"rasteirismos" da natureza




Lembram-se seguramente de aqui há uns tempos ter falado de Ortorexia, como uma preocupação obsessiva e patológica com a comida saudável.

Hoje, lembrei-me de trazer uma outra preocupação patológica, desta vez com o exercício.
Vigorexia, ou Síndrome de Adónis, foi primeiramente assim denominado pelo psiquiatra americano Harrisom G. Pope, e corresponde basicamente à perda de controle de impulsos narcisistas, ou a uma espécie de escravização a que algumas pessoas das sociedades ocidentais se submetem segundo determinados padrões de beleza e que tem sido um dos factores sócio-culturais associados ao incremento da incidência dos Transtornos Dismórficos Corporais dos quais um outro exemplo é a anorexia. Diferenças: os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros, os vigoréxicos nunca se acham suficientemente musculosos.
Os candidatos a vigoréticos treinam exaustivamente, existe uma obsessão em tornar-se musculoso, não apenas porque se sintam melhor ou porque o considerem mais saudável, mas para corresponderem ao ideal de beleza que criaram e se sentirem perfeitos. Normalmente essas pessoas estão dispostas a manter uma dieta rigorosa, acompanhada por numerosos e perigosos complementos vitamínicos, hormonais, a tomar fármacos como os anabolizantes e a treinar duramente várias horas por dia, para conseguir o seu objectivo. Perdem a noção dos limites ou da harmonia corporal e nunca param ou ficam satisfeitos. Em consequencia, o corpo "desproporciona-se" e adquire uma massa muscular que não é compativel nem harmoniosa com a altura e estrutura corporal.

Transtorno Dismórfico Muscular (Vigorexia)
é uma espécie de subdivisão deste quadro mais abrangente chamado Transtorno Dismórfico Corporal definido como uma preocupação com algum defeito imaginário na aparência física numa pessoa com aparência normal. A Dismorfia Muscular seria uma alteração na percepção do esquema corporal específica da estética muscular do corpo e não um defeito na percepção corporal como um todo.
A Vigorexia deve ser considerada um transtorno da linha obsessivo-compulsiva, tanto pela obsessão pela musculatura, como pela compulsão ao exercício e ingestão de substâncias que aumentam a massa muscular, como ainda pela flagrante distorção da imagem corporal.
Sem querer fazer analises psicológicas, na verdade encontram-se neste grupo pessoas portadoras de personalidade introvertida, cuja timidez ou retraimento social favorecem uma busca do corpo perfeito como compensação para os sentimentos de inferioridade.
Assim, e este é o aspecto patológico, a vida do vigorético gira em torno dos cuidados com seu corpo, a sua dieta é minuciosamente regulada, e por vezes desequilibrada, eliminando-se totalmente tudo que possa engordar, consumindo-se excessivamente as proteínas e aditivos. A vida social, tal como na ortorexia, acaba por ser influenciada pelo excessivo "cuidado" com o corpo, fazendo com que a pessoa se faça acompanhar, mesmo em acontecimentos sociais, por vários complementos que considera essenciais.
Há, nos vigoréxicos, uma inclinação patológica para o que se considera o protótipo do homem moderno e belo, supostamente desejável e sem distinção de géreno alvo. Há uma busca obsessiva em se tornar "o modelo" de homem, com um corpo musculoso, e muitas vezes glorificado pela comunicação social em geral.

A Vigorexia representa bem a sociedade onde "uma imagem vale mais que mil palavras".

Comentários

Anónimo disse…
Fantástico titulo!

Lembro-me e isto porque há coisa de umas semanas, um dos canais transmitiu uma pequena reportagem sobre ortorexia e ter pensado que a explicação apresentada ficava muito aquém daquela que a Cristina fez o favor de expor no CC. É verdade.

Estas preocupações obsessivas só vêm reforçar que as coisas quando são levadas aos extremos são realmente preocupantes (daí a patologia, dirá a xotôra!)

Às vezes aparece cada Adónis que é um deus nos acuda... uma maravilha e faz bem a quem vê (sem esses músculos).
É verdade que vivemos cada vez mais para o culto do corpo e nisso os brasileiros são "pioneiros" e exímios mas tudo o que se torna exagerado perde qualquer tipo de interesse.
Penso que todos nós gostamos de ver (e quiçá sentir) um corpo bem feito e bonito mas é muito mais interessante o vigor sem a companhia de 'exia'
Animal disse…
eu por acaso sou feiíto (olha, se calhar inventei uma palavra) mas ficar bonito dá uma trabalheira do caraças e as gajas gostam de mim é mais pelo meu lado espiritual.

portantes, tásss bem...
Cristina disse…
dalloway

sabias palavras, como sempre! o melhor mesmo é um gajo bom e com cabecinha saudavel com ou sem musculos....:))
Cristina disse…
animal


claro claro. pra conversar tá visto.....:p

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