a dificil arte de ser feliz.
via Anarca,
The West Boca High School cheerleader, 18, died Saturday from complications of plastic surgery to correct asymmetrical breasts and inverted nipples, after being rushed to Delray Medical Center Friday morning. According to her family's attorney, a rare and silent condition called malignant hyperthermia(condition is triggered by anesthesia) .
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Depois do post sobre piercings, volta o tema estética e procedimentos invasivos efectuados em jovens. Tenho sentimentos diferentes em relação ao caso da cirurgia estética. Especialmente a correctiva. Obviamente, entendo que deve ser feita sob consentimento da família se for menor, e é a única coisa rigorosamente comum nas duas situações mas, há aqui uma motivação substancialmente diferente. Diz o Anarca no habitual tom provocatório, pode vir a ser mais útil..... morrer por causa dum pedaço de silicone nas tetas aos 18 anos resume o estado onde chegámus..... ...... a lado nenhum.... só à futilidade como designiu final e ao instântaniu como modo de vida..........não é bem isso. Segundo entendi, o que a rapariga fez foi uma cirurgia para corrigir uma assimetria, ou seja, uma cirurgia correctiva de um "problema" que seguramente a incomodava ao ponto de querer ser operada. Ora, só quem nunca sofreu com uma destas imperfeições com que a natureza sacaneia tanta gente, só quem nunca tentou a todo o custo disfarçar algum traço menos estético, só quem nunca sentiu a sua auto-estima de rastos quando olha para os amigos lindos e perfeitos, é que não entende a mossa que isso faz num adolescente. Eu já vi vários defeitos serem corrigidos e garanto que não há dinheiro que pague a gratidão de se ver finalmente como uma pessoa normal, igualzinha a todas as outras. Sim, para estas pessoas, o grande sonho não é ser diferente: É ser igual. E dentro do igual, renasce-se, literalmente. Se há coisas que fazem milagres, é a auto-estima.
Aqui, foi azar. A miúda morreu de uma doença raríssima desencadeada pela anestesia, inesperada, como o são, por exemplo, a síndrome maligna dos neurolépticos ou as embolias pulmonares pós cirurgia. Acontece.
Se a minha filha me pedisse para corrigir uma qualquer deformação, seguramente apoiaria. E fazer qualquer correcção por motivos exclusivamente estéticos?? É difícil dizer mas, se eu visse que a sua imagem corporal lhe era particularmente penosa, ou que a impedia de ter uma vida de relação normal, penso que não lhe diria que não. Tenho quase a certeza. Afinal a saúde é também um bem estar psicológico e uma pessoa bem consigo tem grande possibilidade de estar bem com os outros.
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ps-Reli este post e imagino que possa parecer uma contradição em relação aos piercings. Para mim não é, continuam a ser coisas muito diferentes. Aqui trata-se de "corrigir" a imagem corporal, lá trata-se de acrescentar adornos ao corpo de forma invasiva e em que o próprio adorno pode causar danos graves.
Comentários
Dito isto, que nos tempos de hoje é arrasador, o resto é, como dizes, azar...acontece.
o sonho é ser igual a modelos irreiais e de plástico.... ser adulto e crescer é saber lidar com os "azares" e ultrapassá-los...toda a vida na adolescência aconteceram coisas cruéis comentários cruéis dos pares... e a maior parte das pessoas cresce e marimbaçe para os outros ...
tamus mas é a construir uma sociedade infantilizada e caprichosa em que aqueles que pedem dinheiro a mais e depois não podem pagar e dizem que são "vitimas" dos malandros dos bancos....
ou os obesos que pareçe que vão ser tratados como idiotas pelas comissões de qualquer merda que se intrometem dentro da casa das pessoas porque as pessoas coitadinhas não conseguem lidar consigo mesmas....
bullshit....
claro que são.
"ser igual a modelos irreiais e de plástico....". será isso mas muito mais! pá, tu ja não te lembras de ser adolescente? nem precisam de modelos extra, os modelos são eles proprios, os que não têm nada que se lhes aponte. pá, faz parte, não ha nada pior que possa acontecer a um adolescente do que ser "diferente dos outros" por qualquer caracteristica mais inestetica. e sinceramente, eu não vejo que ultrapassar as frustrações fisicas ajude especialmente alguem nem que seja grande escola....acho mesmo que em tudo o resto da vida, se aprenderam a lidar com elas já é muito bom. se uma filha minha achar que tem as orelhas grandes e quiser corrigi-las até sou capaz de apoiar, mesmo que eu não ache. se ela se sentir diminuida por ter um dedo do pé torto até sou capaz de a apoiar, mesmo que isso não interfira em nada com a vida dela. e daí, se quiser se modelo, interfere!
agora, se quiser ter as mamas da Pamela Anderson, não a apoiaria por duas razões: porque o facto de não as ter não é motivo de inferiorização e porque a cirurgia tem riscos que ñão podemos prever, embora poucos.
bom, no fundo, no que diz respeito ao corpo, aceito mudanças desde que a pessoa melhore a sua auto estima com isso e a faça sentir-se realizada. dentro do razoavel que, aceito, tem um limite dificil de definir, portanto apela-se ao bom senso.
não acho que esse tipo de frustração seja essencial no desenvolvimento de cada um, sinceramente.
aí é que esta!!!! não é nos tempos que correm, sempre foi assim. desde sempre que desde crianças a adolescentes, DETESTAM ser diferentes. isso é coisa de gente adulta, o querer evidenciar-se pela diferença. os miudos querem é ser iguais aos outros, não ter nada que os outros lhes possam apontar...isto em questão de aspecto, é óbvio..qualquer coisa que os faça notados é motivo de vergonha.
se te lembrares bem, sempre foi assim.
plenamente de acordo.
comem só com o paternalismo cínico do "todos diferentes todos iguais"?
uma gajo nasce cresce vive e lerpa e no intervalo deve tentar ser feliz ...não ser um sucesso ou ser perfeito....
os deficientes dariam tudo, e quando digo tudo é tudo mesmo, para que fosse possivel retirar-lhes a deficiencia. não tenhas a minima duvida. e se fosse possivel? acharias que o que os gajos deviam era habituar-se a viver com ela e aprender a ultrapassar a frustração?? epá, não sejas tão cruel... tu fazes ideia do que isso implica em termos de auto estima??? va la, não me lixes...e olha que eu, se ha coisa que não sou é piegas!! mas, quando fiz o meu estagio de cirurgia plastica, uma das coisas que me marcou, e me ficou na cabeça, foi a expressão de reconhecimento sem tamanho quando se livrava alguem de uma "imperfeição" que nem eles tinham coragem de dizer em palavras como os humilhava.. aquela expressão não tem preço, porra!
achas mesmo que lhes fazia algum bem continuar a esconder o defeito? porque é isso que acontece, não penses que alguém se habitua porque é mentira, mesmo que o diga.
Acho que chegou a altura de lhe fazer um comentário ao seu interessante e dedicado blog, já que já me fez tantos e eu ainda não tive vá coragem para lhe responder! Relativamente a este assunto da cirugia plástica... acho e sempre achei a cirugia plástica desnecessária, tirando as excepções que já referiu, pois a natureza cria-nos como acha que deve de ser, porque cada ser é único assim como é, por isso a Natureza tem necessidade de criar cada vez mais pessoas únicas,portanto diferentes. Às vezes tambem encaro estas diferenças como desafios que a vida nos propoem... e temos que resolver esses desafios aceitando-nos e aceitando os outros como são!
Esta é a minha teoria.
ora ate que enfim que te vejo por cá...:))
tens toda a razão quando dizes que todos temos diferenças e devemos saber conviver com elas. o problema são exactamente as excepções. ou seja, a partir do momento em que essa diferença é fonte de sofrimento para a pessoa, que achas que se deve fazer? imagina que tinhas umas "orelhas de abano" e que, não sendo considerado exactamente uma malformação, isso era causa de sentimentos de inferioridade. se soubesses que esse pequeno defeito era facilmente solucionável, e é, gostavas de te ver livre desse peso ou não? acharias isso uma futilidade?
a resposta não é sempre linear e não se limita só ao sim e não, digo eu....
um beijinho
Acontece, são azares.
às vezes ser pobre dá jeito, ainda estava viva!
lembrei-me de uma história engraçada a proposito das orelhas de abano.
uma vez, na tal disciplina de cirurgia plastica, estava a assistir a uma consulta de um miudo adolescente. ja não me lembro qual era o problema, mas foi resolvido. durante a consulta, reparei que o miudo tinha umas orelhas de abano de todo o tamanho!! fiz sinal á medica para lhe falar nisso mas ela mandou-me calar.
depois do miudo sair com a mãe, eu disse mas então, porque é que não falou ao miudo das orelhas?? eram horriveis e aquilo podia-se resolver!
e ela, com a maior calma, respondeu: você viu-o queixar-se? então não lhe atribua uma "doença" que ele ão tem...
isto foi uma boa lição. e é tão verdade que o contrario também se verifica. entendes o que quero dizer?
sem duvida, um horrivel azar.
os deficientes davam tudo por não o ser ...pois é.... mas axandramçe e dão muitas vezes lições de dignidade que envergonham as pessoas de plástico que abundam....
e pela "industria" que lucra como se calhar nem com as armas....
Segundo: é importante não confundir o uso da cirurgia plástica por motivos exclusivamente estéticos da cirurgia plástica que pretende corrigir qualquer deformação (genética, por acidente...).
Terceiro:a auto-estima não deixa de ser o porta estandarte daquilo que pretendemos e queremos fazer.
O ir às compras faz bem à auto-estima, o viajar, ter carro e coisas que tais. Tornou-se tão corriqueira esta auto-estima e tão vazia de propósito.
Quer a cirurgia exclusivamente estética quer a cirurgia para corrigir qualquer deformação assentam na auto-estima.
Quarto: aqui estamos a falar na adolescência ou mesmo na pré-adolescência o que por si só nos remete para a instabilidade e fragilidade inerentes a estas idades.
Esse ser igual que a Cristina fala não deixa de representar uma geração que está cada vez mais inserida num contexto da imagem. A repetição de comportamentos leva à padronizarão do mesmo o que por si só nos remete para a erotização da imagem e no facilitismo de mudar aquilo que não está dentro dos padrões.
Quinto: o não gostar do corpo porque está em constante mudança, a dismorfobia ou o transexual mais novo do mundo - 14 anos (que há uns tempos a trás a Cristina falou) entre outras coisas, são possibilidades na adolescência.
O não gostar do corpo porque ainda não está formado é por si só um indicio que não se deve interferir. Se a rapariga do post tivesse esperado mais uns anitos só teria a ganhar com essa espera. Para além de não ter esperado teve muito azar com as complicações.
Sexto: não podemos nem devemos encarar estas situações com displicência nem acharmos que somos uns pais bué da cools e pra frente porque deixamos os meninos fazerem cirurgias por motivos exclusivamente estéticos.
A auto-estima destes jovens que recorrem a cirurgias destas tem um nome bem mais convincente: dinheiro.
Setimo: Nasci polidactil (6 dedos nas mãos e nos pés). Assim que os meus pais souberam dessa diferença tentaram saber qual o melhor cirurgião da europa e arredores que fosse indicado para a minha cirurgia. Isto há quase 42 anos. Pagaram a deslocação do supra-sumo do dito cirurgião, para ir a Londres operar-me em menos de 24 horas do meu nascimento. A auto-estima dos meus pais e respectiva filha (euzinha) foi resolvida com uma pipa de dinheiro.
mas repara bem que eu não falo de miudas que querem ser barbies, eu falo de miudas/os, em que um determinado pormenor menos elegante, ou menos estético, causa complexos de inferioridade. e muitas vezes violentos. é absolutamente necessario à formação da personalidade equilibrada passar por isso? ou tornam-se mais fortes por isso? pergunto..
pois, temos aqui varios conceitos e varias realidades muito diferentes.
bom, em relação à cirurgia exclusivamente estetica em adolescentes, digo exatamente a mesma coisa que disse em relação aos piercings "a adolescência, nem sempre comporta uma ideia madura sobre aquela que deve ser a imagem corporal definitiva e também, ou sobretudo, sobre os riscos que podem transformar uma alteração reversível numa deformação definitiva."
pronto. cautelas maximas. parece que estou a qui a defender coisas muito diferentes, não é nada disso...
agora, não entendo essa ideia de "ser igual" como uma coisa quase nova fruto de uma geração não sei quê....sempre foi assim Dalloway, desde sempre, uma criança tem horror ao diferente, ao "ser diferente dos outros", ao "porque é que eu tenho que ser diferente dos outros?". criança e adolescente odeiam sentir-se diferentes. em tudo.
quanto à sua experiencia, que bom não ter passado por ela. não ha melhor sentimento para uns pais, essa é que é essa...
beijinho
Cristina, eu não acho que esteja a defender coisas diferentes quando fala dos peircings.
Os meus pais são os melhores porque... são os meus :)
Um beijinho
é muito importante a auto estima ... seja em que idade for ...
mas num adolescente ou jovem ... certamente até será mais ...
beijinhos
como assim,tu???? uma giraça tão perfeitinha?? :D