"Depois dos médicos colombianos, vêm aí médicos cubanos". lê-se.






e podem começar a contactar os outros países da América Latina a África até ao Botsuana, que também deve ter médicos óptimos e a precisar de trabalhar..

Isto porque.....ou me engano muito, ou os que restam nos hospitais e centros de saúde não faltará muito para começarem a saltar para as privadas (aliás, dos que trabalham directamente comigo, pertencentes ao quadro do hospital, dois já o anunciaram). Vão para clínicas, hospitais, empresas, etc, que oferecem o mesmo tipo de contrato, por muito mais. Porquê? Fácil: viram os seus salários reduzidos a metade. Vêem-se cada vez a ter que tapar mais buracos por menos dinheiro. Vêem-se cada vez com mais responsabilidade e mais risco, principalmente nos serviços de urgência, e com menor protecção e reconhecimento. Conclusão: estão no Estado a fazer o quê?

Esta realidade, arrasta outra, a das empresas que vendem serviços de saúde, seja medicina, enfermagem, o que for necessário. Os hospitais acabam por ficar sem gente suficiente para assegurar o seu próprio serviço, nomeadamente nas urgências. São obrigados a recorrer às empresas fornecedoras de médicos. A esses sim, vão pagar bem. De onde vêm esses? Dos outros hospitais onde viram acontecer exactamente o mesmo.

Quem perde?? Os doentes, sempre. Não se enganem. É um ciclo que não acabará nunca por uma razão simples: os médicos podem sempre abandonar o Estado. Mas os doentes precisarão sempre de um médico onde quer que ele esteja.

Comentários

Pêndulo disse…
Olha que num hospital privado já fui atendido por um brasileiro e a meio da consulta foi lá uma brasileira perguntar algo ao colega,
Pêndulo disse…
E não entendes o que está a contecer ? Primeiro fazem-se fugir do Público, indo trabalhar "a metro" para o privado. Depois, daqui a uns tempos, quando estiver destruída e reduzida ao mínimo a rede pública, serão as grandes empresas privadas a impor preços e a contratar colombianos, brasileiros etc. com fartura. Entretanto os que sairam do público deixam de lá poder regressar por já quase nada existir e...baixam as calcinhas e sujeitam-se aos mesmos valores, ou mais baixos, de que fugiram agora e já sem qualquer segurança.
Cristina disse…
P


eu trabalho há 22 anos e não é bem assim.
os que saem do publico, raramente voltam. porquê? porque os privados oferecem logo à entrada, contrato definitivo e pagam melhor.

os imigrantes não fazem a diferença. é uma população flutuante e se uns se adaptam bem, outros nem por isso. principalmente na provincia. vêm , e voltam. se o país entrar em recessão, pior. nenhum país afundado atrai estrangeiros.

o meu hospital é o hospital que tem maior numero de imigrantes mas os mais estáveis são sempre os portugueses. e depois, enquanto em enfermagem já há malta de cá aflita com falta de emprego, por causa das multiplas escolas, em relação aos medicos, cada vez somos menos. os enormes cursos do pos 25 de abril imediato, está todo a reformar-se e a sair.

portanto, a situação dos medicos portugueses é pouco menos que dramatica. além disso, os empregadores, se tiverem um portugues, que conhece o pais e a população, não empregam um estrangeiro que não sabe como se "vai portar".

perante isto, esse cenario que apresentas afigura-se muito improvavel...
Pêndulo disse…
Oxalá esteja mesmo enganado.
Eu estranhei ser atendido por um brasileiro e ver também uma brasileira num hospital privado. Não se corre o risco de a tal população flutuante ser uma maré constante? Não estou a falar no imediato, falo num prazo de uns dez anos, com mais liberalização de circulação, menores indemnizações em caso de despedimento. Não poderemos ter uma medicina de imigrantes para os mais pobres ?
Saberás melhor que eu, aliás, sabes melhor e se o dizes acredito, porém fico com algum receio.
Porque é que há Hospitais equipados e fechados? Dizem-nos que é porque os médicos não querem sair das grandes cidades....
Pelo que me apercebo os médicos estrangeiros fogem de péssimas condições de trabalho e aceitam as condições que nós lhes damos o que nos pode fazer pensar quais eram as condições deles para gostarem das nossas????
Também li que não estão a tirar o lugar aos nossos...
Nós, que não somos médicos, ficamos sem perceber de que lado está a razão....
Anónimo disse…
Eventualmente, será uma mistura de tudo isso...
Quem, estando em Lisboa, gostaria de ser enviado para Freixo-de-Espada-à-Cinta sem lhe serem oferecidas benesses compensatórias?
Quem, ganhando 10, não se mudará para o vizinho do lado, a troco de 20?
O pior de tudo isso é que quem sofre na pele toda a incapacidade de gestão do sistema é sempre o Zé Povinho...
Anónimo disse…
Concordo com o Pêndulo. O capitalismo vive de ciclos longos. Pode já não ser para os tempos da Cristina, mas quando o sns for desmantelado, as coisas no "privado" também vão mudar. É pôr os olhinhos no quer se passa nas carreiras de enfermagem. Aliás, tenho para mim que não foi coincidência a entrada dos privados na saúde e a abertura de vagas de medicina em massa nas faculdades portuguesas. Era um negócio que nunca ia dar se não se baixassem os custos da mão de obra. Neste momento formam-se uns 2 mil médicos por ano (1500 cá, mais uns 500 no estrangeiro - espanha, rep. checa...). É fazer as contas.

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