e mais outro dia da osteoporose
A osteoporose é uma doença óssea metabólica que resulta da carência de cálcio nos ossos. Ocorre uma redução da quantidade de osso (massa óssea) e, portanto, há deterioração da sua qualidade. Estes ficam cada vez mais porosos e, após alguns anos, estão suficientemente frágeis para se fracturarem com facilidade.
Já se conhecem os factores de risco, como a raça branca, baixa ingestão de cálcio, sedentarismo, menopausa normal sem reposição hormonal, menopausa cirúrgica sem reposição hormonal, e vários outros factores que caracterizam cada pessoa individualmente.
Qualquer que seja a causa,
existe a ideia de que para prevenir a osteoporose é preciso tomar cálcio. Será assim?
Breve nota:
Até aproximadamente aos 30 anos de idade a quantidade de osso reabsorvido e reposto é igual. A partir daí, inicia-se um lento balanço negativo que vai provocar, uma discreta perda de massa óssea. Inicia-se, portanto, um lento processo de perda de de osso relacionada com a idade - osteoporose senil - no qual, ao longo da vida, as mulheres perderão cerca de 35% de osso cortical (fémur, por exemplo) e 50% de osso trabecular (vértebras), enquanto os homens perderão 2/3 desta quantidade.
Além desta fase lenta de perda de massa óssea, as mulheres têm um período transitório de perda rápida de osso no qual a queda de estrogenos circulantes, que ocorre desde a pré-menopausa, desempenha papel importante. O período transitório de perda rápida pode manter -se por 4 a 8 anos, nos quais a perda óssea chega até a 2% ao ano. Também a resposta à queda estrogénica é mais intensa, havendo grande aceleração de perda ósseo que pode chegar a 5 a 10% de massa óssea ao ano em 40% das mulheres - osteoporose da pós-menopausa.
Existem portanto dois padrões distintos de alterações no funcionamento das unidades de remodelação que levarão à osteoporose. Um é lento dependente da idade e independente do sexo - osteoporose senil - e outro que ocorre com a queda de estrogenos e é característico da mulher.
De um modo geral, o aumento da população idosa apresenta repercussões mundiais e a osteoporose insere-se neste contexto como doença que conduz a um aumento da fragilidade esquelética e do risco de fracturas
Como se trata?
Excluindo o grande grupo da terapêutica hormonal de substituição, demasiado longo e de aplicação exclusivamente clínica, como prevenir a osteoporose, uma doença associada a grande morbilidade e alguma mortalidade? (as fracturas de colo de fémur podem ser fatais se não operadas atempadamente, alem da extrema dependência que provocam)
As necessidades diárias de cálcio estimam-se em cerca de 1000 a 1200mg por dia.
Pode haver suplementação alimentar, principalmente em idosos, tendo em atenção que um copo grande de leite, um copo de yogurt ou um pedaço grosso de queijo têm 300 mg de cálcio. Existem ainda variadíssimos suplementos à venda sem necessidade de receita médica e sem grandes perigos de utilização. Mas...chega? não. Primeiro, é necessário estimular a absorção pelo intestino. Depois, a sua absorção pelo próprio osso.
Como se aumenta a absorção intestinal? A vitamina D produzida no corpo pela exposição ao sol é parceira necessária, e suficiente, na maioria dos casos, da absorção de cálcio (nos países com muito sol é raro haver raquitismo). Quando o deficit já é grande, ou a exposição solar quase não é adequada, justifica-se usar simultaneamente vitamina D que, nos idosos, é indispensável para aumentar a absorção intestinal de cálcio e estimular a absorção óssea. Recomenda-se o uso de um complexo multivitamínico que contenha 200-400 U.I. de vitamina D.
Note, a vit D é tóxica quando usada indiscriminadamente pelo que deve ser usada com conhecimento médico.
Finalmente, um exemplo: se tivermos um doente acamado que toma cálcio e Vit D ele aumenta a massa óssea? não. E porquê? Porque, o maior estimulante para que o osso capte cálcio, é o stress ósseo. Ou seja, para uma boa calcificação é a carga que se exerce sobre o osso, e daí as crianças com actividade normal, com alimentação normal e com sol, não necessitarem de quaisquer suplementos.
Sendo assim, compreende-se que os exercícios físicos que utilizam o próprio peso corporal como resistência e os exercícios de força muscular, promovem uma maior fixação de cálcio nos ossos. Além de aumentar a calcificação, contribuem para o desenvolvimento da resistência de força muscular, aumentam ainda a endurance muscular, o equilíbrio e a flexibilidade, com consequente diminuição da incidência de quedas, fracturas e demais complicações.
É portanto possível traçar um programa direccionado para a manutenção e/ou melhoria da massa óssea que pode ir desde a caminhada passando pela hidroginástica, a ginástica localizada e a própria musculação.
O melhor exercício parece ser o treino contra resistência (como musculação adaptada à idade), exercícios aeróbicos e alongamento para melhorar a flexibilidade. Exercícios com peso, por exemplo, são óptimos estimulantes da calcificação. Repare-se, muito melhor do que, por exemplo, a hidroginastica que tem melhor acção na dificuldade de mobilização, na dor, ou na espasticidade, quando o relaxamento e a baixa resistência ao exercício são importantes. Na estimulação da calcificação, pelo contrario, o exercício contra resistência é importante. A caminhada é também um excelente exemplo. Tal como qualquer outra actividade em que seja usado o peso do corpo e a força muscular. Até porque, um músculo forte é um dos melhores "guardas" do osso.
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Espero ter ajudado. Propositadamente, também não me dirigi por outros tipos de terapêuticas e drogas que já obrigam a controlo médico mais específico. Para já, e para o espaço de um post, o importante são as atitudes mais simples mesmo que impliquem algum esforço.
Como dizia Pablo Neruda, " Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço maior que o simples respirar..."
Comentários
informação sempre, não nos deixando levar por preocupações excessivas
Boa semana
E chatos como o caraças estes gajos dos ossos.
Tino.