ai que não lêem os manuais!
No zapping blogosférico deparo-me com mais uma guerra tipo "orgulho gay vs palhaçada".
A coisa, ou o bate-tecla, começa a propósito dos casamentos gay com que J.Távora do Corta-Fitas não concorda o que não é o meu caso; eu acho que sim, que têm todo o direito de formar uma família com iguais direitos e deveres, mas não é isto que vem ao caso.
A coisa, ou o bate-tecla, começa a propósito dos casamentos gay com que J.Távora do Corta-Fitas não concorda o que não é o meu caso; eu acho que sim, que têm todo o direito de formar uma família com iguais direitos e deveres, mas não é isto que vem ao caso.
O que me surpreendeu foi a resposta num post do Arrastão a propósito das paradas gay e que acaba com Não percebem que quando os gays vêm à rua como vieram no sábado, vêm mostrar tudo o que eles não gostam. Só para dizer uma coisa: não é para que gostem. É mesmo para que se incomodem se os incomodar. Porque apesar de ouvirem a vida toda os insultos com que os brindei neste texto, eles gostam de ser o que são. Não querem ser toleráveis para terem direitos. Querem os mesmos direitos que todos os que os acham intoleráveis têm. Não querem simpatia. Não querem que os heterossexuais os achem esteticamente suportáveis para lhes concederem finalmente a cidadania plena. Querem apenas, sem ter de pedir licença. E fazem muito bem. Exigirem menos do que isso seria vergonha. Falta de orgulho. ao que no Corta-Fitas se responde com estas palavras: Mas deixe estar, força com a cruzada (?!), acenda um charrinho e ponha-se assim na rua, na marmelada, que eu não olho. Mesmo emparelhado com Angelina Jolie deve ser assim (que nojo!) uma “coisa linda de se ver”. É que isto de grandes intimidades afectivas em público fazem-me um pouco de confusão. No cinema até pode ser bonito, e mesmo assim, se tiver acompanhado com os miúdos fico um pouco atrapalhado. Parvoíces de conservadores.
E achei curioso. Achei curioso, porque tinha acabado de ler dois posts no Mídia sem Máscara muito interessantes sobre o título After the Ball : "Os Cadernos do Cárcere" do movimento gay-Parte I e II.
Da Parte I, retiro o seguinte:
....Porque, você sabe, o baile terminou. Ao vigésimo aniversário de Stonewall, eles estão finalmente recolhendo as cadeiras, embalando a poncheira e retirando as bandeirinhas. As máscaras funcionaram e os ridículos vestidos de baile tiveram sua última despedida. O belo salão está vazio. Amanhã, a verdadeira revolução gay se inicia. Pois então vá para casa, troque-se e esteja na estação às oito".
O trecho acima foi extraído do livro 'After the Ball – How America will conquer its fear and hatred of Gays in the 90's' (p.382) (Depois do baile – Como a América vencerá seu medo e ódio de gays nos anos 90), por Marshall Kirk e Hunter Madsen.
Lançado em 1989, é considerado o manifesto gay par excellence para os anos 1990, por sua objetividade (embora com certa afetação de erudição), visão estratégica e factibilidade. É um verdadeiro manual prático do "homossexualismo bom moço", trazendo a nova estratégia para ganhar a opinião pública e a aceitação social completa. Tudo o que lá se encontra foi utilizado nesses mais de 15 anos, e pode-se dizer que funcionou.
Os autores são ambos homossexuais, formados por Harvard nos anos 1980; Kirk em neuropsiquiatria e Madsen em política. Não espere encontrar neste manifesto choros de gays burocratas e de travestis violentados...
E da Parte II o seguinte:
E achei curioso. Achei curioso, porque tinha acabado de ler dois posts no Mídia sem Máscara muito interessantes sobre o título After the Ball : "Os Cadernos do Cárcere" do movimento gay-Parte I e II.
Da Parte I, retiro o seguinte:
....Porque, você sabe, o baile terminou. Ao vigésimo aniversário de Stonewall, eles estão finalmente recolhendo as cadeiras, embalando a poncheira e retirando as bandeirinhas. As máscaras funcionaram e os ridículos vestidos de baile tiveram sua última despedida. O belo salão está vazio. Amanhã, a verdadeira revolução gay se inicia. Pois então vá para casa, troque-se e esteja na estação às oito".
O trecho acima foi extraído do livro 'After the Ball – How America will conquer its fear and hatred of Gays in the 90's' (p.382) (Depois do baile – Como a América vencerá seu medo e ódio de gays nos anos 90), por Marshall Kirk e Hunter Madsen.
Lançado em 1989, é considerado o manifesto gay par excellence para os anos 1990, por sua objetividade (embora com certa afetação de erudição), visão estratégica e factibilidade. É um verdadeiro manual prático do "homossexualismo bom moço", trazendo a nova estratégia para ganhar a opinião pública e a aceitação social completa. Tudo o que lá se encontra foi utilizado nesses mais de 15 anos, e pode-se dizer que funcionou.
Os autores são ambos homossexuais, formados por Harvard nos anos 1980; Kirk em neuropsiquiatria e Madsen em política. Não espere encontrar neste manifesto choros de gays burocratas e de travestis violentados...
E da Parte II o seguinte:
...deste artigo, introduzi a idéia básica da mudança de estratégia do movimento activista gay proposta por Kirk & Madsen: persuasão sem ataque frontal explícito. Digo explícito porque veremos a seguir que sua intenção real é o massacre psicológico completo dos chamados 'homohaters' (algo como odiadores de homossexuais). A estratégia meticulosa consiste em não transparecer que se trata de um massacre. Para isso, manifestações públicas de "beijaços" (kiss-in), pôsteres gigantes de homens se beijando e afins foram oficialmente banidos na estratégia proposta para a fase de conquista completa dos meios de comunicação e, conseqüentemente, da opinião geral. Actitudes agressivas explícitas foram consideradas impróprias, pois o choque comportamental não auxiliaria na conquista psicológica, não sendo persuasivo. Após essa fase de conquista, não haveria mais motivos para autocontenção.
Primeira etapa do processo: Dessensibilização
O processo de dessensibilização é descrito como uma inundação de propaganda pró-gay apresentada da forma menos ofensiva possível. Isso porque o intuito não é mais o de chocar, e sim o de persuadir. Eles explicam:
"mecanismos de alerta respondem às novidades, pois essas representam mudanças do estado usual, e são assim potencialmente importantes (...) Em um ambiente de ameaças, duas coisas podem ocorrer: (1) se o mecanismo de alerta é ativado muito fortemente, a resposta será de fuga ou expulsão da ameaça ou (2) se no entanto a ativação não é considerável ou muito fraca, a ameaça deixa de sê-lo e pode tornar-se apenas uma estranheza e nada mais" (p.148, adaptado)
A aplicação desse conceito na prática:
"O mais importante é falar sobre a gayzisse (gayness) até o assunto se tornar absolutamente entediante" (p.178)
"Busque a dessensibilização e nada mais (...) Se você conseguir fazer com que os heteros pensem que a homossexualidade não tem nada de mais, merecendo nada além de um 'encolher de ombros', então sua luta por direitos sociais e legais está virtualmente ganha" (p.177)
Primeira etapa do processo: Dessensibilização
O processo de dessensibilização é descrito como uma inundação de propaganda pró-gay apresentada da forma menos ofensiva possível. Isso porque o intuito não é mais o de chocar, e sim o de persuadir. Eles explicam:
"mecanismos de alerta respondem às novidades, pois essas representam mudanças do estado usual, e são assim potencialmente importantes (...) Em um ambiente de ameaças, duas coisas podem ocorrer: (1) se o mecanismo de alerta é ativado muito fortemente, a resposta será de fuga ou expulsão da ameaça ou (2) se no entanto a ativação não é considerável ou muito fraca, a ameaça deixa de sê-lo e pode tornar-se apenas uma estranheza e nada mais" (p.148, adaptado)
A aplicação desse conceito na prática:
"O mais importante é falar sobre a gayzisse (gayness) até o assunto se tornar absolutamente entediante" (p.178)
"Busque a dessensibilização e nada mais (...) Se você conseguir fazer com que os heteros pensem que a homossexualidade não tem nada de mais, merecendo nada além de um 'encolher de ombros', então sua luta por direitos sociais e legais está virtualmente ganha" (p.177)
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Ora nem mais!! Um bocadolas fora de moda e estrategicamente pouco eficazes, estas manifestações, não? Esperava pela terceira parte para vos deixar aqui o texto completo, mas hoje vem a calhar. E vale a pena ler as 2 primeiras partes da análise.
Comentários
Bem...engasgou-se-me o cerebelo quando vi as primeiras fotos e pensei: "que sorte a do Brad das Pitas...até eu não me importava nada que ela me mordesse o braçinho (para quem não viu a foto não percebe o trocadilho).....ttrrrrrrrr...naquele instante tive que usar os meus travões ABS e respirei fundo e disse de mim pra comim: "pronto, sou fufa, ou lésbica ou whatever they call..."
Tive que fazer um intervalo porque as hormonas estavam a modos que histeriónicas....
Comecei a ver a revista desde inicio e eis senão quando vejo Reynaldo Gianecchini que está bom comó milho (apesar de achar que mais 5 anos em cima ele fica no ponto ideal para começar a achar-lhe muuuuita piada, agora só lhe acho alguma)....e posto isto lá se me voltou a engasgar o cerebelo... ou melhor...o hipotalamo e comecei a pensar: "ai melher com jeitinho ainda és bissexual, ou cotonete ou whatever they call...
Depois de tanto desassossego, apercebi-me que tudo aquilo se estava a passar no mesmo dia que a gay parade e fiquei desassossegada...mas lá me lembrei de um amigo americano que é gay e que costuma dizer assim:
"Bi now, gay later"
Comentar o seu post Cristina?!
Nãnãninãnã...essas conversas maçam-me e deixam-me exausta este tipo de picardias (nos referidos blogues..e não só!)
comprendo perfeitamente...eu também prefiro de longe comentar os personagem que descreve :))) e a angelina...pois digo.lhe que era bem capaz de me fazer mudar de ideias:))))
agora o post, fico espantada como é que a malta ainda não ultrapassou esta fase. e fico mais espantada ainda, ou admirada, com a estratégia montada por estes dois...incrivel mesmo! para quem se interessar pelo assunto, vale a pena ler, só por isso deixei aí os links, talvez mudem de filosofia de jogo ;)
bjinhos
Por ter ficado duplamente espantada quanto à estratégia utilizada por estes dois senhores é que optei por comentar de forma enviesada...mas com um propósito!
Acho que a Cristina fez bem!
Bom dia Cris e demais comentadores.
Fernando
Então não sabes que essas manifestações, actualmente, apenas servem para mascarar a verdadeira intenção que é a de se fazer mais uma festa de comes, bebes, shows e engate? Então não somos o gay people? Vamos lá perder a oportunidade de organizar mais uma festarola!
Achei um piadão ao comentário da Dalloway quando diz que teve de utilizar os travões ABS ao ter certos pensamentos sobre a Angelina Jolie.
É que, por vezes, quando vejo o tal Reynaldo Gianecchini passam-me pela cabeça pensamentos idênticos e começo a questionar a minha orientação sexual: "Ora bolas, queres ver que sou hetero, straight ou como lhe queiram chamar, depois da trabalheira que foi para me aceitar e assumir como lésbica! Cruzes! Irra!!!"
Tal como o Harryhaller, na próxima vida também quero vir mulher e bissexual que é para nenhuma hipótese ficar de fora.
Beijo
olhe sabe o que lhe digo??? como diz o Harry, passava tudo a BI e não havia maisn confusões.
eu confesso que há mulheres muitissimo atraentes, sensuais, e entendo exactamente como a dalloway: acho que a partir de determinado momento, a "o interruptor" independe de quem está à nossa frente. não tenho grandes duvidas sobre isso...depois, uns aceitam-nos e outros não.
e claro, não tem a ver com a preferencia..
jocas
O post está fantástico, mas os comentários que me antecedem não lheficam atrás. Por todos os blogs onde a Pride se discute haverá assim a modos que uma invejaça gorda deste teu post...
Por isso sublinho a importância das obras que refere. Mesmo não sendo muito recentes continuam extremamente actuais em Portugal
Mas é uma vez por ano, no mundo inteiro.
E então o carnaval? só porque é mulher boa?
O barulho que alguns blogs, estão a fazer, não são só os que falaste,
é só porque além de descontroladamente consrvadores (aquela de ter os filhos ao lado no cinema, só dá vontade de chorar)
e dum machismo heterosexual que mete nojo.
Estes fulanos é que estão passados de moda. Em tudo, até na educação dos filhos.
nada me move contra eles e elas, tenho imensos amigos, pessoas que prezo, que são gays.
como eles dizem, "Actitudes agressivas explícitas foram consideradas impróprias, pois o choque comportamental não auxiliaria na conquista psicológica, não sendo persuasivo."
Portugal continua sempre atrás...:))
beijos
podemos retirar os filhos da coisa. e isso só prova que a estratégia é errada, como ja os autores concluiram e desincentivaram ha 15 anos!!!
avançar pelo choque nunca deu resultados pelo contrário: atrasa-os, porque depois é muito mais dificil de reverter. isto parece-me também óbvio.
beijos
também eu. mas não é por paradas gay que vem a aceitação, não concordas? é motivo de gozo, não de respeito. e penso que o que se pretende é que sejam respeitados. digo eu...
bj
é uma vergonha essa bichanice toda pelas ruas a fazerem todas aquelas figuras tristes, perdem logo todo o crédito, se alguma vez terão algum, de reivindicar o que quer que seja, como se tivessem direito de criar o que quer que fosse, se não contribuem em nada para a natalidade
querem família adoptem cães, há por aí muito animal abandonado, é a única família que deviam ter direito a ter
é por isto, só por isto, que a Parade deve valer a pena para quem a promove e participa, porque este tipo de opinião que este anónimo manifestou parece-me que é mais comum do que imaginamos...apenas com contornos mais "elegantes"
se é que se consegue ser elegante, defendendo qq tipo de descriminação ou opção de genero
bjos cris
cs
no fundo, é a opinião que faltava não é?
e é bom que tenha surgido porque é um bom teste sobre até que ponto nos incomoda...ofender-se com este tipo de coisa querida?
se quisermos então seguir os "ensinamentos" dos autores do livro, utilizamos a pseudo-análise e a teoria da homofobia para esconder sua homossexualidade. aí, sorriremos displicentemente sussurando um coitado...
não se sente melhor?
um beijo
de qualquer forma, tanta gente por esse mundo fora que se manifesta, não acredito que seja só por exibicionismo.
a histeria faz parte da sociedade. os homossexuais não estão excluídos,obviamente. mas grande parte deles deseja tão somente que, através dessa visibilidade "à força", se note que a maioria é igual a todo o mundo.
e nem todos os que vão na marcha, no seu dia a dia, são histéricos esteriotipados e cheios de maneirismos e essas coisas todas que tanto arreliam as pessoas.
às vezes é muito fácil dizer-se que devia ser assim e assado, quando se está de fora.
e eu até estou à vontade para falar assim, que nunca fui a nenhuma marcha.
beijos giraça ;)
olha, se é para mostrar a realidade, acho que fazem mais o Almodovar e o Manuel Gómez Pereira pela aceitação, ou pela tal dessensibilização, mesmo exagerando, que as marchas :)))
de facto, o humor ultrapassa muitas barreiras.
beijocas lindona.
Querem viver juntos? Pois que vivam, afinal não têem outra opção, não gostam do sexo opsto, agora criar e educar crianças como pais, pai e pai, ou então, mãe e mãe, ridículo
Gay parade, uma parada de bichanices, de bichas irreverentes a quererem chocar como um adolescente o faz perante os pais, perante a sociedade, estes, os adolescentes sustentam naturalmente o seu processo de crescimento, as bichas sustentam as suas deformidades, mentais e físicas, principalmente as mentais
E vocês parecem uma parade de penosos que chegam até a ofende-los mais com esse dó mascarado de tolerância
Paulo
se conseguir fazer comentários de jeito, a gente depois responde:))
ah, e seja feliz, se souber.:)
Peço-te desculpa por voltar aqui mas, ao lerem-se pérolas como a desse anónimo e a do outro lá em cima, que se calhar é o mesmo e, ainda, os vários blogues homofóbicos que pululam pela blogsfera, fácilmente se concluí que os homossexuais não podem ter "ultrapassado essa fase..."
Beijo
ah é verdade não é fruto é um recurso...
ah é verdade o que a sua mãe realmnte pensa, não aquilo que ela lhe diz
pois nunca havemos de saber não é, claro.
Paulo, (o primeiro anónimo sou eu também)
cristina acho também piada a este seu blog, como direi, opinifóbico tal qual os homofóbicos
azedume?!
cristina não devemos estar a falar da mesma coisa, ou então não se está referir a mim, nem tom nem azedume, é só a constatação da realidade e da minha opinião
para além disso bem vistas as coisas, vejo mais tom na duca e azedume em si, sim em si, essa reacção em relação à minha opinião
mas as coisas são mesmo assim cada universo, que é como quem diz cada pessoa vê impreterivelmente sempre de dentro para fora, o exercício inverso, porque de um exercício terá de se tratar, dá muito trabalho, veda a aceitação e a compreenção em relação aos outros, ou não.
o mesmo paulo