Funeral Blues



ainda sobre o tema morte, pela beleza, deixo aqui Funeral Blues escrito por W.H. Auden (1907-1973), em 1936, que, como escreve Luciano Trigo no máquina de escrever, costuma ser citado como expressão exemplar de um forte sentimento de perda e de luto, individual ou coletivo. Representativo do controle extraordinário do verso e da habilidade na manipulação da métrica do autor...
Deixo também a tradução de Vasco Graça Moura, aquela de que gostei mais de entre todas as que pode encontrar no post.

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
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Parem já os relógios, corte-se o telefone,
dê-se um bom osso ao cão para que ele não rosne,
emudeçam pianos, com rufos abafados
transportem o caixão, venham enlutados.

Descrevam aviões em círculos no céu
a garatuja de um lamento: Ele Morreu.
no alvo colo das pombas ponham crepes de viúvas,
polícias-sinaleiros tinjam de preto as luvas.

Era-me Norte e Sul, Leste e Oeste, o emprego
dos dias da semana, Domingo de sossego,
meio-dia, meia-noite, era-me voz, canção;
julguei o amor pra sempre: mas não tinha razão.

Não quero agora estrelas: vão todos lá para fora;
enevoe-se a lua e vá-se o sol agora;
esvaziem-se os mares e varra-se a floresta.
Nada mais vale a pena agora do que resta.

(tradução de Vasco Graça Moura)

Comentários

Anónimo disse…
Interessante momento este...as fotos o seu texto e a escolha deste poema que conheço no original de trás para a frente (não fosse eu british).

Depois deste momento apetece-me ouvir uma música em especial - vamos lá saber porquê...
...está na grafonola Patricia Barber a cantar "bye bye blackbird"
Cristina disse…
dalloway

confesso que também gostei muito deste momento. lembrei-me de de si, e sabia que a minha amiga também havia de gostar

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