além disso, sabiam que


no famoso bloco de partos de Chaves, cujo encerramento já fez correr alguma tinta nasceram cerca de 300 crianças, ou seja, menos de uma por dia? significa isto que, um médico que faça 1 urgência por semana pode perfeitamente passar um mês, dois, sem fazer um parto? e que isto faz com que se entenda o número inadmissível de 60%, s.e.s.s.e.n.t.a, de cesarianas? Porquê? Penso que não estarei errada se disser que só se entende porque já não se arriscam partos normais, por medo. Já agora, alguém pode explicar quem são os pediatras disponíveis para atender as complicações desses partos? Talvez fosse bom saber, para se perceber melhor ainda esse medo.
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ps- o fecho foi efectuado, conforme previsto, após a a conclusão da A24, entre Vila Real e Chaves, da colocação de uma ambulância SIV(Suporte Imediato de Vida) em Montalegre e de uma ambulância de suporte básico de vida, em Chaves.
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_____Adenda______
O número mínimo de partos que garantam eficiência e uma rotina perinatal com garantia de qualidade contínua é apontado para 1500 partos ano, salvo situações viárias e geográficas especiais, que dificultem a deslocação das populações. Equipa com pelo menos dois médicos da especialidade de Obstetrícia, disponibilidade permanente de um anestesista e um pediatra com competência em perinatologia e pelo menos duas enfermeiras, uma delas com a especialidade de saúde materna e obstetrícia. Apoio de serviço de sangue, imagiologia, laboratório e apoio cirurgia geral.
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_____Adenda II (dos comentarios)________
Mais um apontamento meu para ajudar aqueles quem não entendem a necessidade dos centros de saúde especializados e com bastantes recursos humanos disponíveis. A minha mulher sofreu no seu segundo parto uma hemorragia difícil de estancar. A medica que assistiu o parto preparou-me para a sua morte, uma hora depois da minha filha ter nascido de parto natural. Junto à minha mulher estiveram os seguintes médicos: Obstetra, Anestesista, Pediatra, Hematologista ( desculpem se não for assim o nome), e vários enfermeiros e outros médicos que por ali apareceram, chamados pelos colegas talvez, constituindo um grupo enorme de gente que, mesmo à civil, colaboraram em equipa para estancar a hemorragia. Ela só escapou por ter aquela gente toda a tentar salvar-lhe a vida, e isso só aconteceu porque isto se passou num hospital duma cidade grande.Senti nesse dia a dor de estar perder um familiar, de olhar impotente para ela a perder o seu sangue e o que lhe estavam a transferir para as veias, de me colocarem numa sala longe dela para não ver, e mais tarde a alegria enorme de, graças a tanta gente, tudo terminar bem e regressar a casa feliz para cuidar da outra filha mais nova.Se fosse na província, em Chaves ou noutro qualquer lugar com um pequeno hospital e com médicos a fazerem 300 partos/ano não sei como teria sido.

Comentários

Lola disse…
Cristina

Ainda bem que escreves este post.
Para desmistificar as razões obscuras de se movimentarem pessoas para defender o indefensável.

Os bébés vão nascer em unidades preparadas com meios técnicos e humanos adequados para os receber e com todo o carinho do Mundo.

As salas de partos, que estão agora a ser encerradas, estão para as unidades de obstetricia, como as antigas parteiras, que iam a casa das parturientes estavam para estas salas de partos.

Já ningém prefere a sra Rosa, parteira da aldeia, as mães preferem deslocar-se ás salas de partos... e vão perceber e preferir as unidades de obstetricia quando descobrirem que têm melhores condições e os bébés também.

Beijos

Bom Ano
Anónimo disse…
Razões efectivas para o fecho, neste caso do bloco de partos de Chaves, desconheço-as. Talvez porque os responsáveis falam/escrevem para "intelectuais".

Se os partos chamados normais não se fazem em detrimento das cesarianas, o problema está onde?
Na falta de equipamento? Equipe-se.
Na falta de qualidade dos médicos, enfermeiros e tal, substituam-se.

Os flavienses dormem. Enquanto pela calada do ministério, as atrocidades se vão somando.

Buenos dias, Cristina. E um beijinho.
Charlie disse…
Não me parece nada bem este crescer no sentido da implosão territorial, este centralizar, estas medidas que levam ao desconforto local e que são tendentes à desertificação do País.
Pareceu-me humilhante o fecho da unidade de Elvas e se alguma coisa deveria ter sido feita, era exactamente no sentido contrário de molde a que os Espanhóis viessem nascer a Elvas e não os Portugueses a Badajoz. Investir em excelência e prestígio e não o de passar uma imagem miserável onde nem para nascer (o primeiro acto da vida, o primeiro respirar) se tem condições.
Por outro lado, passou-se de partos feitos em locais, supostamente com poucas condições, para nascimentos em ambulâncias. Também ninguém disse o que fazer quando uma ambulância leva uma parturiente é de repente solicitada para um transporte de emergência devido a mal estar súbito, acidente ou qualquer outro imprevisto.
Também ninguém disse quanto custa o transporte de dezenas ou mesmo centenas de doentes, o desconforto e aumento de perigo de vida. (Andar de ambulância a alta velocidade, é perigoso, não é? Mas há uma vida a salvar. Quanto vale uma vida???)
Quem paga a despesa? O ministério da Saúde não. Mas alguém pagará. Quem? Os mesmos de sempre. Só que agora além de pagarem em impostos pagam em desconforto e sensação de abandono, e a médio prazo pagará todo o mundo rural com o seu desaparecimento a quem não restará mais opção que não seja a de engrossar o caos das grandes cidades.
Porque é óbvio que é um imensa demagogia argumentar que é melhor para uma localidade não ter escolas, não ter posto médico, não ter posto da GNR, não ter onde ir deixar uma carta e levantar uma encomenda, não ter outro transporte para eses meios onde há de tudo senão uma camioneta posta de má vontade duas vezes por dia, a ambulância (que tem de vir da cidade) ou um taxi...
Ah...sim. Quase que me esquecia, também pode usar o carro próprio, mas esses que os possuem já estão a viver nos grandes centros.
Podemos dar um saltinho mesmo aqui ao lado, aos nossos vizinhos Espanhóis, e comparar as coisas para ver que caminho deprimente estamos a tomar e o seu olhar de vizinho ambicioso para os espaços em vias de abandono que 9 séculos de História nunca deixaram ser de Castela.
Cristina disse…
Lola

mas tu és médica, sabes exactamente do que estou a falar..

beijinho, umas boas entradas :))
Cristina disse…
reporter

eu até escrevo em linguagem bem simplesinha, não percebeste o quê?

estas urgências não cumprem nenhuma norma internacional. ou seja se tu tiveres um filho lá e ele não passar nunca da 1ª classe, podes processar o Estado que ganhas! não sabias não é? mas podes. e há muitos assim.

o uamento das cesarianas é sempre má pratica ponto final. quanto ao aumento de condições nessas tascas, para 300 partos por ano??? vou dizer isto uma vez: NÃO SE FAZ AQUI NEM EM SITIO NENHUM DO MUNDO. principalmente nos paises ricos onde se seguem criterios rigorosos.
isso é "coisa de pobre" ter pouco mais que bancas de parteiras espalhadas pelo pais.
Cristina disse…
Charlie

quando se dizem estas coisas temos que as quantificas. dos partos todos feitos até agora, e são muitas centenas, quantos nasceram nas ambulancias? e quantos desses morreram?

alem disso Carlos, e sem demagogia absolutamente nenhuma, um parto distócico (que não esteja a correr normalmente) tem mais possibilidades de sobrevivência a caminho de um centro bem equipado acompanhado pelo INEM do que se ficasse em Chaves. nem duvides disso.

Carlos, eu não me sinto nada humilhada em ter portugueses a nascer em Badajoz e acredito que as mães que lá vão no proximo filho até preferem. no fundo até percebem a diferença e ja anteriormente havia quem achasse que era melhor ir a um sitio mais bem equipado. o que conta aqui é ratio, é o numero de equipamento por numero de habitantes.

basta estudares o assunto nos outros paises e vez exactamente essa politica, às veszes ate de forma muito mais agressiva que a nossa.

sabes, ha coisas na saude que me preocupam muito mais, mas enfim, a malta vai-se entretendo com estes pormenores...

o facto é que estas medidas eram fundamentais e acho excelente que FINALMENTE o governo tenha tido tomates para fazer isto e acabar com a politica populista executada ate agora de montar bancas de saude em qualquer esquina, com gente a atender que valha-nos Deus...isso sim, era a nossa vergonha.
João disse…
O Charlie infelizmente não entendeu o seu comentário, e não entende muito mais, azar o dele. Não deverá perceber que Badajoz não é propriamente Elvas, que a Extremadura tem cerca de 660000 habitantes, que o hospital Infanta Cristina tem Universidade de Medicina, que é um previlégio aos portugueses usufruirem das infraestruturas espanholas, e que isso é uma coisa boa, graças à Europa. Sobre aquelas pessoas de Chaves que são manipuladas pelos Caciques do século XXI, não imaginam que ainda assim estão em situação muito melhor dos que vivem nos arredores de Lisboa, a 15 ou 20 Km dos hospitais, mas demoram cerca de uma hora, ou mais, a completar os trajectos em estradas cheias de trânsito, e que nem helicóptero têm disponiveis para os casos mais graves. No fundo têm inveja de uma situação incomparavelmente pior, pelo qual protestam, por ignorância e por serem ainda vitimas dos tais presedentes de Junta, que falei atras.
Cristina disse…
onde se lê " vez exactamente essa politica" devia ler-se vês :/
Cristina disse…
vinho seco

pois, que dizer? que fico contente por este ministro ter tido a coragem de enfrentar o problema e aceitar o que lhe foi dito pelos profissionais que estudaram o assunto, que não tenha tido medo de perder a s proximas eleições e por aí fora.

agora é deixar esfriar os ânimos que tudo se resolve :)

bem vindo.
Pêndulo disse…
Já vivi a vinte e cinco quilómetros de Chaves.
Compreendo as razões que a Cristina aponta mas não deixo de pensar que isto contribui para a desertificação. Será uma falsa sensação de segurança , sim, não conheço as condições do hospital de Chaves para poder comentar isto:

"um parto distócico (que não esteja a correr normalmente) tem mais possibilidades de sobrevivência a caminho de um centro bem equipado acompanhado pelo INEM do que se ficasse em Chaves.
e não sei se alguém aqui conhece.
Há três coisas que as pessoas esquecem ao defender ou atacar estas medidas. Passo a enumerar:
1- Esta zona do país está a desertificar, grande parte da população jovem emigra ou vai para o litoral ficando maioritariamente velhos.Consequentemente há menos partos do que quando abriram a sala de partos. Os cuidados exigidos há uns anos já não são medida aceitável nos nossos dias em que não basta dizer "Faça força" e se correr mal há um caixão branco para guardar o "anjinho"
2- Isso de acenar com ambulâncias é muito bonito, todavia quando se fala de Chaves não é só da cidade que agora tem auto-estrada. Como disse vivi num concelho limítrofe. Apesar de contíguo ficava a 25 quilómetros. Isto medido do centro da vila, há povoações que distam desse centro 30 quilómetros. Estamos a falar de um total de 50 quilómetros só para chegar a Chaves, onde apanharão a nova auto-estrada. Cinquenta quilómetros muitas vezes com gelo e neve (por pouco ia ficando lá isolado mais do que uma vez)e por estradas bem estreitas e cheias de curvas.Essa é a parte pior do caminho, depois, por auto-estrada, serão mais cinquenta quilómetros até Vila Real. Talvez mais uma meia-hora de caminho.
3- Concordo que sem prática nenhum médico pode fazer um bom trabalho daí compreender o encerramento. Fico todavia perplexo por esta questão do número de actos médicos só se colocar no caso de serviços públicos que se pretendem encerrar. Será que a Ordem dos Médicos não tem uma palavra a dizer quanto a clínicas privadas? Se apoia estas medidas (e bem) em nome da qualidade porque nada diz quanto às clínicas e consultórios privados? Não me estou a referir, ccomo é óbvio, apenas a salas de partos mas a actos médicos em sentido lato.
Pêndulo disse…
Ainda uma questão mais quanto ao número de cesarianas.

Coma epidural não se podem evitar na sua maioria? A mulher sofre ? Não sofrerá mais no pós-parto se lhe abrirem a barriga do que com uns pontos na vulva no parto normal?
Qual a razão de tanta cesariana ? Que eu saiba o corpo da mulher está preparado para parir.Há uns vinte anos estava pois eram assim a maioria dos partos, agora não. Será dos iogurtes e do Nestum? Não compreendo. Será que as relações sexuais também vão começar a ser feitas sob anestesia geral daqui a poucos anos? Por este caminho parece que quando se quiser fazer um filho vai ser directamente no útero...
e-ko disse…
Pêndulo,

a continuar assim, será sobretudo aos homens que se deverá administrar uma anestesia geral no momento da ejaculação, sobretudo, mas de perferência no momento em que começar a ter uma erecção...

as cesarianas, pelo que me foi dado observar, estão a generalizar-se por conveniência dos médicos e dos serviços de saúde com preferência para os privados, questões de interesse decalendário e de interesse financeiro... não é pelo interesse da mulher, ou de muito poucas (basta sussurrar-lhes ao ouvido que é melhor para elas)... dura a realidade!
Cristina disse…
e-ko

não, isso não é verdade. eu falo com ginecologistas que fazem partos no hospital e na privada. sabes que o numero de obstetras se reduziu extraordinariamente? ou seja, os especialistas de ginecologia/obstetricia, na privada optam pela ginecologia, ja ha muitissimo menos partos na privada do que havia ha alguns anos, sabes porquê? porque não arriscam e quando fazem, fazem cesariana. por medo de ter uma mulher em trabalho de parto sem todas as condições para a socorrer se se complicar. porque um parto vaginal se der para o torto é mais dramatico que a cesariana, que normalmente corre bem.

é isso e-ko, não é pelos apetites do médico, não te deixes levar por isso, senão ficas sem perceber uma data de coisas..

beijocas
Anónimo disse…
Portugal..portugal a desertificar na água e nas pessoas..até os "velhos" a desertificar quanto mais os novos (esses já em debito)..e, a mente ainda a gritar quintinhas e canteiros ..

Doutora, achas que os homens que assistem aos partos, depois se pudessem voltar atrás, não sugeriam ás esposas a cesariana? :-))

Futuramente o útero vai ter só o uso de uma batida mais ou menos forte ..as ameaças cada vez são mais para quem é concebido..mercado tradicional vai chegando ao fim (uma das minhas visões do futuro)..sou louco, não liguem :-))

abraço

intruso
Cristina disse…
P

a Ordem, claro que tem uma palavra a dizer. mas é o ministério que tem que regulamentar. por exemplo, nenhuma clinica privada que faça cirurgias pode actuar sem cuidados intensivos. imaginas que o faziam ainda não ha muito tempo?

agora nos consultorios, cabe às pessoas queixarem-se, a Ordem não pode vigiar consultorios como é obvio.

quanto à tua questão "Com a epidural não se podem evitar na sua maioria? A mulher sofre ? Não sofrerá mais no pós-parto se lhe abrirem a barriga do que com uns pontos na vulva no parto normal?"

com a epidural a mulher não sofre, e isso resolveria o problema das mais "medricas". mas é que não resolve o outro: o do risco. e é essencialmente disso que se trata.

sabes o que se passa? as mulheres vão tendo cada vez menos filhos e cada vez mais tarde. isso não facilita os trabalhos de parto que são cada vez mais demorados. a % de partos distocicos é maior. talvez haja cada vez menos parideiras..
Lola disse…
Cristina mais Linda

Será bom lembrar que a gravidez não é uma doença, e o parto também não.

A maior parte das grávidas são seguidas pelos médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar, no SNS.

A data do parto é sempre previsível e podemos orientar e preparar as futuras parturientes.

Se houver suspeita de gravidez de risco as grávidas são referenciadas para consultas externas de Obstetricia e seguidas aí e muitas vezes aguardam o parto internadas.

As "corridas" de ambulancia a grandes velocidades, são a realidade de hoje quando o parto corre mal nas salas de parto e é necessário transportar a parturiente para unidades diferenciadas.

Esta mudança é um passo em frente para a qualidade a que todos temos direito.

Beijos (:)
Anónimo disse…
Cristina
E o que disse eu que não percebeste? Que parte da conversa?

Onde não há condições, criem-se!
Com a saúde não se brinca nem se pode facilitar.

Parece que os donos da razão andam de olhos vendados.
Lá porque o bloco de partos de Chaves não reúne condições, opta-se pelo mais fácil?
Assim não.
Lá estou eu com o meu mau feitio.
Mas hei-de ser pró necessitados, até morrer.

Se não me faço entender, lamento e tenho pena.

Quantos partos justificam um bloco operacional?

Buenas noches
Pêndulo disse…
Repórter, criar condições é, neste caso, haver um número de partos suficiente para que os médicos mantenham a habilidade necessária. Infelizmente isso não se consegue por decreto. Não se pode obrigar as pessoas a manterem-se na área. Pode-se ajudar a que elas tenham apetência pelo local por ajudas à economia mas isso é um processo lento e difícil. Estando a maioria dos consumidores na faixa litoral os eventuais produtos são onerados pelo preço do transporte. É uma pescadinha de rabo na boca, não há emprego porque não há empresas e não há empresas porque não há pessoas.
Não sei qual a solução. Tenho pena pois gosto da zona mas parece-me inevitável.
Cristina disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina disse…
reporter

percebi tudo!só que as coisas não são de determinada maneira só porque tu achas que sim, nem aqui nem em lugar nenhum do Mundo, lamento.as coisas alguma vez tinham que começar a ser feitas com algum critério...


Ora então, respondendo à tua pergunta, aqui vai

O número mínimo de partos que garantam eficiência e uma rotina perinatal com garantia de qualidade contínua é apontado para 1500 partos ano, salvo situações viárias e geográficas especiais, que dificultem a deslocação das populações. Equipa com pelo menos dois médicos da especialidade de Obstetrícia, disponibilidade permanente de um anestesista e um pediatra com competência em perinatologia e pelo menos duas enfermeiras, uma delas com a especialidade de saúde materna e obstetrícia. Apoio de serviço de sangue, imagiologia, laboratório e apoio cirurgia geral.

Actualmente 10% dos RN portugueses nascem em maternidades que não oferecem condições mínimas de segurança.

Não existe qualquer controlo de qualidade sobre os partos no sector privado, actualmente 10% do total de partos do país.


chega-te?
Anónimo disse…
Mais um apontamento meu para ajudar aqueles quem não entendem a necessidade dos centros de saúde especializados e com bastantes recursos humanos disponíveis. A minha mulher sofreu no seu segundo parto uma hemorragia difícil de estancar. A medica que assistiu o parto preparou-me para a sua morte, uma hora depois da minha filha ter nascido de parto natural. Junto à minha mulher estiveram os seguintes médicos: Obstetra, Anestesista, Pediatra, Hematologista ( desculpem se não for assim o nome), e vários enfermeiros e outros médicos que por ali apareceram, chamados pelos colegas talvez, constituindo um grupo enorme de gente que, mesmo à civil, colaboraram em equipa para estancar a hemorragia. Ela só escapou por ter aquela gente toda a tentar salvar-lhe a vida, e isso só aconteceu porque isto se passou num hospital duma cidade grande.
Senti nesse dia a dor de estar perder um familiar, de olhar impotente para ela a perder o seu sangue e o que lhe estavam a transferir para as veias, de me colocarem numa sala longe dela para não ver, e mais tarde a alegria enorme de, graças a tanta gente, tudo terminar bem e regressar a casa feliz para cuidar da outra filha mais nova.Se fosse na província, em Chaves ou noutro qualquer lugar com um pequeno hospital e com médicos a fazerem 300 partos/ano não sei como teria sido.
Cristina disse…
anónimo

essa é a melhor resposta que se pode dar, melhor que qualquer teoria.

uma coisa é importantíssima. a sua mulher, ou qualquer mulher de Chaves, teria sempre mais possibilidades de sobrevivencia sendo enviada de casa a Vila Real, do que sendo primeiro transportada a Chaves e depois em estado crítico para Vila Real. e isto é muito importante que se entenda porque nascer uma criança uma vez por outra numa ambulancia do INEM não é drama nenhum, se as coisas correrem bem até em casa nascem.
Anónimo disse…
Enganei-me, regressei a casa para cuidar da filha mais velha.
Eric Blair disse…
deixa lá, Riquita, o raio que os partos!

ps.(r) já descobriste os porco preto?
Icreate disse…
Não sei como funcionam esses serviços. Não sei a quantidade de pessoas necessárias nessas instituições. Por isso essa parte deixo para alguém competente poder comentar.

A única coisa que a mim me irrita nestas situações é os comentários que quem governa faz.

Por exemplo, em Arcos de Valdevez também querem fechar (ou já fecharam, também não tenho a certeza) o SAP. Alegam que é possivel chegar ao hospital mais próximo em menos de 30min. É verdade, mas para aquelas pessoas que vivem na vila de AVV ou mais perto do outro hospital. Porque as pessoas que vivem na zona do Gerês nunca vão conseguir chegar lá em menos de 30min, algumas nem a AVV chegam em menos que esse tempo.
Pergunto-me se os governantes realmente conhecem o terreno ou se simplesmente pegam num mapa e unem os pontos (em linha recta) e vêm a distância. Esquecem-se que fora das grandes cidades as estradas não têm as mesma condições.

Jocas
Totally off the subject, but I hope yours was a good Christmas, and I hope you have a safe New Years. Take care, Cristina.
Anónimo disse…
Agradeço ao "pêndulo" que retratou a sua opinião suma forma simples e eficaz.

Compreendo o que a Cristina fez (escreveu) no sentido de me fazer entender os quês e os porquês.

Até percebi o problema apresentado pelo "anónimo".

Fala-se de cidades grandes e pequenos meios.

Tive um exemplo real, passado na ex Clínica de S.Miguel, coisa fina à época, onde tudo era tratado à maneira,.
Não faltavam médicos nem meios.

A minha mulher e a minha filha estiveram, ambas, à beira da morte.
Nunca percebi porquê.
Ainda hoje me pergunto o que se terá passado para tal acontecer.

Tudo isto,estas misturas de opiniões deixam-me, como facilmente compreendem, com um grande ponto de interrogação.

Por vezes, vale mais a qualidade do que a qualidade. Tudo é relativo. Mas é isto que penso.

E não me levem a mal.
Apenas exponho as minhas ideias.

Bom ano para todos.
Anónimo disse…
Queria dizer que vale mais a qualidade do que a quantidade.

A gralha fez asneira.
:)
Cristina disse…
reporter

concordo contigo, é sempre preferivel a qualidade à quantidade! a única coisa que é preciso é melhorar melhorar melhorar a acessibilidade. num país tão pequeno temos que apostar em centros muito bem equipados e em modos de se chegar lá depressa...:)

beijos
Cristina disse…
geoffrey

thank you darling! have a Happy New Year you too, my friend :))
Cristina disse…
Querida Cristina,
Um feliz ano novo para ti, e que 2008 te traga tudo o que desejas...

beijinhus
Ka disse…
Cristina,

Um ano 2008 cheio de saúde, alegria e coisas boas para ti e para os teus :)

Beijinho
Charlie disse…
Olá Cristina e Lola, especialistas no que ao assunto da saúde toca. Alargo o cumprimento a todos os que disseram o que correcta ou erradamente - como será certamente o meu caso, - opinam. Ao "vinho seco" em especial endereço os votos de boas Festas com um aditamento pessoal que é o da concórdia: de facto não entendo de muita coisa mas isso não é um azar. Antes pelo contrário; acho que é uma sorte pois assim tenho um motivo para falar com gente interessante, como é o caso de V. Exa. e assim passar entender um pouco mais.
O meu obrigado pelas suas doutas explicações.
Sabes Cristina? Eu concordo contigo quando dizes que se devem acabar já (deveria ter sido ontem) os sítios onde se praticam actos médicos sem quaisquer condições, com um rátio baixo e desmotivador para qualquer profissional e que leva inclusivamente à regressão de conhecimentos e desempenho, mas não deixa de ser deprimente verificar que em muitos casos isso se deve ao continuado desinvestimento no interior que fez regredir todos os valores estatísticos. É uma espécie de pescadinha de rabo na boca: quanto menos gente, menos impostos a cobrar, menos eleitores, menos investimento público, menos população equivale ( a grosso modo dependente do factor cultural entre outros) a menos nascimentos e assim ainda a menos gente.
Sobram assim escolas, sobram assim hospitais, sobra assim tudo quando não há gente. Mas também é sabido que a fixação das populações varia na proporção directa dos meios de conforto e segurança. - obrigação do Estado- e dos empregos e projectos que é uma esfera de interesses partilhada entre Estado e privados; mais Estado ou menos Estado, mais privados ou menos privados, consoante os modeles económicos que na altura os governos aperfilham.
Poderíamos perguntar porque é que Elvas estagnou e Badajoz cresceu, e alargando, porque é que Espanha que era uma miséria há 30 anos é hoje a segunda potência do Espaço Europeu e Portugal cada vez mais " el país de los tristones", mas isso seriam outras contas.
Sobra apenas, pese embora algumas medidas que serão decerto corajosas a sensação de abandono e desolação quando se vê por todo o interior do país a retirada do Estado com a única excepção no que toca à incontornável carga de obrigações a que os cidadãos sujeita.
Não podemos ter escolas com dois alunos nem unidades médicas onde as pessoas de serviço apanham moscas no intervalo das sonecas, mas alguma coisa deveria ser feita a par do fecho das unidades de molde a inverter esta tendência terrível que se traduz pela simples palavra da desertificação humana.
Cristina disse…
Carlos

eu compreendo bem o que dizes só que, não é a existência de maternidades que fixa as pessoas, isso é o menos impportante, precisa-se dela 1 ou duas vezes na vida.

agora, são opçõs, Badajoz fez lá uma Universidade, nós colocámos uma em Braga, em Elvas e na Covilhã. não pode haver uma em cada cidade. o que desloca gente é o trabalho e o investimento em postos de trabalho, o resto vem sempre atrás, e não antes..

um beijo Carlitos.
Alien8 disse…
Cristina,

Tal como já fiz no meu blog, também aqui venho desejar-te, e aos teus, um excelente 2008.

Um beijo.
Leonor disse…
Cristina,

Hoje fui às compras. Aproxima-se o dia 1 de janeiro e como há uma série de diplomas que entram em vigor nessa data tive de abrir os cordões à bolsa. Entre os códigos obrigatórios e necessários, que estiveram na origem da minha visita à livraria, adquiri outros tantos por entusiasmo. Um deles tem como título " Responsabilidade Médica em Direto Penal" de Álvaro da C. Gomes Rodrigues.

O seu texto daria pano para imensas mangas (aliás, como muitos outros que acabo por não comentar por falta de tempo para aflorar os diversos aspectos que colocam).

Mas ainda assim, e de forma sintética, gostava de dizer-lhe que entendo a sua posição e, acima de tudo, respeito-a atenta a natureza da matéria. É com agrado que leio quem escreve do que sabe. E neste caso, atenta a sua formação, sei que devo dar especial relevância ao que diz. E dei e entendo as razões que apresenta, porém não consegui convencer-me.
Se é verdade que não podem abrir-se bancas de saúde em qualquer esquina, não é menos verdade que quem vive no interior tem, tal como quem vive no litoral, o direito a uma saúde pronta, eficiente e de qualidade.
As medidas quem vem sendo adoptadas não o são a pensar nas populações. Seria demasiada ingenuidade minha acreditar nisso.
A razão de ser é sobretudo economicista e, por facilidade de discurso político, embrulhadas em fundamentos de ordem técnica. Mas estas, as razões de ordem técnica, deveriam ser motivo para melhorar as condições em que os serviços de saúde se prestam e não, como fizeram, optar por remeter as pessoas para locais distantes.

O fundamento de que as pessoas terão melhor atendimento e qualidade nesse atendimento só serve para o estado se demitir das responsabilidades que lhe cabem.

Em tempos falamos da responsabilidade extracontratual do estado, lembra-se?
O PR, inicialmente, vetou a lei porque entendia que os cofres do estado não suportariam a avalanche de indemnizações que uma lei daquele teor poderia acarretar.

A questão é mesmo essa. Somos uma sociedade capitalista, com um estado pouco socialista (e não me refiro ao conceito enquanto ideologia partidária).

Constroiem-se estádios, gastam-se fortunas em (dois dias de) cimeiras, pagam-se indemnizações faustosas por embargos de túneis, compram-se carros topos de gama às dúzias, gastam-se milhões em pareceres e estudos, etc, etc, mas quando se trata de garantir o mais elementar direito de saude aos cidadãos opta-se por recambiá-los para longe do local onde residem.

Não é assim que combatem a desertificação, que diminuem o fosso entre os ricos e pobres, nem é assim que desenvolvem o país. Só quem vive numa pequena localidade, angustiada pela privação de muita coisa entende o que estas medidas provocam no espírito das populações sejam elas de ordem técncica ou económica.

Sabe certamente que a grande percentagem das crianças portadoras de deficiência tem origem em "partos mal assistidos" e acontecem, sobretudo, nas grandes metropóles.
Exemplos reais de má asistência médica acontecem por todo o lado e não são específicos de centros de saúde rurais.

Em suma, não consigo olhar para as medidas da saúde como actos de coragem, mas sim de facilitismo. E quanto ao argumento eleitoral, devo acrescentar que não são meia dúzia de milhares de pessoas afectadas com estas medidas que fazem a diferença númerica em eleições. Como sempre, as minorias e os "interiorizados" contam e pesam muito pouco nos critérios, seja para motivar a acção quer para eleger quem os governa.
Anónimo disse…
Muita demagogia se faz à volta deste tema, mas não é só por ligeireza e ignorância, aqui demonstradas por vários defensores do "interior" ou dos necessitados. É também, creio, por razões próximas do sectarismo político, do espírito do bota-abaixo ou da irrazoabilidade (vulgo estupidez)pura e simples. Então Vila Real não será também "interior"? E desde quando é que se impede a desertificação do Nordeste com maternidades às moscas? Quanto aos indignados com os partos no óptimo hospital de Badajoz, lembro-lhes que as fronteiras já não existem e que, por exemplo, os galegos estão a encher todos os dias o IKEA de Leça da Palmeira, porque na terra deles não há. E assim é que deve ser, pois não seria solução para eles terem um IKEA numa terra que só tem 2,5 milhões de habitantes, havendo um aqui a 30 ou 45 minutos por autoestrada.
Pêndulo disse…
Parece-me que uma das maiores causas de relutância a esta medida é ela vir de quem vem. Vindo deste governo é de desconfiar por mais embrulho de "estudos" que tenha. Como neste caso vejo opinião de quem sabe, Cristina e outros, aceito.
Quanto à desertificação é que não sei mesmo se há remédio.
Cristina disse…
Leonor

obrigada pelo comentário e começo por dizer que sou completamente a favor destas medidas. Não sei se a Leonor tem conhecimento, mas os médicos que habitualmente pensam sobre este assunto da reestruturação de urgencias há muito, mas muito tempo, vêm avisanto a tutela para o facto de determinadaos serviços funcionarem sem cumprirem regulamentos minimos. estas medidas agora adoptadas foram de iniciativa médica e não politica só que, até agora, nenhum ministro tinha tido coragem de as aceitar.

Leonor, eu conheço pessoas que integram a comissão de reestruturação e posso assegurar-lhe que a preocupação de todos eles, alguns pertencentes a organismos internacionais de emergencia médica, é que a prestação cuidados seja o mais eficaz possivel. a questão principal é : que todos os serviços abertos cumpram critérios de qualidade, ou pelo menos que não tenham desculpas para que estes sejam cumpridos. depois: que as populações tenham acesso a eles. e aqui, o grande problema é que a população continua a não entender o que é feito, e isto, por déficit indesculpável do comunicação por parte do ministério. Tinham que ser os médicos a explicar (ainda na semana passada falámos nisso) e não o ministro, precisamente por causa da desconfiança generalizada e de que a Leonor deu bom exemplo. e que se compreende. portanto, tinham que ser os técnicos a explicar. infelizmente não são.

outra coisa, a Leonor sabe que em termos de quadros na função pública, o único que foi francamente reforçado, tendo passado para o triplo, é o do Socorro/INEM? que já estão em funcionamento novos carros do INEM e SIV's ? (também não foi explicado)

enfim, Leonor, as coisas não são tão más como se pode pensar e acredite que há um grupo de trabalho cuja intenção é mesmo tentar que se faça bem.

um beijo e boas entradas :)
Cristina disse…
spka

pois, a europa global é isso mesmo: aproveitar o que de melhor cada um tem.

beijo
Leonor disse…
Obrigada, Cristina, eplo esclarecimento e acredite que entendo as suas razões enquanto profissional.

Em tempos desloquei-me a um Tribunal, consultei o processo e pedi cópia de algumas páginas. Instalou-se o caos na secretaria. A funcionária, que gentilmente me atendia, exasperou-se quando deparou com o fotocopiador sem folhas. Era a segunda vez naquele dia que lhe acontecia e a décima ou mais na semana. Gerou-se um calvário para repor o papel. Inicialmente, não entendi a razão de tanta irritação, depois foi-me explicado que não tinham dinheiro para o papel, para a luz, para os agrafos, etc. Conclusão, as poucas folhas que eram colocadas no fotocopiador evaporavam-se num instante e pedir mais obrigava a um telefonema ao escrivão, que estava não sei quantos pisos acima, obrigava a largos minutos de espera, gerava confusão entre os funcionários que usaram e não repuseram o papel na máquina. Tudo isto decorria sob olhar atento e incrédulo das pessoas que, como eu, aguardavam pelo atendimento.

Infelizmente, este não é caso único. E seguramente que não agrada a quem lá trabalha e a quem se dirige lá para trabalhar. É público e sabido (como se viu em diversas reportagens) que muitos Tribunais funcionam sem condições. Amontoam-se os processos nas casa de banho e dispensas, sofrem de infiltrações, não tem meios audiovisuais para gravar a prova, não dispõem de salas de audiências suficientes o que leva a sucessivos adiamentos, etc.

E nem por isso defendo que se devam fechar os Tribunais. Se me perguntar se a Justiça sai beliscada respondo-lhe, por esses e outros motivos, que sim.

O que vai fazer o governo? Converter 230 comarcas em 35 supertribunais. Veremos no que isto vai dar.
O que me preocupa não é se o governo é ps, psd ou outro qualquer, o que verdadeiramente me preocupa são os custos que importam para o cidadão em geral, e para os que são directamente atingidos, em particular, que já vive com poucos recursos, com pensões irrisórias, com salários mínimos que não dão para pagar uma renda de casa, e vêem as suas localidades ser privadas de pequenos apoios e serviços como Tribunais, Escolas, Centros de Saúdes, postos de CTT, postos de PSP e GNR, etc. Cada vez mais isolados e distantes de tudo.

Onde está a descentralização?
Leonor disse…
Ah, uma falha minha imperdoável: Boas saídas e boas entradas. Votos de que tenha um 2008 fantástico.

Feliz Ano Novo.

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