custo vs benefício



Não é novidade que a China é um dos maiores censores da Net. Mas há mais. A OpenNet, organização formada pelas Universidades de Oxford, Cambridge, Harvard e Toronto, estudaram os filtros que os governos aplicam em termos de matéria política, social e de segurança.
Entre os países censores existem várias escalas de censura e várias motivações: há os que filtram o acesso a determinadas páginas consideradas moralmente inapropriadas para os cidadãos e os que eliminam referências políticas não coincidentes com as políticas dos respectivos governos ou que rastreiam a Net em busca de referências a actividades "terroristas".
Uma censura moderada é considerada a da Coreia do Sul que só veda o acesso a conteúdos relacionados com os vizinhos do Norte.
Um exemplo de intervenção férrea é a da China. Aí, a Net é inútil no que respeita a informações sobre vários assuntos como por exemplo, Tiananmen, ou "independência do Tibete" , ou ainda "independência de Taiwan". Segundo informações dos Repórteres Sem Fronteiras, este país mantém presos 52 ciberdissidentes.
Há ainda cinco países em que a censura política é máxima: Irão, Myanmar(antiga Birmânia), Síria, Vietnam e Tunísia.
Os mais restritivos em matéria social são sobretudo os países muçulmanos como Oman ou Arábia Saudita.
Entre os mais preocupados com a segurança estão a China, Paquistão e Coreia.
Para ocultar os sites que não lhes interessam, estes paises contam com a ajuda dos grandes motores de busca da Internet. Os mais potentes eliminam conteúdos ou disponibilizam só os resultados tolerados pelo Estado. O Google argumenta que não pode ir contra a lei dos países respondendo às críticas com um "é melhor dar alguma informação do que não dar nada" e justifica assim a permanência no mercado chinês que, em algumas ocasiões, oculta muito mais do que mostra aos internautas.
[via El Pais]
No caso da China, a censura é assumida quando se insere na versão chinesa do seu motor de busca o disclaimer "In order to comply with local laws and regulations, some of your search results will not be shown".
[A seguir estão os resultados para a busca da palavra: "tiananmen" nas versões chinesa e internacional do Google: Google China, Google Internacional, Google Brasil, Google Portugal .]

Temos assim que, o terceiro país do mundo em número de cibernautas, a seguir aos EUA e Japão, com 111 milhões de utilizadores, só acede a uma parte da net.
Entretanto, a embaraçosa decisão para a administração do Google, que teve de escolher entre a sempre louvável liberdade de expressão e os negócios chorudos que se perspectivam na China, foi alvo de uma iniciativa de alguns accionistas que pretendiam aprovar novos regulamentos que impedissem a aplicação de mecanismos ou dispositivos de auto-censura em todos os países onde opera. A proposta foi chumbada pelo restante corpo accionista sob recomendação da direcção.
Como deveriam os motores de busca actuar?
Independentemente das vantagens comerciais, penso que há alguma razão na argumentação dos responsáveis do Google quando dizem que é preferível ter alguma coisa. Penso que muito pior que a censura, seria não ter, de todo, acesso ao uso de motores de pesquisa como os que todo o mundo usa diariamente. Ou seja, a questão que me parece pertinente é: esta fragmentação é uma limitação à ideia de aldeia global, ou pelo contrário, é um contributo para a sua concretização ainda que limitada? É verdade que o Google acedeu à censura, mas também é verdade que estando lá, permitiu a milhões de pessoas o acesso a uma infinidade de informação e ao contacto com o resto do Mundo.

Comentários

Francis disse…
A primeira vez que fui á China, em 1999, havia por todo o lado, principalmente em cidades do interior, vários anuncios a solicitar estrangeiros que quisessem ali ficar para ensinar ferramentas WEB aos locais. Davam casa, facilidade de vidto e um ordenado bom para o custo de vida lá. Em 2001 ainda existiam alguns cartazes, a partir daí nunca mais.
Anónimo disse…
Bem....a China nem democracia é.....aqui em meu país que só tem uma constituição democratica desde 88 e no qual gozamos ,hoje, de uma grande liberdade, se discute uma maneira de cercear e punir comentários e textos desairosos na internet por ex. oriundos de blogs e coisas como o MSN....
Mas censurar ,hoje, aqui, seria como tocar fogo em gasolina....de certo seria explosão!
Mas a China é só um arremedo de país(não há oposicionistas!)... não mais que uma gigantesca "obra" aonde os capitalistas Ocidentais, niponicos e Chineses ganham muito dinheiro a um custo para a natureza e para as populações quase inaceitável....
Já pensaram que esses produtos baratinhos que se compra com o "made inChin" podem ser de trabalho escravo, trabalho de presos( nas piores condições) ou de gente que ganha não mais que 01 dollar por dia!?
Tenho medo de tudo que vem hoje da China.... sorry! EEEEE.....
Cristina disse…
Francis!
estrangeiros que quisessem ensinar ferramentas WEB aos locais?

que coisa incrivel..e ficava-se, assim..?
lool, que engraçado.
Cristina disse…
Mané

pode ser, não, é! a merda é que eu não sei se os países ocidentais ocidentais que se preocupam com isso, se se preocupam com os escravos ou com o preço dos produtos...

anyway, qual é a sua opiniãop sobre a questão do post: o custo vs benefíco?

beijos
Anónimo disse…
A coisa que mais admirei quando visitei a China foi ver tanta gente a falar chinês.
Não os sabia tão evoluidos...
Francis disse…
cristina,

sim é verdade.

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