acrescenta nada à população. para 10 milhões basta um a funcionar a sério. mesmo assim, se calhar não transplantava tanto como alguns centros europeus, está a ver o que quero dizer?
desculpe a pressa, volto mais tarde..
jinhos