e já que a coisa vai por aí...

lembrei-me de um texto sobejamente conhecido, normalmente atribuido a Luis Veríssimo mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, na sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo
.
Nunca é demais recordar....

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania deviver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto,contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada , mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem quetodas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas quenão podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória édesperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Comentários

Mel disse…
há tantos quases na vida....uns bons e outro nem por isso,mas é a vida
MC disse…
Também acho. O quase é uma coisa terrivel. Por vezes é mesmo desesperante. Estar quase e não chegar lá... quem ainda não sentiu uma coisa dessas?
O quase é, sem duvida, uma desilusão.
Mas acho que a virtude está no meio porque no meio está o bom senso. Mas é só uma opinião. Que vale o que vale.
Anónimo disse…
Tenho um ficheiro (não sei se é assim que se designa) deste texto, daqueles que até música têm. É com toda a certeza o texto/ficheiro que enviei mais vezes até hoje.

Que dizer desta pérola?
Que é... tão descaradamente verdadeiro que até doí.
Anónimo disse…
Ahhhh começar o dia com uma coisa destas. :)
Beijos e bom fim de semana, linda.
Cristina disse…
immoral

cabe-nos torna-los efectivos...;)

beijos
Cristina disse…
justbefair

às vezes tanto bom senso que até chateia...

;)
Cristina disse…
dalloway

e como dói....não ha analgésico que cure..

beijocas
Cristina disse…
catarina

e é....prazer em revê-la, companheira!

beijocas
Unknown disse…
o Luis Veríssimo tem destas coisas... dizer estas coisas que nos tocam, que nos rodeiam...
Cristina disse…
paulo

e uma sensibilidade envolta num sentido de humor finissimo..

se quiser dar-se ao trabalho, leia os textos do marcador luis verissimo :)

beijos

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