MST no Expresso:
Há mais de dez anos que vivemos com esta espada suspensa sobre a cabeça: quando não têm mais nada com que se entreter para exibir a sua importância, os senhores da Academia das Ciências e os ministros dos Estrangeiros gostam de nos ameaçar com o acordo ortográfico, cujo objectivo único é por-nos a escrever como os brasileiros, assim lhes facilitando a sua penetração e influência nos países de expressão portuguesa. Como disse Vasco Graça Moura, o acordo é um «diktat» neo-colonial, em que o mais forte (o Brasil) determina a sua vontade ao mais fraco (Portugal). Alguém imagina os Estados Unidos a ditarem à Inglaterra as regras ortográficas da língua inglesa? Ou o Canadá a ditar as do francês à França ou a Venezuela as do espanhol a Espanha?
Dizem que isto vai facilitar a penetração da literatura portuguesa no Brasil, mas ninguém perguntou a opinião aos autores portugueses. Há quatro anos atrás, publiquei um livro no Brasil e, contra a opinião de alguns ‘sábios’ e as várias insistências da editora brasileira, o livro reza assim na ficha técnica: “A pedido do autor, foi mantida a grafia da edição original portuguesa”. Apesar dos agoiros de desastre que essa teimosia minha implicaria, o livro vendeu até hoje cerca de 50.000 exemplares no Brasil. Perdoem-me a imodéstia, mas orgulho-me de ter feito bem mais pela nossa língua no Brasil do que todos esses que se dispõem a vendê-la como coisa velha e descartável.
Dizem que isto vai facilitar a penetração da literatura portuguesa no Brasil, mas ninguém perguntou a opinião aos autores portugueses. Há quatro anos atrás, publiquei um livro no Brasil e, contra a opinião de alguns ‘sábios’ e as várias insistências da editora brasileira, o livro reza assim na ficha técnica: “A pedido do autor, foi mantida a grafia da edição original portuguesa”. Apesar dos agoiros de desastre que essa teimosia minha implicaria, o livro vendeu até hoje cerca de 50.000 exemplares no Brasil. Perdoem-me a imodéstia, mas orgulho-me de ter feito bem mais pela nossa língua no Brasil do que todos esses que se dispõem a vendê-la como coisa velha e descartável.
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A primeira sensação, vivida por escritores brasileiros ou portugueses tem a ver com a sensação, iniludível, de uma perda afectiva — o trema, as consoantes mudas, os acentos nas paroxítonas, o fim do acento agudo nos ditongos abertos, três novas consoantes adoptadas, mais um certo número de casos que mudarão a grafia aqui e ali.
Se no caso brasileiro só 0,45% das palavras mudarão de ortografia, o caso português acrescenta um pouco mais menos de 3%, suponho. Diante dessa baixa percentagem de mudanças, qualquer posição soará como insignificante. Os políticos assumem que a Língua Portuguesa ficará "mais forte" e que essa unificação levará a uma maior credibilização no domínio internacional. Talvez seja um argumento pífio, mas convém desdramatizar: o essencial do português de Portugal e do português do Brasil não mudará substancialmente. Continuaremos a dizer autocarro quando os brasileiros escrevem e dizem ônibus, manteremos talho onde no Brasil se usa açougue. A Língua Portuguesa não sofrerá com isso. Os onze ou doze milhões de falantes europeus, os cento e oitenta milhões da América, e os cerca de vinte milhões de África terão, portanto, uma grafia idêntica. Passaremos a escrever ação em vez de acção. Os brasileiros deixarão de escrever acadêmico e tirarão o trema a tranqüilo.
Perder-se-á muito? Ganharemos em comunicabilidade? É legítima essa mudança? Ou seja pode um grupo de linguistas, iluminados ou não (geralmente tenho dúvidas), decretar essa mudança?
Acontece que nós não somos donos da nossa língua. Ela é mais falada fora das nossas fronteiras do que em Portugal. Acontece que a maior parte das inovações, rasgos de originalidade e de criatividade que têm sido acrescentados à nossa Língua, têm chegado de fora — e do Brasil mais do que de outro lugar.
Se no caso brasileiro só 0,45% das palavras mudarão de ortografia, o caso português acrescenta um pouco mais menos de 3%, suponho. Diante dessa baixa percentagem de mudanças, qualquer posição soará como insignificante. Os políticos assumem que a Língua Portuguesa ficará "mais forte" e que essa unificação levará a uma maior credibilização no domínio internacional. Talvez seja um argumento pífio, mas convém desdramatizar: o essencial do português de Portugal e do português do Brasil não mudará substancialmente. Continuaremos a dizer autocarro quando os brasileiros escrevem e dizem ônibus, manteremos talho onde no Brasil se usa açougue. A Língua Portuguesa não sofrerá com isso. Os onze ou doze milhões de falantes europeus, os cento e oitenta milhões da América, e os cerca de vinte milhões de África terão, portanto, uma grafia idêntica. Passaremos a escrever ação em vez de acção. Os brasileiros deixarão de escrever acadêmico e tirarão o trema a tranqüilo.
Perder-se-á muito? Ganharemos em comunicabilidade? É legítima essa mudança? Ou seja pode um grupo de linguistas, iluminados ou não (geralmente tenho dúvidas), decretar essa mudança?
Acontece que nós não somos donos da nossa língua. Ela é mais falada fora das nossas fronteiras do que em Portugal. Acontece que a maior parte das inovações, rasgos de originalidade e de criatividade que têm sido acrescentados à nossa Língua, têm chegado de fora — e do Brasil mais do que de outro lugar.
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A ler: os fundamentos do acordo numa página(do sapo) cujo autor não consta, mas muito bem explicado.
Comentários
Não lhe passa pela cabeça que uma língua evolua. Que se phod... (com "ph" que deve ser a maneira que ele gosta mais) mais as opiniões dele a disfarçar a cristalização de pensamento de que enferma.
Claro que nos faz estranheza, a nós que aprendemos assim, a mudança. Problema nosso.
E não esqueçamos que a grafia já mudou tantas vezes
Quando foi morto rrey Balduc o voador, reynou seu filho que ouue nome Leyr. E este rrey Leyr nõ ouue filho, mas ouue tres filhas muy fermosas e amaua-as mujto. E huũ dia ouue sas rrazoões com ellas e disse-lhes que lhe dissessem verdade quall dellas o amaua mais. Disse a mayor que nõ auia cousa no mundo que tãto amasse como elle, e disse a outra que o amaua tanto como ssy meesma, e disse a terçeira, que era a meor, que o amaua tanto como deue d'amar filha a padre. E elle quis-lhe mall porem, e por esto nõ lhe quis dar parte no reyno. E casou a filha mayor com o duque de Cornoalha, e casou a outra com Rey de Tostia, e nom curou da meor. Mas ella por sa vemtujra casou-sse melhor que nẽhũa das outras, ca se pagou della el-Rey de Framça e filhou-a por molher. E depois seu padre della em sa velhiçe filharom-lhe seus gemrros a terra e foy malladamte, e ouue a tornar aa merçee del-Rey de Framça e de sa filha a meor a que nõ quis dar parte do reyno. E elles reçeberõ-no muy bẽ e derom-lhe todas as cousas que lhe forom mester e homrrarõ-no mentre foy uiuo, e morreo em seu poder
Uma versão mais actual
Quando foi morto rei Balduc, o Voador, reinou seu filho que houve nome Leyr. E este rei Leyr não houve filho, mas houve três filhas mui fermosas e amava-as muito. E um dia houve sas razões com elas e disse-lhes que lhe dissessem verdade: qual delas o amava mais. Disse a maior que não havia cousa no mundo que tanto amasse como ele, e disse a outra que o amava tanto como si mesma, e disse a terceira, que era a meor, que o amava tanto como deve de amar filha a padre. E ele quis-lhe mal porém, e por isto não lhe quis dar parte no reino. E casou a filha maior com o duque de Cornualha, e casou a outra com Rei de Tóstia, e não curou da meor. Mas ela por sa ventura casou-se melhor que nenhuma das outras, ca se pagou dela el-Rei de França e filhou-a por mulher. E depois seu padre dela em sa velhice filharam-lhe seus genros a terra e foi maladante, e houve a tornar à mercê del-Rei de França e de sa filha a meor a que não quis dar parte do reino. E eles receberam-no mui bem e deram-lhe todas as cousas que lhe foram mester e honraram-no mentre foi vivo, e morreu em seu poder.
Acho que é óbvio
O acorrdo não pretendji qui nóis começemos falando desti jeito. Sómenti que escrevamos os sons qui prronunciamos di outra forma. Viu cara?
:p
O artigo dele já estava no post ou foi acrescentado depois?
o link que deixei aí também é bom.
E por que carga de água temos que ser nós a fazer a adaptação e não os outros?
É pena que não esteja já em vigor.
Imaginemos quão teria sido mais fácil para todas as crianças que entretanto começaram a aprender ler se os c, h, p, que já não se dizem, tivessem desaparecido.
Primeiro diz-se à criança de 5, 6 anos que a letra 'c' se pode ler desta e daquela maneira...Certo dia aparece uma palavra em que ela não se lê e diz-se também à criança de 5, 6 anos que afinal também há situações em que a letra tem de se escrever, mas afinal não se lê.
Isto para não falar do 'h'...
Complicado.
É claro que, para nós, escrever humor sem h vai deixar de ter piada... :)
Nestas coisas, como noutras , o essencial é a 'praxis'. E esta há muito que nos disse que já devíamos ter actualizado a ortografia. Porque é disso que se trata - duma actualização. Nada mais.
*Obrigada pelos fundamentos. É pena não estar identificado.
Texto claro, conciso e correcto. Os três 'cês' essenciais na escrita. ;)
beijocas.
credo.. as palavras ficam tão esquisitas.
O Português do continente é a Matriz original, e como matriz assim deverá ser preservado, pesem todas as naturais evoluções que são naturais nas línguas vivas. Deixemo-nos de eufemismos e seguidismos bacocos. Este novo acordo é uma aberração de igual teor a essa monstruosidade que dá pelo nome de TLEBS.
Aprendi a escrever Português com quinze anos após ter vindo das Caraíbas, onde se fala uma grande quantidade de línguas,entre os quais vários creolos, e obviamente inglês, holandês, castelhano e uma espécie de português. Digo uma espécie de português, pois os muitos idiomas influenciam-se mutuamente e assim e do mesmo modo, todos eles se falam "uma espécie" ao incorporar vocábulos e expressões uns dos outros.
Deverá então adoptar-se na escrita e na oralidade geral as mutações locais? Talvez sim e localmente se se tornarem norma local, mas dificilmente se poderá arrogar substituir a matriz original, ou seja passar a ser a norma geral. Porque é aí que tudo reside, a norma.
O que é a norma numa língua?
Donde deriva o português?
Como é que ele evoluiu?
Qual é a matriz principal?
O português como idioma é talvez o mais completo e complexo do mundo e é essa a sua riqueza.
Se os brasileiros, num legitimo desejo de se distanciarem do nosso falar, resolverem alterar fonia, a grafia, a semântica etc fazendo tábua rasa do que está na origem da palavra escrita, estão no seu direito. Poderão chamar ao idioma qualquer outra coisa, menos português standard, esse é o nosso, o de portugal.
Como costumo dizer aos meus primos que vivem em S. Paulo: Nos somos o original, vocês a cópia.
Aliás não entendo bem este seguidismo palermóide, pois por todo o mundo tanto o inglês como o castelhano, tem falares e grafias diferentes consoante os paises e as evoluções que os idiomas sofreram.
Não se consta que na inglaterra não se consiga ler um texto escrito em Neo-zeelandês, e muito menos seria de esperar que algum inglês levasse a sério se de repente uns pseudo intelectuais decidissem que todo o inglês, desde os EUA até à Austrália tivesse de ter a mesma grafia.
No caso do português tal pretensão é ainda mais grave pois como é sabido, no Brasil o idioma evoluiu num sentido que em muitos casos se pode chamar de involução. Ganhou nos novos vocábulos, riqueza de sonoridades e expressões, o que perdeu em erudição. É um erro crasso querer uniformizar o que jamais será uniformizável.
Por mim, não contem que alguma vez um leitor meu fique á nora por ter lido uma frase destas tirada da minha caneta:
" é um fato que enquanto eu não ato o nó do sapato não fico de fato completo para atuar neste ato..."
entendo isso mas que é esquisito é...no Pedro Doria faz-me impressão ver tanta palavra "mal escrita" em gente que escreve bem...bué esquisito
portanto, pra ti uma ação é uma acção, um diretor é um director e não cá trapalhices nem exceções...:))
muito bem, tudo em armonia ;)
porque supostamente somos nós que temos a parte que dificulta. por exemplo, é dificil explicares a um estrangeiro porque é que acção tem dois cês. ou porque é que óptimo tem um pê. é por isso que eles dizem, por exemplo, que o espanhol é mais facil que o portugues, não tem tanto apendice...
para cumulo nem agá se escreve com agá :))
é uma coisa de pele não é?? arrepia um bocado ver um texto assim, como os livros brasileiros, a construção das frases não faz impressão mas as palavras sim.
quanto ao texto, eu gostei muito, quando a polémica estiver mais acesa, talvez o publique. pena, de facto, ninguém o ter assinado..
beijocas
loool, gostei da ultima frase, ou melhor, dizer que gostei é exagero...
lê a pagina que aí deixei, os fundamentos da coisa e diz se depois ainda pensas o mesmo :)
beijos
O que é a norma numa língua?
Donde deriva o português?
Como é que ele evoluiu?
Qual é a matriz principal?
A matriz será, julgo, o latim.
Deverá então adoptar-se na escrita e na oralidade geral as mutações locais? - Claro. Porque não?
Do vocábulo latino 'planum', temos no léxico português actual dois: plano e chão. Saberá, com certeza, charlie. O primeiro via erudita, como é óbvio, e o segundo via popular.
E a questão é exactamente a mesma. Palavras que foram sofrendo alterações na sua ortografia, porque foneticamente foram evoluindo.
ehehehhehe...Cristina, vou contar-te um segredo. Talvez por defeito de profissão (:D) há muito que deixei de valorizar os erros ortográficos. E aqueles que, de facto, me arrepiam são os de frase. É na frase, com a frase, pela frase que nós comunicamos. Dita ou escrita. E não imaginas a quantidade de textos que leio por ano, muitos até com poucos erros ortográficos, mas sem qualquer sentido, nexo...
Isso sem é que é grave.
Claro que, esteticamente falando, as palavras ficam estranhíssimas.
As edições de Paulo Coelho, que é tido como o escritor que mais vende no mundo (corrijam-me se estiver errada),há muito que são publicadas em português de Portugal (não sou sua leitora mas sei que assim é)
Muito obrigada Cristina por ter facultado o texto "os fundamentos" que para mim foi fundamental para melhor compreensão do acordo.
Sinto-me privilegiada todas as vezes que a Rosalinda explica as coisas. Torna-as tão simples e acessíveis que me leva a pensar que a lingua portuguesa não é assim tão dificil quanto isso :)
E eis porque gosto do Contra Capa...
Por tudo isto e por mais do que isto.
o que eu gosto de ter ler quando nos presenteias com estas lições :))) sério...fico sempre de cara no chão, mas fazer o quê? também aprendo sempre:)))
beijocas
Isso sem é que é grave.
Aquele "e" no lugar de um "i" já resulta da aplicação de alguma alínea do acordo ortográfico? Eh eh eh
Não comento sem ler primeiro e como disse também, o português do Brasil ganhou em riqueza de expressões e sonoridades o que perdeu em erudição. Evoluiu nesse sentido e sem dúvida que é o maior contributo ao portugues falado pelo mundo. No entanto gostaria de chamar a atenção para pormenores quando a consoantes átonas que este acordo pretende eliminar com por exemplo a palavra acção que tem como palavra primitiva a palavra acto. Nós em Portugal dizemos aCto
Dizemos o "C" não dizemos "ato"
Assim como dizemos factual e faccioso e não fatual nem facioso, que derivam da palavra "facto" onde dizemos o "C".
E eu que aprendí a escrever o português aos 15 anos, portanto como um quase estrangeiro, não tive qualquer dificuldade em entender que acção leva dois "c" pois deriva de acto. Acto, é, por assim dizer, a palavra âncora que determina a grafia de todas as que lhe derivam onde o "c" embora por vezes átono, faz a diferença imediata do ato que se usa para os nós dos sapatos e não só. :)
Por outro lado, palavras há em que eles, os Brasileiros, pronunciam e evidenciam consoantes que nós em Portugal não pronunciamos e que por essa ordem de ideias não deveríamos escrever, com por exemplo: decepção, recepção, etc onde pronunciam muito bem o "p" que nós atonizámos.
Poderíamos ainda falar do Vale do Cuiaba onde o o português sofreu uma evolução interessantíssima e que tem sido alvo de estudo da parte dos linguistas no que toca ao fenómeno (fenônemo) da queda / inclusão de consoantes, da queda dos "r" no fim das verbos (falá, queré, fazé..) etc.
É uma área fascinante de facto, mas podes crer Cristina que sem ser conservador nem bota de elástico, sou no entanto a desfavor da alteração de grafias que levem à confusão. Repara que não é o mesmo alterar huma para uma, ou pharmácia para farmácia que chamar fato a um facto. Não há ganho algum na perda do c até porque no português europeu, se pronuncia essa consoante, tanto na palavra primitiva como (já disse atrás) nas suas derivadas.
Espero a réplica....
Beijoca ou Beijoka,
Carlos.
é preciso a determinada altura, ja que a sabedoria aguenta, avançar na discussão para os pormenores, senão não saimos do mesmo. só que depois, aí, já se viu no que dá não é? mas arreou,a não ser que, como ela sugeriu, faça primeiro o curso...
oi cara! 'cê num facilita meismo viu? eu até qu'intendo.
mas olha, nas palavras em que se pronunciam os tais cês, pês e isso, tal como diz o artigo, não há alterações, caso contrario teriamos que mudar a fonia
agora, quanto à origem/percurso das palavras poder ficar um bocadolas enviesada, é verdade, mas a minha duvida é: será que isso é, de facto, importante para quem aprende a lingua? eu já vi os brasileiros discutirem isso e o 'fato' não parece atrapalha-los...
oia, só vendo.
miu beijos viu?
A questão é essa, charlie, quando aprendeu, fê-lo como estrangeiro e não como uma criança...
No entanto, ao contrário do que se depreende das suas palavras, a um estrangeiro é muito difícil perceber a razão pela qual as palavras têm de se escrever com letras que não se lêem. Na maioria dos casos, quando um estrangeiro aprende português, paga e, por vezes, torna-se complicado explicar que essas letras estão lá em homenagem a uma história linguística.
Quanto ao c, de facto, diz-se em facto, mas não estarei tão certa se o dizemos em acto, nós, falantes europeus...
*Apesar do charlie não me ter dirigido a mim as suas palavras, apeteceu-me contra-argumentar. ;)
E claro que as beijocas, que são para Cristina, são com c. O kapa não consta do alfabeto português. :p
Quanto às palavras da Cristina e dalloway, retiro-me, ligeiramente ruborizada. Obrigada. :)
é escusado dizer que quando li a resposta do Charlie pensei: ro-sa-liiiiiiii-na!! onde tás tu???
pois a questão é que eu acho mesmo que ha aqui muito de emocional não é? agora que faz espécie faz!
quanto à Rosalina....pozé,pozé, é o 'Mantorras' do Contra Capa, aquela que está guardadinha para os momentos dificeis :)))))
mas, ao contrario dele resolve SEMPRE...:p
Ó mulher, e a gargalhada que me fizeste soltar agora!
Gostei do epíteto. ;)
Beijoca grande.
:p
De facto este assunto tem panos para mangas como é de uso corrente dizer-se.
Pondo apenas um ponto de suspensão nas beijoc(k)as, devo, para apimentar a questão, dizer que não existe idioma algum onde nada se pronuncia como se lê, que tenha as regras mais abstrusas e desregradas como o Inglês e que toda a gente do mundo faz questão de saber falar e escrever pese embora os anacronismos (chamemos-lhes assim)e irregularidades de que transborda. De verdade que não existe coisa igual em língua alguma. É sabido que os ingleses há três séculos NÂO falavam como hoje, porque há maneirismos, e rotações de pronuncia que fazem moda, no entanto, a escrita pouco mudou. E agora pergunto: alguém se perde na pronúncia da palavra Baby, dito hoje como bêibí quando se sabe que se dizia báibi há 150 anos?
cuaze que me faltava deichar umas bôas beijokas hás meninas deshte blog com destake natural para a nina Stinita, que é a autora du ditu cuju-... :))))
Beijos a todas, minhas lindas.
:)
carlos
É questão de facilitar a escrita.
Para nós deixarmos de ser um computador de vasta memória.
Lembro-me que li uma coleção de Julio Verne, que minha mãe cujos pais eram da ilha da Madeira, trouxe daí, de capa vermelhinha, onde pharmacia assim se escrevia.
úmido - húmido -rúmido?
Beijos Cristina
Fred Schmidt
tem razão, claro que a facilidade ajuda à comunicação, e que penso é que para nós vai ser uma facada no coração, não é assim de repente que uma pessoa se habitua a ver as palavras sem algumas letras...assim como se perdessem a personalidade.
beijos pra ti.
Na verdade é uma coisa que de repente acordou em mim. À medida que exigimos mais e mais memória aos nossos PC´s fazemos por descartar as nossas.
A seguir a tendência, acabaremos por ficar apenas com a memória do dedo que liga e desliga o aparelho...enquanto ele deixar...
Foi um prazer especial ler as tuas observações e argumentos, bem fundamentadas e argutas.
Na verdade, eu até concordo contigo em muitos aspectos no que concerne à simplificação da língua excepto no pormenor que tem a ver com a história da palavra. A palavra, sendo a nossa pátria como dizia o Pessoa, tem memória, é feita de memória. Tal como o Inglês que sendo nos nossos tempos língua universal, está recheado de letras que não se pronunciam, que se pronunciam de formas diferentes, e de casos de excepção que tem a ver com o seu património histórico e que a fariam um idioma infalável por qualquer " estrangeiro".
Vé-se que na verdade isso não é o caso. Todo o mundo fala inglês e eles estão orgulhosos com isso. É um lugar comum dizer até que um povo sem história é um povo morto e a prova de vida mais importante que um povo pode ter é esse património da sua lingua.
A par disso, a excessiva simplificação dos códigos escritos podem simplesmente criar ainda uma maior confusão. Os exemplos anedóticos da substituição de facto por fato e cágado e cagado, são apenas isso: anedóticos, mas a verdade é que se deve mexer na escrita com uma parcimónia e bom senso para que o remédio não seja pior que a doença. Simplificar não deve ser sinónimo de abrir as portas à confusão.
Para ti, Rosalina-se-fores-à-praia, -se-fores-ver-o-mar,-cuidado-não-se-descaia-o teu-pé-de-catraia-em óleo-sujo-à-beira-mar...
uma beijoca, sem kapa
carlos
mas isso ja temos um pouco...ja delegamos muito a memoria no pc, é ou não?
Ao princípio delegámos a parte rápida da memória, o executar cálculos que nós (alguns) sabiam fazer mas a máquina fazia milhares de vezes mais rápido. Depois, paulatinamente foi ocupando o espaço da memória permanente, um pouco como nós já fazíamos com os cadernos e livros.
Agora estamos a entrar em forte na última fase: a da ocupação da nossa memória inteligente.
Prevejo que em breve sejamos todos como o Simpson pai, incomodados com o peso extra que o recheio da cabeça representa. ;)
http://orto.no.sapo.pt/g.htm
Beijocas. Boa semana.