eu bem disse que nos havíamos de encontrar.



Da Introdução:
...Então Camões não era aquilo que ensinavam na escola?! Um poeta émulo de Homero, espadachim de vielas de má nota nas horas vagas, com entrada no Paço, tu cá, tu lá com os grandes, amante feliz dumas açafatas, enamorado platónico doutras, estro sempre a ponto para glosar um mote, colar encanudado e bofes de renda à Lord Brooke, numa palavra um gentilhomem pobre, mas invejável, como está admitido por gregos e troianos?!... (...) Agora, bati com aturada paciência os lugares consabidos do derroteiro camoniano e esvaziei o alforge cheio dos coca-bichinhos. Mortifiquei-me a procurar Camões, o verdadeiro. A maior dificuldade esteve, de princípio, em remover o entulho debaixo do qual jazia sepultado. Até me arrojar, em seguida, a demolir os túmulos grandiosos, mas de todo bisantinos, das biografias, romanceadas com o propósito cândido de engrandecer o homem, supondo que melhor exalçavam o poeta, foi um drama. Ao fim de tudo, a minha convicção é que o Camões real, esse que viveu, amou, penou, está tão longe do Camões fabuloso como o ovo dum espeto.
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in Luis de Camões de Aquilino Ribeiro, edição Livraria Bertrand, 1950
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(depois eu digo onde encontrei esta pérola)

Comentários

Mocho Falante disse…
Afinal então o senhor sofria de dupla personalidade ou o autor do texto não anda a tomar as gotas

beijocas
Cristina disse…
mocho

o texto é interessantissimo, estou curiosa para ler o resto:)

beijos
Anónimo disse…
Ora bolas Cristina Vieira!!!
A menina está curiosa para ler o resto, está?!
Atão e eu?!
Cum canecu Cristina Vieira!!!!
Cristina disse…
dalloway

looool, depois empresto :))

beijocas

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