varizes, mais do que estético, um problema de saúde
Estamos na época do calor e, se para uns este facto constitui motivo de descanso convertido em longos dias deitados ao sol, para outros, nomeadamente aqueles que sofrem de insuficiência venosa dos membros inferiores objectivada através de dilatações venosas a que chamamos varizes, para esses, os dias de calor podem ser verdadeiros suplícios além das consequências para a saúde. As varizes são um problema crónico, com tendência hereditária, e que depois de instaladas são motivo de sofrimento, quer pelo desconforto, quer pela repercussão estética, ou mesmo, pela necessidade de tratamentos periódicos mais ou menos perturbadores da rotina diária. Não há uma cura, há um controlo da situação. Posto isto, torna-se obvia a necessidade de evitar o problema e existem, de facto, algumas medidas preventivas que podem ser utilizadas pelas pessoas com tendência familiar ou com actividades que favoreçam o seu aparecimento.
Em primeiro lugar, o que são varizes?
Varizes são dilatações das veias, principalmente das pernas e coxas, que, em consequência dessa dilatação se tornam tortuosas provocando saliências na pele sob a forma de nódulos . Podem apresentar-se de diversas formas:
1- Filiformes e avermelhadas, chamadas telangiectasias (vulgo derrames).
2- Um pouco maiores e azuladas mas sem fazer saliência na pele, conferindo-lhe um aspecto tipo mapa – varizes de médio calibre.
3- Nódulos volumosos, grossos e azulados, que ultrapassam o plano da pele – varizes de grosso calibre.
Normalmente, acometem mais as mulheres devido à influência das hormonas femininas e ao facto de terem menor massa muscular que os homens. A hereditariedade é também um factor importante na perturbação do refluxo venoso – se os pais ou familiares têm varizes, teremos uma probabilidade maior de as desenvolver. As pessoas obesas ou que tiveram várias gravidezes estão particularmente susceptíveis ao problema porque o excesso de peso dificulta a tarefa das veias; ou seja, quanto maior o volume da região abdominal, maior a obstrução ao fluxo venoso de retorno dos membros inferiores até ao coração.
Quais os sintomas característicos?
Os doentes podem experimentar um ou mais destes sintomas:
Dor; Cãibras; Sensação de peso; Cansaço; Formigueiro; Inchaço.
Alguns destes sintomas podem evoluir para complicações mais graves, incluindo:
inflamação (flebite); Formação de trombos (trombose venosa profunda);
Úlceras da perna com hemorragia.
Assim sendo, quais os factores mais importantes na prevenção?
Controlo adequado do peso. As pessoas obesas têm maior probabilidade de desenvolver varizes e/ou piorar as que já existem, tornando-as mais volumosas por aumento da tensão intra vascular, sendo que, complicação mais grave das varizes é, como se disse, o seu rebentamento, formando aquilo a que se chama vulgarmente ulcera varicosa. O controlo do peso é, portanto, fundamental na integridade dos vasos e na circulação sanguínea dos membros inferiores.
Evitar ficar por muito tempo na posição em pé ou sentada. Em qualquer destas posições existe maior dificuldade na circulação venosa de retorno dos membros inferiores e é justamente esta pressão aumentada dentro das veias, de forma continuada, que as faz dilatar. Em movimento, pelo contrário, os músculos funcionam como um coração periférico impulsionando o sangue para cima, evitando essa estase ou sobrecarga de sangue. Quando por motivos profissionais ou sociais for necessário ficar muito tempo parado, sentado, ou em pé, uma boa forma de o evitar é fazer movimentos periódicos de dorso-flexão como se carregássemos num acelerador varias vezes, ou, aproveitando um degrau, colocar a ponta dos dois pés no bordo do degrau e elevar o corpo repetidamente. Este movimento facilita o retorno venoso e a circulação dos membros inferiores por acção da contracção muscular.
Nas circunstâncias anteriormente descritas (permanecer muitas horas parado de pé ou sentado), e não havendo alternativa, é fortemente recomendável que se contrarie a necessidade persistente de posturas inadequadas com exercício físico diário, sendo que, o mais adequado é a caminhada, a corrida ou a natação, ou, de uma forma geral, o exercício aeróbico. Exercícios de alto impacto como levantamento de pesos podem agravar o problema. Faça pausas e repouse, sempre que possível, com as pernas elevadas. Se permanece sentado muito tempo, coloque um pequeno degrau por baixo dos pés para que as pernas façam ângulos de noventa graus. Não cruze as pernas.
Além do exercício, existindo uma forte tendência para a formação de varizes, o principal meio preventivo é, e sem dúvida, o uso de meias elásticas.
As meias elásticas agem desviando o sangue das veias superficiais, onde as varizes se formam, para as veias profundas (onde não existem varizes) facilitando assim a circulação do sangue no sentido ascendente. Devem ser usadas sempre que se preveja uma permanência de pé por várias horas e, principalmente, durante o tempo quente. Pelo Contrário, o uso de cintas elásticas gera tensão extra sobre os vasos periféricos das pernas, dificultando o retorno venoso o que pode aumentar a dilatação das veias ou o seu agravamento, caso o quadro já esteja instalado. O ideal é que, modo geral, peças que apertem fortemente as pernas ou as ancas, sejam evitadas.
Evitar a exposição a temperaturas altas por tempo prolongado, como saunas, banhos quentes e demorados, praia, sol directo nos horários de maior calor e sessões de bronzeamento. O calor favorece a dilatação das veias mais superficiais, permitindo a passagem de uma maior quantidade de sangue à superfície da pele, o que, com a continuação, torna essas veias habitualmente invisíveis, em vasos dilatados perfeitamente identificáveis e inestéticos.
Se for à praia, qual a atitude mais correcta? Se sentir as pernas quentes, deve entrar na água a cada 15 ou 20 minutos uma vez que o frio provoca contracção venosa melhorando a circulação. Esta prática, ou seja, passeios à beira da água fria ou mesmo duches de água fria em casa, é aconselhada também para pessoas já com varizes instaladas.
Evitar o uso de salto alto: o salto alto faz com que a musculatura da perna fique permanentemente contraída, perdendo o movimento rítmico, o que dificulta, também, a circulação venosa.
Evitar o uso da pílula se tiver problemas circulatórios, uma vez que as hormonas femininas tendem a provocar retenção de líquidos e a aumentar a pressão intravenosa e consequente inchaço e dilatação.
Concluindo, varizes dos membros inferiores são um problema efectivo de grande parte da população. Cerca de metade dos portugueses acima dos 50 anos e cerca de dois terços das mulheres com mais de 60 anos tem problemas relacionados com má circulação. Garantidamente, a melhor maneira de lidar com o problema é, sem dúvida, não fazer parte desta lista.
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